Era só o tempo frio e cinza que me fez cinza e fria também.
Eu não ousarei uma vez mais repetir que sou essencialmente melancólica, que o cinza é intrinseco a mim. Depois de um pouco de reflexão, vi a bobagem que fui capaz de pronunciar.
Quem teve depressão não sente saudade, não. Só quem teve depressão vê a bobagem que é viver com peso; a bobagem que é glorificar o cinza, o obscuro, a morte e o Lord Byron; a perda de tempo que é não valorizar a sensação de sentir o sol e o vento no rosto, a beleza do mar, o enigma de um céu estrelado.
O maior erro que pude cometer foi confundir profundidade com peso. Na falta de uma referência, me perdi no equívoco de asseverar que o culto, o profundo, é invariavelmente um ser pesado e triste. Não caiam nessa armadilha...faço questão de alertar a quem quiser me ouvir! Inteligência, como já afirmei por meio deste antes, é ser feliz. É saber que o mundo não é fácil, não; é não ser alienado. Mas é saber disso e mesmo assim sorrir, valorizar, dançar, beijar, abraçar, pular, se permitir. Isso sim que é profundo!
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