Leila Diniz nasceu em 1945 e balançou todos os estereótipos morais vigentes. Ela nunca se casou oficialmente, desfilou na beira da praia com um barrigão de grávida e tinha atitudes ousadas (como pedir cachaça no balcão do bar), tornando-se o maior símbolo da revolução sexual no Brasil nos 60’s. Imortalizada na voz de Rita Lee, o verso “Toda Mulher é meio Leila Diniz” bem como uma reportagem muito interessante que li no jornal local me incitaram reflexões nesta semana da mulher.
A tradição milenar arraigada no inconsciente coletivo é de mulheres cuja maior aspiração de vida consiste no casamento, nas lidas domésticas e nos filhos gordinhos, saudáveis e rosados. Há 40 anos, desde o surgimento da pílula anticoncepcional, a situação paulatinamente se modifica. O sexo agora pode ser por prazer e pode ser antes do casamento; a mulher migrou para o mercado de trabalho, ganhando seu próprio dinheiro.
Mas será que estamos chegando perto de ser meio Leila Diniz? Me parece que não. Acumulando tantos afazeres, e mulher sente-se na obrigação de ser perfeita e bem sucedida em tudo: na educação dos filhos, no casamento, no trabalho - bem como de manter uma maquiagem, um cabelo e um corpo impecáveis (sem estrias e tampouco celulite, é claro). Isso tudo sobre um salto de 10cm e sem perder a pose.
A pergunta é: será que isso é ser livre e independente? Leila Diniz, dizem os amigos que deixou (aos 27 anos, devido a um acidente de avião), não se preocupava em seguir padrões e tampouco em ser “diferente e revolucionária”. Ela era simplesmente Leila. Desfilou o barriga nas areias de Ipanema tão somente porque o médico disse que sol era bom para o bebê.
Como podemos nos obrigar a ser perfeitas em tarefas que foram ocupadas milenarmente pelo sexo oposto? Tentamos ser espetaculares em tudo, do escritório à cozinha, do quarto do marido ao quarto do bebê, como se ainda tivéssemos que provar nosso valor, como se tivessemos que provar pra não-sei-quem que somos perfeitas e indispensáveis. Por favor, vamos tentar viver com menos culpa. Ser livre não é ser perfeita em tudo. Sejamos mais espontâneas, reiventando nosso jeito de viver nessa nova sociedade de novas mentalidades, mas que ainda é deveras recente.
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