No meio de uma aula de direito comercial, os ipês amarelos que rodeiam minha faculdade refletem-se na tela do meu notebook. A voz do professor medíocre ecoa como uma trilha sonora de mau gosto. Os pensamentos voam, fazem escala nos meus sonhos adormecidos, nos meus amores latentes, nos meus medos tão arraigados nas minhas entranhas quanto as raízes do ipê amarelo o são na terra. “Quem pode recorrer? O credor, o Ministério Público...”. O amor descompassado não tem mais o cheiro de cerejeira que tinha antes, e nem Florentino Ariza me parece mais tão atraente quanto era. ‘O amor não vem num pacotinho, ele se constrói, a cada dia’. ‘A coragem do amor que dura’. ‘ Quero a sorte de um amor tranquilo’. O coração dispara. ’22 anos na cara, vai te virar’. ‘Tu tem que ganhar dinheiro’. ‘Tem que matar um leão por dia, teus olhos não vai brilhar todo dia’. Arritmia cardíaca, medo, crise de ansiedade, sintomatologia depressiva. Projetei minhas verdades num ideal que eu não tenho coragem de ser. Não, não é coragem, não é força... nem sempre. Ideais são ideais, vida real é vida real. Consolidei minhas convicções e princípios numa verdade em desconstrução. É tão mais fácil estar à margem. Novação dos créditos, que?
Um comentário:
Nossa, nunca vi e estou certa de que nunca verei tanta inspiração em uma aula de direito comercial! O jeito que tu escreve parece um "riachinho" fluindo...
"Ideais são ideais, vida real é vida real" --> "O homem não teria alcançado o possível se inúmeras vezes não tivesse tentado atingir o impossível"
Os ideais sempre vão ser a nossa inspiração, mas nada além disso. Fato.
Beijos, florzita! Adoro-te!
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