14.2.11

os narcisos desabrocham à noite

- Carol, eis o que uma parte de mim pensa (não posso te dar a certeza do todo, pois o todo se contradiz e é traiçoeiro, não posso confiar no meu todo. ele mente e me trai, e usa constantemente de subterfúgios. mas um pedaço de mim, nesse instante e talvez não mais no próximo, tem isso a te dizer):

A noite é um vicio da vaidade. Fotógrafos, elogios, bajulações, olhares, paqueras. Babação de ovo. É um vício por intensidade e um vício por se sentir lindo e glamouroso numa luz baixa e colorida e psicodélica com trilha sonora e regado a combos duplos e cervejas.

É o vício por um paraíso em que se tem poucos minutos pra se mostrar para alguém e, por isso, nada se mostra (ao passo que tudo se projeta).

Não dá tempo de deixar transparecer suas fraquezas, seus defeitos, sua sobriedade doentia. Não dá tempo de sucederem silêncios constrangedores, e se existirem situações embaraçosas, elas nunca serão um problema, afinal estão todos entorpecidos e a música forte e de batida aloprada prevalece sobre qualquer bobagem dita.

Mas como diz minha irmã, tudo em uma festa é feito para durar pouco. Assim como ela dura algumas horas, o seu pedestal de rei nu também dura algumas horas, bem como suas amizades e suas paixões. Eles ficam lá, em uma vaga e surreal lembrança.

E quando as luzes se acendem? Você tem que lidar com seu eu sóbrio, sem os recursos e artifícios de uma trilha sonora constante, sem a sua melhor vestimenta, sem a anestesia do álcool. Com seus medos e fraquezas. Você tem q lidar com você mesmo, você e suas próprias armas, sem efeitos especiais.

E você quase não suporta ficar sozinho. Precisa se diluir na 'galera' e sentir que é alguma coisa. Até o próximo fim de semana você estará vampirizado e desgastado e murcho, e não perde por esperar pela próxima festa... Over and over again.

Ainda faltam 4 dias para o fim de semana.

Não faço idéia de como distrairei minha vaidade até que sexta-feira chegue.

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