26.2.08

A half Elis

Elis subsistia. Chegava em casa cansada do dia, ligava o rádio para sentir-se menos sozinha, olhava melancólica para o balançar das árvores e isso a fazia lembrar que ela vivia. O telefone tocava e, como sempre, ela ignorava. Pegava um livro na mão, lia duas páginas e desistia dele. Ligava o computador, entrava em um ou dois sites e depois enjoava. Via programas de tv (não até o final, claro). E essa sensação de “pela metade” imperava em sua vida. Era uma sensação triste, que ela sabia que tinha como reverter mas sabia também que não contribuía muito para isso. Talvez fosse a sua sina. Ela não se sentia merecedora de fazer parte do todo. É como se ela ameaçasse o equilíbrio das coisas. Ela não fazia parte do mesmo mundo do vento que balançava as árvores, dos artistas de tevê e das pessoas à sua volta. Talvez pertencesse mais ao mundo dos personagens dos livros: são mágicos, belos, intensos; mas não pulam pra fora de suas páginas. Lá estão presos pelos seu criador, à mercê de sua vontade. Elis era presa pelos olhos bitoladores dela mesma, escrava de seus próprios parágrafos. Assim ela era, cruel com ela mesma e com os outros. Tinha medo de compartilhar a melodia de seus versos.

18.2.08

Maldição de Cassandra

Estava hoje conversando com minha terapeuta sobre uma situação muito chata pela qual estou passando, e ela me apresentou uma história muito interessante: o mito da Maldição de Cassandra.

Resumidamente: Cassandra era devota e servidora do deus Apolo, tendo ele lhe ensinado o dom da clarividência e os segredos da profecia. Ela cresceu e se tornou uma jovem de impressionante beleza, o que fez Apolo se apaixonar por ela. Uma vez tendo ela renegado seu amor e se negado a dormir com ele, este, por vingança, lançou uma maldição na mulher: fez com que ela perdesse total credibilidade e poder de persuasão, para que ninguém viesse a acreditar em suas profecias e em quaisquer coisas que dissesse. Assim, todos chamavam Cassandra de louca a cada palavra que ela dizia. Para os outros, ela era uma pirada que só falava abobrinhas e inverdades.

Tem gente que nos faz sentir Cassandra. Devemos nos afastar dessas pessoas, pois nos fazem muito mal. Em geral são pessoas inteligentes, e fazem um jogo tal com a nossa cabeça que parece que só falamos absurdos, somos loucos e temos mania de perseguição. A tecla é tão tocada que acabamos acreditando em tudo isso, acreditamos que somos loucos e só falamos merdas inverídicas. Não caiam nessa armadilha. Fujam de pessoas assim, ou irão parar no divã, como eu!

17.2.08

Um papo franco com meu eu-lírico

Eaí, como vai você, meu eu-lírico? Faz tempo que não nos comunicamos. Até que abri algumas vezes o Word Pad, em tentativas malogradas.
Mas creio que converso melhor com você não diretamente, pois não consigo mais nem sequer escrever coerentemente, mas sim através da leitura... a sábia leitura de bons livros, de bons autores, como O Amor nos Tempos de Cólera, do magnificente Gabriel Gárcia Márquez. Noussa, que texto lindo, esse homem consegue colocar poesia e rima em cada bendito parágrafo que escreve, parece "inspirado pelo Espírito Santo" (como ele mesmo escreve, em alusão ao sentimental Florentino Ariza e suas inflamáveis cartas de amor).

Sabe, eu ia falar sobre política agora, mas não tou no clima nem um pouco. Depois ia escrever sobre Direito, sobre a faculdade, mas também não me apeteceu. Não me encontro nos melhores dias, de fato, então vou esvaindo minha mágoa nas poucas goteiras que tenho, como a literatura e a música.

Eu tive uma agradável descoberta nesses dias tediosos em que estou morando sozinha, e essa descoberta atende pelo nome de Lily Allen. Sim, ela mesma! Já pensei odiá-la, tendo-a quase como um ser repugnante, uma riquinha escandalosa, mas, qual!, descobri que a guria faz boa música. Não me refiro ao hit "Smile" e muito menos ao "Ldn" (que música chata, faça-me o favor), mas sim a umas outras que andei cavando aí, como "Friday Night" e "Shame". Sem contar a última nova dela, "Alfie", ambos música e clipe são demais! Tô adorando essa Lily Allen, mesmo sabendo que ela é uma riquinha chata e que está apresentando um programa na BBC cuja maior atração é ela introduzindo completamente a mão naquela boca suja dela. Mesmo assim, Lily, tu é a minha musa! haha.

Abaixo o clipe de "Smile", que como eu disse não gosto muito mas tá dando um gostinho de assistir nesses últimos dias...

11.2.08

Morando sozinha!

Eis aqui... as aventuras de uma patricinha se virando sozinha em casa!Não diria uma patricinha, mas uma guria que sempre morou com os pais e teve empregada pra fazer comida. Eu posso já ter passado por muitas coisas na vida, mas por essa experiência, jaméé! E o que torna as coisas mais difíceis ainda é que quase toda minha família está no exterior. O engraçado é que quando falam em "morar sozinho" passam mil coisas esdrúxulas pela nossa cabeça, tipo: vou fazer uma festa e chamar o povo! vou quebrar tudo! vou encher a cara com os meus amigos sem minha mãe encher o saco! ...Mas na real a gente acaba não fazendo nem metade desses planos espetaculosos. Eu por exemplo ando mais caseira do que nunca, fico o dia todo em casa lendo, vendo TV, no computador...É um tédio, mas é a sina de quem resolve passar as férias sozinha na cidade, especialmente em uma cidade que não tem praia.
Outra coisa curiosa... nesse país, o ano só começa depois do carnaval! É incrível... Portanto, feliz 2008 a todos! O que se fez antes e/ou durante o carnaval, é coisa do passado, no worries! Agora é hora de organizar a cuca e se mexer pra estudar e colocar dinheiro na poupança.