21.12.11

Um pouco de lucidez

"No fundo, as cristalizações microfascistas vão sendo substituídas por outras, e tem sido natural que um operário tenha que ter a obrigação de agradecer todos os dias porque tem um emprego com salário mínimo porque ainda há muito trabalho escravo no mundo.
Uma desgraça menos pior que a outra, essa tem sido a ética revolucionária de hoje!"

Excerto de texto bastante lúcido e sensato publicado no Eterno Retorno.

19.12.11

"O que em mim sente está lembrando"

Mais um texto que não é meu. Me perdoem. Mas achei tão lindo.
É de uma moça chamada Ana Elisa Ribeiro, colunista do Digestivo Cultural.

"Fernando Pessoa, aquele poeta português que era muitos, anda me soprando umas ideias. Não sei se o que em mim pensa agora está sentindo. Ou se o que em mim sente não consegue pensar. Ou se o que em mim lembra atravanca meu pensamento. Se minha correção é resultado de meus sentimentos ou de meus pensamentos. Se o que me parece lembrança é, na verdade, sonho. Se o que me parece memória é, de fato, invenção. Estou sem saber se posso pensar direito com estas lembranças.

Em um mês uma vida inteira se passou. Em cinco dias ou pouco mais o trecho inédito de uma história passou ininterrupto, mas aguardando a cena final. Ninguém sabia como ela seria, à maneira dos últimos capítulos de novela. Não havia um mistério a desvendar ou um assassino a revelar. A qualquer momento, qualquer um de nós dois poderia habitar o cadafalso. Uns dias, uns meses, uns anos. Impossível saber o calendário dessa história, assim como de qualquer outra. No entanto, esta parecia ainda mais provisória. Daí um conflito doloroso entre deixar-se levar (e viver, como ensinam alguns, ou curtir, como ensinam outros) e o cortar o mal pela raiz (como alegam os mais prudentes e os medrosos).

Acertando contas com o passado, uma experiência dessas bem inteiras, que vêm com respiração própria e trilha sonora envolvente, aconteceu nos espaços que eu habito. De repente, todos os cantos da casa, do terreiro e da minha vida foram tomados por uma presença comedida. Não era um assalto, desses que provocam sustos. Era um alagamento. O espaço era tomado por algo líquido, que se apropriava de cada fresta, canto, aresta e se impregnava no ar. E música complica tudo.

Qual experiência com música pode ser facilmente apagada? Daqui a cinquenta anos, quando eu ouvir isto ou aquilo, seja lá em que dispostivo for, testarei de novo aqueles dias de vida e de respiração compartilhada. Dezenas de anos à frente e estas memórias ainda estarão vivas. Memória vive de diversos acionamentos. A música é, certamente, um deles.
Em alguns dias, começo, meio e fim. Não nesta ordem e nem com esta simpatia. Tudo o mais parava lá fora. Dentro do carro só havia duas pessoas no mundo. E que me perdoem as demais pessoas importantes deste planeta breve em que eu circulo.
E era no abraço ou no beijo que eu mais experimentava a sensação de desapego que existe. Ou a sensação de arrebatamento. E não era um vento forte que soprava minha saia. Não era um ataque com torque. Era uma sensação flutuante. Um voo de planador. Sem motor, sem explosão, sem tranco. Era no abraço ou no beijo que as coisas se entorpeciam todas. O som da cidade e mesmo a música iam sumindo, sumindo, se apagando até sobrar só coração e respiração. Não sei de quem. Dentro da boca só há troca.

Em cinco ou seis dias todo o repertório standard do jazz voltou à minha sala. Todas as vontades de ser o que eu não fui vieram dançar para mim. Todos os projetos de futuro se alinharam à minha frente. Todos os sonhos se misturaram com as horas acordada. Todas as promessas pareciam confiáveis. Todos os cheiros tinham a mesma fonte. Todos os arrependimentos fizeram fila. Não havia cobertas e nem janelas fechadas porque nós produzíamos nosso calor.

Disposta a aceitar, a confiar e a mover mundos & fundos, descobri, fartamente, que eu ainda podia sentir coisas que eu pensava mortas. E talvez tenha sido essa descoberta o elemento disparador do final da história. Agora que você já sabe, podemos voltar à programação normal. Com um problema: a música.

A música me fará lembrar, sempre, mas não fará reviver. Experimentar para não conseguir mais a mesma sensação de toque. Tortura? O que é isto de ter a imagem e não ter a sensação? Memória rebelde. Não quero lembrar, mas não adianta. Memória cínica. Memória sádica. Não há como trancá-la. E ela me desafia. Veja só como está arranhado este CD. Por que certas imagens se repetem tanto? E por que não certos episódios? Só replay? É o que eu sei, mas não o que eu posso.
E de repente o despertador toca. Na forma de uma carta, um chat, um telefonema ou um pombo-correio. Do jeito que for. Alguém resolve ser realista. Vamos lá? Isto não pode dar certo. Vamos então assistir ao filme do Woody Allen. Quem sabe ele nos inspira? Mas não. Melhor transformar isto num episódio feliz. Como você classifica? Maravilhoso. Tem, mas acabou. Vamos nos colocar no álbum de retratos. Vamos narrar isto como um intervalo lindo entre um romance e outro. Vamos. Seu surf, sua guitarra, seu cabelo, sua idade, seu jeito de se mexer, seu cheiro, sua roupa, sua descrição de personagem de ficção. Ninguém vai acreditar que isto existiu. Talvez nem eu.

Mas os efeitos da sua passagem são notáveis. Na composição do meu prato ou no cabide vazio estão os rastros da sua presença. No CD que toca ainda no carro ou na toalha usada estão resquícios, resíduos, menos do que provas. E a música complica tudo. Elas são as mesmas. Eu é que não as posso ouvir mais sem experimentar um arrebatamento. Não aquele dos abraços ou dos beijos, mas aquele de quando a lembrança me atravessa, dos cabelos às unhas. É isto: quando a memória é o avesso do destino."

14.12.11

Hoje eu fiz a última prova da faculdade.

Esse post não é nem um pouco bonito ou estilisticamente agradável. Mas. Eu preciso registrar momentos como esse pra me lembrar. Pra me lembrar que eu não estou sempre no controle, que a vida me supreende, que eu mesmo me surpreendo. Que o esforço da frutos. Que as relações humanas dão frutos.

Fui desmentida.
Minha onisciência foi abalada.

De certa forma, ter certeza que eu falharei e de que tudo será sempre a mesma merda é, in a strange way, estar em um local seguro. Acolhido pela previsibilidade, pela segurança.
Me recolher no meu quarto escuro, esperar só pelo pior e ter a certeza que eu sempre falharei é uma artimanha muito recorrente da minha parte. A segurança me dá a sensação de onisciência e de controle.

Agora to tonta em meio a tantas sensações. Elas passam tão rápido, correndo por mim, que eu não consigo identificá-las. Sei que existe um misto de satisfação, medo, felicidade, ansiedade. Uma sensação de exposição. Uma sensação de que o que me espera pela frente é um cheque em branco e cabe a mim fazer o melhor uso dele.

A foto de toga é legítima. Não haverá farsa social. As fotos não serão incinearadas na produtora, eu não mentirei para a sociedade que fiz uma festa linda e maravilhosa e que agora tenho mil planos para ano que vem. Não. Não é mentira. A foto de toga é legítima. Eu consegui. Eu terminei o tcc. Eu tirei nota máxima no TCC. Eu passei em todas as cadeiras do curso de direito. Eu protocolei minhas horas complementares. Eu solicitei minha diplomação.

 
Quem diria que eu terminaria o ano assim? Tendo conseguido?

Melovolosidade

Outro texto que me serve tão bem dessa menina .
Eu sou tão assim, desse jeito, que não é por nada que eu digo que nem eu posso confiar em mim mesma.

"Juras de amor eterno que duram uma noite. Pactos de amizade até o fim da vida que terminam junto com a escola. Combinações de família que são esquecidas até o próximo Natal. São só palavras. Planos, promessas, votos, compromissos… Tudo dito com o máximo de fé. Eu realmente acreditava em tudo quando falei. Era verdade. Eu queria que acontecesse. Mas mudou. Sempre muda. E embora eu acredite hoje, talvez amanhã já duvide. Porque as certezas me incomodam, me dão um lugar seguro e discriminatório que não quero ocupar. E vocês todos ficam decepcionados pela milésima vez quando eu mudo de opinião. Quando eu resolvo não seguir o que tinha defendido. Porque eu defendo tentando convencer a mim. E te convenço. Mas não me convenço. Eu nunca me convenço. E vou mudando, me adaptando, olhando de outro jeito, dando uma nova interpretação.E você decepcionado não entende o que aconteceu com aquele discurso empolgante. Ficou no passado. Junto com algumas pessoas. Eu tenho essa mania de engavetar sentimentos e gente. E esquecer ali. Os sentimentos, tudo bem, a perda é minha mesmo. Mas as pessoas… elas geralmente não estão preparadas pra serem esquecidas. E se revoltam. Mas eu te quero na minha vida. Mas no passado. Entende? Não? A vida é minha, eu sinto muito, querida. Eu decido quem entra e quem sai. E a sua cena já passou, por favor, volte pra seu lugar glorioso no estrelado do passado. Hoje voce sera apenas uma estrela decadente. Acabou seu tempo de brilho na minha vida. Preciso de gente nova. Já! Agora! Ar novo! Eu nao consigo viver assim, sufocada pelo passado. Novidade, novidade. Hora de te descartar. Sinto muito. Foi bom enquanto durou. Entenda, a culpa não é sua, é minha. Eu sou assim… não consigo, sabe? não consigo. Desculpa. Adeus."

Crédito, again: http://salgou.wordpress.com/


aleatório

 






6.12.11

universos paralelos

Fazia tempo que eu não encontrava um blog que pegasse emprestado o meu coração e traduzisse os meus sentimentos em palavras tão simples e bonitas. Descobri hoje o blog de uma menina que é assim: parece que consegue escrever aquilo que eu mal e ofegante consigo sentir. O endereço é esse: salgou.wordpress.com . 

Um desses textos:

"Tem gente que consegue viver baseado na realidade. Que constrói a vida toda em cima de verdades cuidadosamente escolhidas. Eu não sou assim. Eu me afobo e me emociono na incerteza. Gosto de misturar a ficção no cotidiano. E acho tudo muito chato se não houver um pouco de mágica e encantamento. Eu quero sempre fundir a fronteira do real com o imaginário, porque assim nada é impossível. E desse jeito, eu crio, eu moldo.  E as coisas acontecem da minha maneira sempre. Sem surpresas na minha criação. E sem decepções nesse mundo fantástico, particular e – insuportavelmente – solitário."

22.11.11

Lobo da estepe

"Nunca se vendera por dinheiro ou vida fácil às mulheres ou aos poderosos, e mil vezes desprezara o que aos olhos do mundo representa vantagens e regalias, a fim de salvaguardar a sua liberdade. Nenhuma ideia lhe era mais odiosa e terrível do que a de exercer um cargo, submeter-se a horários, obedecer a ordens. Um escritório, uma repartição, uma sala de audiência eram-lhe tão odiosos quanto a morte, e o que de mais espantoso podia imaginar em sonhos seria o confinamento num quartel. Sabia subtrair-se a todas essas coisas, a custo de grandes sacrifícios e nisso residia sua força e virtude, nisso era inflexível e incorruptível, nisso seu caráter era firme e retilí-neo. Só que a essa virtude estavam intimamente ligados seu sofrimento e seu destino."

6.11.11

Chekhov

What a fine weather today! Can’t choose whether to drink tea or to hang myself.
━ a. p. chekhov

daí que eu me fodo

"Mas como nada é estanque e tudo é movimento, como ser é estar sendo, porque não somos o que somos, mas o que temos sido ao longo de um tempo que não cessa de vir, porque não somos aquilo que decidimos uma vez, mas o que decidimos todas as vezes que não cessam de vir [...]"

(JM)

20.10.11

Esta é uma dessas noites em que não há nada. Imagine se fosse sempre assim. Vazio. Apático. Sem luz. Sem dança. Nem mesmo insatisfação.
Assim, não se tem o bom senso de cometer suicídio. A ideia simplesmente não ocorre.
Levantar. Coçar-se. Beber um pouco d’água.
Me sinto como um cachorro vira-lata em julho, só que é outubro.
(Charles Bukowski)

23.6.11

21.5.11

Farisaísmo, estupidez e arbitrariedade

"[...] Detesto a falsidade e a coerção em todas as suas formas. Farisaísmo, estupidez e arbitrariedade reinam não apenas nas casas de comércio e delegacias de polícia. Eu os vejo na ciência, na literatura, entre os jovens. Por isso não tenho apreço especial nem por policiais, nem açougueiros, cientistas, escritores ou jovens. Considero marcas e rótulos um mal. O que me é sagrado são o corpo humano, saúde, inteligência, talento, inspiração, amor e liberdade absoluta - libertação da Força e da Falsidade, em quaisquer formas com que se expressem. Essa é a plataforma que eu apoiaria, se eu fosse um grande artista.
{Tchekov}

19.5.11

Lembretes sob a forma de construções alheias

Tô mal-humorada, irritada, frustrada. Essa semana tem sido a mesma chafurdação de sempre.
Vou me ater a citar dois textos que me inspiraram e dos quais eu pretendo me lembrar sempre:

13.5.11

Pálido delinquente


"Vede este pobre corpo! O que ele sofreu e o que desejou, a alma o interpretou a seu favor; interpretou-o como gozo e desejo sanguinário do prazer da faca.
O que enferma agora, vê-se dominado pelo mal, que é mal agora; quer fazer sofrer com o que o faz sofrer; mas houve outros tempos e outros males e bens.
Dantes era um mal a dúvida e a vontade própria. Então o enfermo torna-se hereje e bruxa; como hereje e bruxa padecia e fazia padecer.
Mas isto não quer entrar nos vossos ouvidos; prejudica, dizeis, os vossos bons; mas que me importam a mim os vossos bons?
Nos vossos bons há muitas coisas que me repugnam, e de certo não é o seu mal.
Quereria que tivessem uma loucura que os levasse a sucumbir, como esse pálido criminoso.
Quereria que a sua loucura se chamasse verdade, ou fidelidade, ou justiça; mas têm virtude para viver em mísera conformidade.
Eu sou um anteparo na margem do rio; aquele que puder prender-me, que o faça. Saiba-se, porém, que não sou vossa muleta”.
[Assim falava Zaratustra]

Essa é tipo a síntese perfeita - e linda e genial e que eu jamais seria capaz de escrever - do meu TCC, beijos.


PS: O Blogger ficou maluco, apagou alguns posts e comentários...

11.5.11

e o amanhecer começou a esfregar-se na janela

"Tudo era questão de decidir. E, embora já estivesse decidido, continuou pensando por pensar, escolhendo e dando-se razões para sua escolha, até que o amanhecer começou a esfregar-se na janela, no cabelo de Ofelia dormindo, e o seibo do jardim recortou-se impreciso, como um futuro que coalha em presente, endurece pouco a pouco, entra em sua forma diurna, aceita-a e a defende e a condena à luz da manhã."
[Cortázar - Os passos no rastro]

9.5.11

Coceirinha

Eu ando com uma coceirinha estranha, mais ou menos abaixo do diafragma, que me declama docemente:
- Tentar ser feliz é bom.

É bom.
É bom.
E eu tô com uma vontade de tentar...!

8.5.11

Êxtase, delírio, terror.

"Para chegar ao fundo do êxtase em cujo gozo nos perdemos, devemos sempre identificar seu limite imediato: o horror. Não só a dor dos outros ou a minha própria dor, se aproximando do momento em que o horror me inundará, podem permitir-me alcançar um estado de felicidade beirando o delírio, como também não existe nenhuma forma de repugnância em que eu não consiga discernir uma afinidade com o desejo. Isso não signifíca que o horror se confunda sempre com a atração, mas, se não consegue inibi-lo, destrui-lo, o horror fortalece o desejo. O perigo paralisa, mas, se não for excessivamente forte, pode excitar o desejo. Só alcançamos o êxtase na perspectiva — mesmo que longínqua — da morte, daquilo que nos destrói".
[Bataille - A história do olho] - via Eterno Retorno.

Isso tem tudo a ver com os estados frenéticos de euforia, êxtase e compulsão que acabam sempre me levando ao fundo do poço, cedo ou tarde. E que eu venho trabalhando na terapia há moooooito tempo. Começando a compreender melhor, só há pouco.

6.5.11

óin

nhó. coisa querida.

4.5.11

Olhos marejados, dilema diário.

Daí que eu recém acordei e minha cabeça já tá um turbilhão. Li uma reportagem sobre a vida de uma juíza de direito e cheguei à minha conclusão definitiva (comentário autoirônico, visto que não existem conclusões na minha vida, muito menos definitivas):

- Humm, chissà, chissà... humm.... já sei....a partir de hoje estabelecerei meu foco: vou me matar de estudar, vou fazer cursinho, e serei juíza... essa será minha meta a partir de hoje (ai que lindo, tenho uma meta! tenho um sonho! o meu sonho sempre foi ter um sonho!)! Será perfeito, salário inicial de mais de 17 mil, eu trabalharei dignamente e ainda terei tempo para me alimentar de cultura... 

(conclusão genial regada a cafeína, poderoooosa estimulante, que me deixa vidradona e alopradona por uns picos que duram... pouco mais de 10 minutos).

Uns 15 minutos depois, sei lá por que raios, peguei um livro de história da literatura brasileira, que fazia tempo que eu não estudava, e comecei a dar uma folheada despretensiosa. Meus olhos marejavam, fui invadida por uma serotonina fictícia, uma sensação de bem-estar imediata. Se é pq esse tema me remete à épocas gloriosas da minha vida, ou pq de uma forma ou outra eu o acabo associando a uma ideia idealizada de 'fuga' da minha realidade e do meu dia-a-dia chato, eu não sei. Mas, tiro e queda, fui tomada novamente pelo dilema perturbador: fico no Direito? luto pra ser uma juíza (na hipótese mais suntuosa, gloriosa, idealizada), ou tenho a coragem - ou covardia - de partir para uma graduação de Letras, correndo o risco de que tudo isso não passe de uma ilusão, um escapismo, e eu seja uma professora medíocre e frustrada, e ainda sem dinheiro para ir ao cinema, teatro, viajar, comprar meus livros, fazer meus cursos, tomar meus vinhos? Eu sei que a vida é uma só e não existe possibilidade de ensaio ou repetição, mas será que eu não merecia ao menos um indício, uma dica, um sinal, POR FAVOR?? 

hoje não tem bolo

Música do dia:

Hoje fui em um curso de História da Arte muito interessante... pretendo começar a frenquenta-lo todas as terças à noite. Um vinho e uns petiscos, depois, foram o fechamento perfeito. O fato é que milagres me esperam em toda a esquina - e eu sempre esqueço disso. Milagres, pra mim, podem se traduzir no sorriso de um desconhecido, em um gesto inesperado, em uma simples expressão de delicadeza. Lugar comum -OK-, mas muda o meu dia, interrompe o meu MQL, me salva do meu auto-engano, me lembra que existe um mundo lá fora, além dessa mente inquieta e obsessiva que me corrói, me suga, me deixa exausta.

[x]

Agora tenho um endereço no Recanto das Letras, aqui.

30.4.11

Eu, própria, sou um verbo. (ou: Fica, vai ter papo de amor. Ou não.).

Li em algum lugar que a diferença entre o amor romântico, encapsulado, tendente à simbiose (e, logo, fadado à retroalimentação, implosão e autodestrução - prognósticos dramáticos por minha conta) e o amor "verdadeiro", saudável, se situa no fato de que enquanto o primeiro é um "apaixonar-se", um "encantar-se", o segundo é um modo de ser, um "dar a", e não um "enamorar-se". (O amor romântico vai a cabo quando se tira o véu da ignorância; ele se sustenta, se faz aparecer, apenas na névoa. "O amor romântico é sustentado pelo mistério e se desintegra sob um exame mais detido" - Irvin Yalom, em O carrasco do amor.)
Isso me pôs a refletir (não me diga).
Me pôs a refletir como a minha posição, não apenas em relação ao amor, mas em relação à vida, como um todo, é um constante "enamorar-se". Estarei eu fadada à autodestrução?
Eu não sei ter um modo de ser. Eu não sei ser um "estar", muito menos um "estar constante". Eu, própria, sou um verbo. Uma ação. Eu existo quando estou me apaixonando. Não por uma pessoa, necessariamente. Mas por uma ideia, por uma fantasia. Sempre é por uma fantasia. Uma ilusão. Eu existo quando estou construindo a ideia cega na minha cebeça, e ainda não tirei a prova da vida real. Filminhos passam na minha cabeça. Há trilha sonora. Eu sou a atriz principal, geralmente idealizada. Há recursos cinematográficos. Tudo isso, veja bem, não possui nada de concreto. Eu posso pegar um ou outro elemento da realidade, uma ou outra informação que me foi dada, mas isso é o que menos importa. Eu estou, naquele momento, apaixonada pela minha própria ideia. Eu flutuo, eu crio imagens, sons, cores, perspectivas, expectativas. A partir daqui, tudo será lindo, tudo será assim. Tudo mudará. A partir daqui, tudo será uma espiral ascendente
É sempre assim. 
E sendo óbvio que o meu teto é de vidro, que eu estou construindo castelinhos de areia e mundos que não existem, à medida que vai ficando evidente o descompasso entre a minha ilusão e a vida real, que vai ficando flagrante que minha "paixão" não é "correspondida", bem...daí vem a parte triste. A frustração,a raiva. A revolta. A sensação de derrota, de escuridão, de vazio. Fica insuportavelmente gritante a aridez da realidade. A solidão.
Daí eu caio num buraco, e fico chafurdando na merda. Até que apareça o próximo unicórnio branco encilhado. 

25.4.11

Pra lembrar, Pra acordar

Quando amanhece e o vento vem
Te lembrar o que fazer
Saiba que o vento nunca sopra em vão
Pode ser o que precisa
Esqueça o medo da solidão
E aceite que é sozinho
A dor que sente é a chance que tu tem
De sangrar essa ferida
Pra acordar, pra entender
O que o vento vem dizer
Tenha certeza que a solução nao vai cair no teu caminho
Essa é uma luta entre a mente e o coração
Vai e faça o que é preciso
Pra acordar, pra entender
O que o vento vem dizer



Do conterrâneo do Bonfa Gustavo Telles.
Notes for myself, from the underground.

20.4.11

Eu não sabia que era só sexo

Eu achava graça daquela indisposição pueril com o mundo. Aquela aversão juvenil a convenções, aquela raiva do amor e das demonstrações de afeto (raiva que emana daquele que teve seu orgulho ferido e era jovem demais pra lidar com isso). Aquele bate-pé constante com a sociedade. Até daquele orgulho da própria vileza - que está longe de ser uma virtude, mas que quando vem de alguém jovem e bonito, pode ter seu charme - eu achava gracinha. O excesso de palavrões, pra mascarar a leviandade e falta de consistência das frases, também tinha seu charme. O discurso não tinha a mínima coesão e, do início ao fim, os argumentos colidiam. Mas isso era relevado, não tinha a menor importância: o que é a coerência perto da retórica, da eloquência e do viço inebriante da juventude? O que é lógica e coesão perto da oratória, da energia, da camiseta do The Vaccines, do Camel da mão esquerda e do olhar blasé e distante de quem sabe tudo sobre as cousas da vida?
Não, eu não sabia que era só sexo. Eu achava que era sexo somado a um quê de teoria da estética, experimento antropológico e teatrinho de vaidades, algo assim.

15.4.11

Hiding out behind the leaves

Que eu tenho várias dentro de mim, isso não é novidade, nem nada lá muito revolucionário ou inusitado.
Tenho versões melhores e piores. Tenho dentro de mim mulheres apaixonadas, mas que sabem ser bastante céticas e melancólicas também. Há mulheres lutadoras, há mulheres preguiçosas, há mulheres com muita e também com quase nada de energia dentro de si. 
Qual dessas mulheres estarei incorporando a cada dia? isso depende um pouco do meu arbítrio, um pouco das circunstâncias, um pouco das músicas que ando ouvindo, e muito de caso fortuito. Enfim, é completamente contingencial. Talvez eu tenha em mim algo de imutável e indestrutível, algo que seria, pois, irretocável - mas prefiro não o ter. O mundo é dinâmico, eu sou dinâmica, eu evoluo (e também retrocedo) com minhas experiências - sou tudo menos um robô engessado, estagnado, perfeito e acabado. Graças ao bom Deus (ou graças ao bom Voltaire, ou ao bom Platão, sei lá). 
Eu não quero viver numa 'eternidade imóvel', e eu não quero 'tampas no meu firmamento' (alusões a Kundera, que ando lendo e me apaixonando cada vez mais). 
Então.
Quem me encontra atualmente talvez nem reconheça a mesma menina que saltitava e cantava e pulava de festa e festa e de bar em bar com a qual eu me identificava até pouco tempo atrás. 
Se tem uma máxima que traduz meu momento atual, é “Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que o silêncio”.
Ando introspectiva, tímida, querendo passar despercebida. Me escondendo, na faculdade, atrás de um caderno, de um livro ou de um café solito; Em casa, no meu quarto; na rua, desapareço na melodia das músicas do meu mp3 e não sei de mais nada.
Se num primeiro momento entrei quase em pânico, me sentindo "esvaziada";
Se inicialmente eu fiquei preocupada com aquela melancolia que advém da solidão [voluntária, mas conduta diversa, nesse momento, seria inexigível];
Se no começo fui tomada de uma sensação de "cadê os convidados? cadê a música? cadê as luzes? cadê meu pai e minha mãe? cadê os espelhos? ACABOU A FESTA?"; #silencio.no hay banda.silencio.
Agora estou em paz.
Mais cedo ou mais tarde eu teria que passar por esse momento, por esse 'rito' de desconstrução de todos os símbolos que já vinculei à minha pessoa, de todas as caricaturas e fantasias que já criei pra mim mesma, de todas as ilusões a meu respeito em que eu - e só eu sou responsável por isso - me perdi.

"Tornar-se imperceptível, ter desfeito o amor para se tornar capaz de amar. Ter desfeito o seu próprio eu para estar enfim sozinho, e encontrar o verdadeiro duplo no outro extremo da linha. Passageiro clandestino de uma viagem imóvel. Devir como todo o mundo, mais exatamente esse só é um devir para aquele que sabe que é ninguém, que não é mais alguém."

Se esta é uma versão melhor ou pior ao lado dos outros, não sei. Acho que é uma versão menos 'cool' de mim. Sou eu com menos balacas, menos adornos, menos penduricalhos. Eu, só eu. É pouco? Talvez... Estou descobrindo. Talvez eu finalmente, depois de 23 anos, tenha perdido o medo de me olhar e 'descobrir'.

Like an apple on a tree
Hiding out behind the leaves
I was difficult to reach...

8.4.11

rapte-me camaleoa

"We have to keep reinventing ourselves almost every minute because the world can change in an instant, and there’s no time for looking back. Sometimes the changes are forced on us, sometimes they happen by accident, and we make the most of them. We have to constantly come up with new ways to fix ourselves. So we change, we adapt, we create new versions of ourselves. We just need to be sure that this one is an improvement over the last."

7.4.11

combustível

é só disso que vivo, amigo:
vaidade e valium


Hard to be soft
Tough to be tender
Come take my pulse, the pace is on a runaway train

6.4.11

wanna grow

up to be 


be a debaser,



 debaser,


 debaser,


 debaser,

4.4.11

forget to hope and learn to fear

One of these days the ground will drop out from beneath your feet
One of these days your heart will stop and play it's final beat
One of these days the clocks will stop and time won't mean a thing
One of these days their bombs will drop and silence everything

But it's alright
Yet it's alright
I said it's alright

Easy for you to say
Your heart has never been broken
Your pride has never been stolen
Not yet not yet

One of these days
I bet your heart'll be broken
I bet your pride'll be stolen
I'll bet I'll bet I'll bet I'll bet
One of these days
One of these days

One of these days your eyes will close and pray you'll disappear
One of these days you will forget to hope and learn to fear

But it's alright
Yet it's alright
I said it's alright

LOL

2.4.11

Feio demais

Eu me sinto imersa na mais profunda loucura... só que é uma loucura ao avesso, é uma loucura onde a minha razão e a minha lucidez são exacerbadas. Mas até que ponto são confiáveis? Tenho impressão de que é uma lucidez calcada em convicções traiçoeiras, em arapucas tramadas pelo meu próprio subconsciente perverso. Sim, porque eu tenho, em alguma lugar bem velado, uma parte perversa e sadomasoquista que gosta de fazer as vezes de algoz e vítima, gosta de agredir e ser agredido, tem prazer em apontar e julgar e tem prazer igualmente em se submeter.
Eu só sei que tá foda. Pq quando se mover do seu quarto até a cozinha demanda um esforço tóxico; quando atender o telefone e tomar banho são grandes feitos merecedores de louros; quando a inconsciência do sono lhe parece a melhor aliada... não sei não. Tá foda. Tudo é árido, e não há perspectiva. Tudo é real demais, feio demais.

1.4.11

Letras ou Psicologia?

31.3.11

eternidade inútil...

Até morrer estarei enamorada
de coisas impossíveis:

tudo que invento, apenas,
e dura menos que eu,
que chega e passa.

Não chorarei minha triste brevidade:
unicamente a alheia,
a esperança plantada em tristes dunas,
em vento, em nuvens, n'água.

A pronta decadência,
a fuga súbita
de cada coisa amada.

O amor sozinho vagava.
Sem mais nada além de mim...
numa eternidade inútil.



[Cecília Meireles]

28.3.11

25.3.11

aleatórios

Você só é atraente quando um trono te legitima
Você fez isso
E você tem aquilo
Mas você não é nada.

[*]

Always Love
Te amo quando te vejo no ônibus.
Te amo quando te vejo na ufrgs.
Te amo quando te vejo na Osvaldo.
Você não tem nome e tem muitos rostos,
mas eu nunca amei algo tanto e com tanta convicção
como te amo nesses instantes.

[*]

[...] Forçosamente, se acumula ao redor dele certo líquido repugnante e fatídico, certa lama fétida, que consiste nas suas dúvidas, inquietações e, finalmente, nos escarros - que caem sobre ele em profusão - dos homens de ação agrupados solenemente ao redor, na pessoa de juízes e ditadores, e que riem dele a mais não poder , com toda a capacidade das suas goelas sadias. [...]

[*]

And I can tell just what you want
You don't want to be alone
You don't want to be alone
And I can't say it's what you know
But you've known it the whole time
Yeah, you've known it the whole time

24.3.11

discurso ridículo

Eu não podia concordar mais: 

Palavras-chaves para um discurso ridículo (isto é um link gents)

 

23.3.11

I crumble completely when you cry

Eu não sei que tipo de cegueira se abateu sobre mim para eu perder completamente minha capacidade de discernimento dessa maneira. Agora, olhando de fora, é lamentável. Eu não sei o que me fez continuar lá, parada, estática, uma resignada sorridente. Um sorriso bobo, com um fundo amarelo, um amarelo que atestava ter ciência de que não deveria estar lá, mas que tolamente continuava. Renitente, eu esperava alguma coisa. Eu não sei o que, mas é fato que eu esperava. Pq algo me incomodava, algo me alertava de que eu estava visivelmente retrocedendo, voltando a discutir questões juvenis e revivendo dilemas adolescentes. E mesmo assim, eu continuava lá, "tudo bem", "tudo bem", "tudo bem". Uma coisa amorfa, estática, inerte, inútil. O argumento era inválido, as premissas eram vazias, a conclusão era infundada, era tudo uma falácia, e eu continuava ali, comprando o discurso. Puta merda. Eu fui burra em fazer isso, não há dúvidas. Esse é um dos problemas em ser "coração" demais e "cérebro" de menos. Em sentir, sentir demais, e racionalizar que é bom, só depois que foi até a última rapa do sentimento, como última instância, ultima ratio.
[*]

Tô adorando o clima de Porto Alegre. A cidade tá linda e agradável - tirando o calor desses dias -, e tô curtindo a atmosfera da UFRGS. Dá vontade de sair poraí passeando, desvendando bares e cafés. Adoro outono =]

22.3.11

diversos

Eu e a minha amiga caminhando no campus centro da UFRGS, lindas, morena/ruiva, desfilando sob o sol do outono, e eu, continuando a nossa conversa de indignação a respeito do plantel masculino, muito dignamente largo a seguinte frase:

- Pois é né, a gente faz tudo, tudo, e eles não nos pagam...

Sim. Exatamente isso. Eles não nos pagam. DIGNIDADE PRA QUE, NÉ?
WTF?
Sério, de onde eu tirei isso? Qualquer pessoa diria que é um ato falho.
Sorte a minha que é uma colega-amiga que me conhece bem e não me julgou. Do contrário, aposto que a coleguinha deixaria quieto, e amanhã na aula sentaria na cadeira mais longe de mim possível.

*
Se não fosse a parceria dos amigos, se não fossem as risadas que eles me provocam, no meio da rua, no meio da aula, no meio do breu que eu construí pra mim... Eu ainda estaria aqui, eu ainda seria eu, mas na minha pior versão.
*

Eu encontrando ele na faculdade. Meu colega, depois de um verão inteiro sem contato. Eu sabia que não ia ser chato, só estranho. E até que não foi estranho. Rolou sorrisinho, abracinho, manifestação de saudadinha. Ele contando as novidades e eu fingindo que ouvia, enquanto na verdade tava mais preocupada em dar uma olhada nele. Me perdi um pouco no nariz, nos olhos, na boca, dei uma conferida na roupa e na expressão corporal. Igualzinho. Estranho reencontrar. Afinal ele me parece um estranho agora, e é curioso pensar que já tivemos intimidade. Não sei, não sei se a gente conseguiria ser amigos. Da minha parte, sim. Ele é uma das pessoas mais interessantes que eu conheço, sem dúvida. Masssss. Hm. O tempo dirá.

*
Acho impressionante a sensibilidade de algumas pessoas, que tem o dom de falar palavras doces na hora certa -e na medida certa - e ajudar a curar feridas. Obrigada pelos comentários =)

20.3.11

Once upon a time...

Era uma vez uma menina.
Ela, que cresceu aprendendo a adorar príncipes, heróis, mágicos, ídolos;
Ela, que só conhecia extremos diametralmente opostos: mocinho x vilão, princesa x bruxa, bom x mau;
Ela, que viu filmes da Disney demais na infância;
Ela, que na dificuldade em se enquadrar em um dos extremos - os únicos modelos que conhecia-, fabricava conceitos para se encaixar.
E como maniqueísmo não existe, ela vivia oscilando entre mocinha e vilã, princesa e bruxa, boa e má, 8 e 80;
Ela, que em dado momento da vida, se perdeu nessa conta entre o 8 e o 80;
Ela, que sempre amou ícones, não sabe amar pessoas;
Ela não sabe se amar;
Ela não sabe amar;
Fim.

19.3.11




E o rei me disse:
"A pressa esconde o que já é evidente.
Foi do meu lado que eu achei o que me fez assim
tão diferente."

18.3.11

levaaaaaaaaaaando o barco



Thanks to Lê.

sexta-feira

Já é sexta-feira denovo e definitivamente tudo o que eu NÃO vou fazer é seduzir na buátchy.
Inclusive, quando eu penso no meu post de sexta passada me dá ojeriza.
Talvez eu vá ao cinema com meus pais. Eu gosto. Eu sinto que naquelas horinhas, entre uma pipoca doce e outra, um gole de cappuccino e outro, eu posso ser eu mesma, que eles estarão incondicionalmente lá. E eu posso soltar minhas risadas inconvenientes e retardadas, que eles vão rir junto. E eles vão falar a verdade sempre, mesmo que doa. 
Se eu for ao cinema com eles, meu pai certamente me olhará com aquela cara de quem-foi-pai-muito-novo-e-despreparado, dará um sorrisinho meio encabulado e me dirá, desajeitado, pra tomar meu rumo, quem sabe a carreira universitária, que ele tem certeza do meu dom. Afinal eu não tenho jeito pra coisas técnicas e pragmáticas, não mesmo. 
A minha mãe falará algo repetitivo sobre meu quarto desarrumado e sobre como isso obstrui as boas energias. Meus tombos e fracassos são sempre culpa do meu quarto desarrumado.
E eu voltarei pra casa não feliz, mas bem. Bem acompanhada, bem aconchegada, bem amada. Quem sabe com as energias recarregadas. Quem sabe com um livro novo na sacola. Um coração mais tranquilo. E novas perspectivas na cabeça.

I just want to be ok, be ok, be ok
I just want to be ok today

abismo

Sabe quando tu sente um vazio grande, mas tão grande, que chega a perceber fisicamente um rombo no teu peito? É, é um troço físico. Uma dor? Ou uma ausência de dor? Não sei, mas é a percepção de um buraco, é a percepção do vazio, é a vertigem, é o fundo do poço te fazendo uma proposta tentadora, -sua alma pelo seu entorpecimento.
Daí tu quer fazer parar, tudo que tu quer é que aquilo pare, mas - tcharam - não tem como arrancar um vazio, muito menos um vazio do próprio peito. E daí a conclusão óbvia: só se eu me for inteira. Aí a dor pára. Eu só queria a anestesia, e a anestesia agora é um túnel escuro, é um abismo me envolvendo, um abismo gelado, longinquo, solitário.

burra, cada vez mais burra

"[...] Eu me sinto difícil, um texto difícil; eu me sinto burro quando me leio. Cada vez mais burro. É a voracidade da minha letra. Eu sou embaralhado de desejos; os desejos são dúvidas que o corpo responde e não explica.[...]"
[Carpinejar]

*
Não consigo dormir. Preciso dormir.
Mas não consigo.
Não consigo.
Vou ler Allan Poe. Ele ao menos me desvia das ruminações inúteis, hehehe.

17.3.11

Você daria a vida para descobrir à sua volta a feiura que carrega dentro de si

'- Você tem essa impressão porque mora apenas no subsolo do ser, um vinagre antropomorfizado! Você transborda de ácidos que fervem dentro de você como na vasilha de um alquimista! Você daria a vida para descobrir à sua volta a feiura que carrega dentro de si. Para você, é a única maneira de se sentir por um momento em paz com o mundo. Pois o mundo, que é belo, lhe dá medo, faz mal a você e o empurra, sem cessar, para o seu centro. Como é intolerável, não é? Ter sujeira nas unhas e uma bela mulher ao lado! Daí é preciso primeiro sujar a mulher e depois gozar. Não é assim, cavalheiro?
[...] - Antigamente havia um filósofo cínico que desfilava pelas ruas de Atenas vestido com um casaco furado para se fazer admirar por todos exibindo seu desprezo pelas convenções. Um dia, Sócrates o encontrou e dsse: "Vejo sua vaidade pelo buraco da sua roupa". Sua sujeira também, senhor, é uma vaidade, e sua vaidade é suja.'

(Milan Kundera - A Valsa dos Adeuses)


*
Milan Kundera é genial. Como eu queria saber me expressar assim.
Sem mais.

meio assim

Pq eu ando meio assim ultimamente...



Me aburre todo y no encuentro acomodo
nada me motiva, ni capta mi atención
no me asombro ya de ningún modo
ni nadie es santo de mi devoción

Busco una sorpresa que me vuele la cabeza
pero por mi naturaleza, nada me interesa
y si, se ve, no encuentro en que creer
pero no me resigno a ver la vida por tv

Nada que oír, nada que ver, ni nada que me mueva
nada que hablar, nada que hacer, nada que me conmueva
nada de acción, que me haga sentir algo de emoción
(ahhh) nada me da satisfacción
(no) (no) (no) (no)

Mi pasión se esconde no se en donde
no me llega lo moderno, ni lo "kitsch"
hablo con mi almohada y no me responde
no me alegra ni un verano en Miami beach

Ni ver gente en el cadalso o en la CNN
ni entrar con un nombre falso en el MSN
ya sé, yo voy, en otra dirección
pero mi paciencia ya está en vías de extinción

Nada que oír, nada que ver, ni nada que me mueva
nada que hablar, nada que hacer, nada que me conmueva
nada de acción que me haga sentir algo de emoción
(ahhh) nada me da satisfacción

(ahhh)
Ver nacer placer en mi es un parto y de buscar estoy harto
algo que parta de un tirón, mi corazón como un infarto
y para fingir, alguna sensación
no le puedo pedir ni a mi propia imaginación

Ni tomar un escocés, ni degustar un daiquiri
si fuera japonés, ya me hacia el harakiri
y si, ok, no soy Galilei
y ya no me apasiona ni luchar contra la ley

Nada que oír, nada que ver, ni nada que me mueva
nada que hablar, nada que hacer, nada que me conmueva
nada de acción que me haga sentir algo de emoción
(ahhh) nada me da satisfacción
(no) (no) (no) (no)

El estadio, ¡me aburre!
La radio, ¡me aburre!
El camping, ¡me aburre!
El zapping, ¡me aburre!
La religión, ¡me aburre!
El cotillón, ¡me aburre!
El bingo, ¡me aburre!
El domingo, ¡me aburre!
El fair play, ¡me aburre!
El dj, ¡me aburre!
La oficina, ¡me aburre!
La rutina, ¡me aburre!
El shopping, ¡me aburre!
El doping, ¡me aburre!
Divertirme, ¡me aburre!
Aburrirme, ¡me aburre!

Nada que oír, nada que ver, ni nada que me mueva
nada que hablar, nada que hacer, nada que me conmueva
nada de acción que me haga sentir algo de emoción
(ahhh) nada me da satisfacción
(no) (no) (no) (no)

16.3.11

'The only way of knowing a person is to love them without hope.'
[W.B.]

15.3.11

náusea

Hoje é dia de dormir o dia inteiro.
Amanhã eu acordo com menos espirros e mais sorrisos.
Sei lá, é claro que no fim das contas a gente tá sempre sozinho. Eu sei, eu descobri isso, e foi duro. Mas hoje eu to especialmente me sentindo sozinha, como se virassem as costas pra mim, largassem um risinho irônico e dissessem "te vira, guria, azar o teu que fica aí se doando feito uma otária".

A náusea em detrimento da flor.

Será que é pra eu extrair alguma lição de tudo isso?

Não sei... Às vezes penso que é melhor continuar sendo uma "otária". Eu já tentei o caminho da apatia e não fui muito feliz. Até porque essa não sou eu. Eu não quero sumir suplantada por tantas camadas de proteção de modo que não se saiba mais quem é a Gabriela, quem é orgulho, quem é vergonha, quem é culpa, quem é pudor, quem é vaidade.

Eu sou mais emoção do que razão.
Eu sinto.
Eu sinto muito.

*
"People don't know how to love. They bite rather than kiss. They slap rather than stroke. Maybe it's because they recognize how easy it is for love to go bad, to become suddenly impossible... unworkable, an exercise of futility. So they avoid it and seek solace in angst, and fear, and aggression, which are always there and readily available. Or maybe sometimes... they just don't have all the facts." (The Upside of Anger)

(quiçá eu até me incluo nessa generalização)

13.3.11

Tudo é maravilhoso hoje e ninguém está feliz

Dois links que parecem lúdicos e ingênuos e talvez até bobos, que encontrei poraí:
- Vídeo: http://www.gizmodo.com.br/conteudo/tudo-e-maravilhoso-hoje-e-ninguem-esta-feliz/
- Texto de um guri:  http://www.facebook.com/mainadp#!/notes/felipe-lahuski-schneider/impress%C3%B5es-sobre-a-vida-parte-i/191616247545230 .


A primeira impressão que eu tive é que parece um discurso meio ingênuo, blablabla. Mas cara, traduz o que eu penso. Eu vivo lutando pra resgatar o que há de mais essencial e verdadeiro das pessoas e das situações e isso anda tão difícil ultimamente. O essencial se confunde com supérfluo, o luxo com o lixo. As idéias e opiniões se diluem nas massas. Eu conversava com minha irmã sobre isso há alguns dias. Como a personalidade e as ideias se perderam e as pessoas não sabem mais pensar por si mesmas. Ninguém lê um livro pelo simples fato de querer ler e ng realmente reflete sobre o que leu. Lê-se determinado livro pq é 'cool' e pq vc tem que estar por dentro e tal e postar no Facebook que leu. E se o livro é reconhecido como 'cool', ng lê com a mente aberta a formar uma opinião, e sim com a pré-disposição a achar aquilo 'genial', e quem sabe amanhã ou depois a gente compra uma camiseta ou uma bolsa com o nome do livro e uma ilustração descolada. Isso vale pra livros, músicas, filmes, etc etc. 
Se bem que efetivamente ler o livro já é algo raro e digno de ser aplaudido. Pq na maioria das vezes apenas se 'curte' no Fb, ou se 'rebloga', ou se 'compartilha', ou o diabo a quatro, e se finge q leu ou ouviu a porra do negócio e sai poraí emitindo opiniões entusiásticas.
Daí você tenta estabelecer um diálogo com o carinha cool que leu o livro e tem a camiseta e a criatura não consegue manter a conversa por mais de 10 minutos. E o que fala, é pq leu lá naquele blog da modinha (mas mudou uma palavra e outra, veja bem).
Ok eu sei que meio que desvirtuei o objetivo dos links ali mas, enfim, é o que eu penso.

serei julgada por este post

Sensação inenarrável de me perder no centro as 4 da tarde do domingo mais quente e abafado do ano, puta da cara, me sentindo a criatura mais óbvia, previsível e descartável da face da terra,  e daí arriscar um caminho que dá certo (pelo menos isso), e bater perna na Independência com aquele sol rachando na minha cabeça, suando o suor de anteontem (?), fumando um cigarro de pedreiro e ouvindo a seguinte música:

Puta merda, fala sério, esse som transformou meu momento decadente em momento glamour-decadente. Foi lindo. Mais lindo foi os tiozinhos gordos suados e taxistas - meu único público nessa tarde de domingo - me assistindo enquanto eu tinha uns tetos com a música e batucava na minha própria perna enquanto caminhava por aquela Independência porca e árida e fétida, com restos das festas dos fim de semana. Cara, foi libertador. ounão
Adoro os gráficos decadentes em que a minha vida se transforma sazonalmente.
Daqui a pouco eu me reergo e fico mais graciosa e easy going, prometo. Agora só o que eu sei ser é taciturna e degradada.

11.3.11

Lembrete para mim mesma

Tipo, concordo totalmente com o post dessa menina.

E hj tem sedução na buáchy.

10.3.11

Allen


The weight of the world 
     is love. 
Under the burden 
     of solitude, 
under the burden 
     of dissatisfaction 

     the weight, 
the weight we carry 
     is love. 

Who can deny? 
     In dreams 
it touches 
     the body, 
in thought 
     constructs 
a miracle, 
     in imagination 
anguishes 
     till born 
in human-- 
looks out of the heart 
     burning with purity-- 
for the burden of life 
     is love, 

but we carry the weight 
     wearily, 
and so must rest 
in the arms of love 
     at last, 
must rest in the arms 
     of love. 

No rest 
     without love, 
no sleep 
     without dreams 
of love-- 
     be mad or chill 
obsessed with angels 
     or machines, 
the final wish 
     is love 
--cannot be bitter, 
     cannot deny, 
cannot withhold 
     if denied: 

the weight is too heavy 

     --must give 
for no return 
     as thought 
is given 
     in solitude 
in all the excellence 
     of its excess. 

The warm bodies 
     shine together 
in the darkness, 
     the hand moves 
to the center 
     of the flesh, 
the skin trembles 
     in happiness 
and the soul comes 
     joyful to the eye-- 

yes, yes, 
     that's what 
I wanted, 
     I always wanted, 
I always wanted, 
     to return 
to the body 
     where I was born. 

                         San Jose, 1954

PS: Tá chovendo muito forte.

fluxo de consciência absolutamente aleatório

Quando vai começar a chover?
e a maquiagem vai finalmente borrar?
A roupa vai ficar transparente
e tudo de essencial e verdadeiro vai finalmente se mostrar?

Olho pela janela, acho que começou a chuviscar.

4.3.11

chegou o Carnaval

...e como se não fosse um tempo
em que já fosse impróprio se dançar assim
ela teimou e enfrentou o mundo se rodopiando ao som dos bandolins..

Até quarta-feira de cinzas ;)

1.3.11

Imperativos sociais para quem passou dos 30


Via Dinâmica de Bruto

tudo e nada

'Doar sangrar trocar chamar pedir mostrar mentir falar justificar no cais chorando não sou eu quem vai ficar dizendo adeus batucada macaco no seu galho da roseira em flor da laranjeira amor é choradeira horror a vida inteira à beira da loucura e a dor e a dor e a dor e a dor..'

desilusões

if i could be who I wanted 
if i could be who I wanted all the time...


x

Me sinto fraca e sozinha. Minha resposta é melancólica. Sinto que não vou conseguir, que não vou ter forças. Sinto que todos os que me rodeiam estão às voltas com suas vaidades e egoísmos e mesquinharias, tendo siricuticos e surtos poraí. Ninguém realmente se importa, ninguém olha pro lado, ninguém cede o seu tempo, ninguém faz gentilezas, ninguém estende a mão. Não sem ter a garantia de algo em troca, nem que seja um sentimento: tem que haver o toma lá dá cá.
Minha resposta melancólica é física. Eu sinto meu corpo fraco, sinto minhas pernas titubearem, meu olhar hesitar. 
Minha força, otimismo e vitalidade vão cedendo pouco a pouco, em nome da desilusão. Paulatinamente eu nãovou tendo mais coragem de esperar nada de bom de ninguém, nada de puro e genuíno, nada de lúdico, nada de graça.
Triste.

26.2.11

Esperanza Spalding

I wait for you
To open up.
But, it's not a bore.
You're just
What I've been
Looking for.
Why do you keep
Your head in the sand?
Whoever
You loved before me
That ran's
Nothing like me...
Nothing like me...
Nothing like me...

 

Descoberta.

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Saudade de quando dançávamos em Paris.

eu quero pessoas de verdade
PESSOAS
é tudo tão vazio e sem humanidade
eunaoprecisavadenadadisso
tocomvontadede
vomitar

23.2.11

Sabina Spielrein

Não reprima sua parte mais bonita.
Não tenha medo.

22.2.11

ela vai ser o que quis inventando um lugar

Ela me conta que era atriz e trabalhou no Hair
Com alguns homens foi feliz com outros foi mulher
Que tem muito ódio no coração, que tem dado muito amor
E espalhado muito prazer e muita dor

...
As garras da felina me marcaram o coração
Mas as besteiras de menina que ela disse não
E eu corri pra o violão num lamento
E a manhã nasceu azul
aiaiaiaiiaiaiaiaiaiaiaiaiaiiaiaiaiaiaiaiai

20.2.11

Katy RULES

You think I'm pretty
Without any make-up on
You think I'm funny
When I tell the punch line wrong
I know you get me
So I let my walls come down
Down...


Before you met me
I was alright
But things were kinda heavy
You brought me to life
Now every February
You'll be my Valentine,
Valentine...


Let's go all the way tonight
No regrets, just love
We can dance until we die
You and I
We'll be young forever


You make me
Feel like
I'm living a Teenage Dream
The way you turn me on
I can't sleep
Let's run away
And don't ever look back
Don't ever look back

etc etc etc

 

KATY_PERRY.0.0.0x0.432x649

Dale Katy. Musa.

"teenager feellings" ou "notas para dentro" ou "eu não quero a gravação, eu quero o grito"

TomeiumbaldedecaféeagoraeuVOUfalar:

TÔ FUDIDA.
tô MUITO encrencada.
tô perdida.
não sei como agir.
me sinto uma criança assustada.
q não sabe administrar porra nenhuma.
sério, sério, seríssimo, que porra é essa?????? tipo COMO ASSIM? tipo WHAT THE FUCK???????

x

Eu tinha escrito isso esses dias no meu bloco de notas:
"nao existe garantia de nada, data de validade, certificado de garantia. regra geral, as coisas expiram na manhã seguinte, pq a manha seguinte sempre chega."

Sempre chega. Sempre chega. Sempre chega. Sempre chega. Sempre chega. Sempre chega.
E se tu te perde num devaneio onírico? eaí, comofas? vida simbolista

x

Pq eu coloquei uma argola no nariz? agora tá doendo. é lindo mas dói.

x

"É bom, sim, mas ao mesmo tempo é terrível. Pq me vem o medo de estar agindo errado, de estar gerando feições horríveis, que mais tarde não sairão com facilidade. Não, não é fácil ser a gente mesmo da cabeça aos pés, da unha do dedo mindinho até o último fio de cabelo."

x

Prova de francês segunda. Eu queria estudar mas não consigo.
Je te veux toi avec défauts
Et tes problèmes de fabrications

Je te veux toi, Je te veux TOI

x
Nossa começou a chover muito forte agora.


Essa música e esse clip me dão uns espasmos e eu tô viajando muito nessa manhã de domingo chuvosa e traiçoeira.
x


Eu gosto é do inacabado
O imperfeito, o estragado que dançou
O que dançou...
Eu quero mais erosão
Menos granito
Namorar o zero e o não
Escrever tudo o que desprezo
E desprezar tudo o que acredito
Eu não quero a gravação, não
Eu quero o grito
Que a gente vai, a gente vai
E fica a obra
Mas eu persigo o que falta
Não o que sobra

...

x

E agora.

18.2.11

pecados aleatórios

"Transforme seus melhores pecados em literatura pseudoliteratura de blogspot antes que alguém descubra e faça chantagem".
Adaptando a frase do Carpinejar, eis a história deste blog.


Mais uma conceituação do Carpinejar: "Talvez seja a definição exata de intimidade: coragem involuntária.".

Não dou link pro texto inteiro de onde eu tirei isso pq eu concordo parcialmente, bem parcialmente com ele. Mas esta frase é louvável. Coragem. Coragem. Coragem sem querer. Coragem sem pensar, sem racionalizar. Involuntária. Algo que vem não sei de onde.

Não sei bem o que tô escrevendo, acabei de acordar e dormir vez que outra até que é bom.

15.2.11

anônimos

Anônimos, agradeço seus comentários atenciosos e gentis.
Ainda sobre aquele post, e aqueles comentários...
Sei lá ,tentam me enfiar goela abaixo a 'vida como ela é'. Eu resisto, bato pé. Sou renitente. Mas me sinto um ser bizarro flutuando, à parte, no contrafluxo, só esperando o derradeiro instante em que vou me estatelar no chão, no chão de concreto da 'vida como ela é'. Onde estarão todos me apontando os dedos e praguejando "eu avisei". Eu tenho medo de estar no contrafluxo e estar na verdade sozinha, completamente sozinha num infinito branco à margem de tudo e de todos.
Ok, sinto que viajei completamente neste post, mas se eu tiver que parecer normal até neste blog, então ele não me serve mais.
=P

14.2.11

os narcisos desabrocham à noite

- Carol, eis o que uma parte de mim pensa (não posso te dar a certeza do todo, pois o todo se contradiz e é traiçoeiro, não posso confiar no meu todo. ele mente e me trai, e usa constantemente de subterfúgios. mas um pedaço de mim, nesse instante e talvez não mais no próximo, tem isso a te dizer):

A noite é um vicio da vaidade. Fotógrafos, elogios, bajulações, olhares, paqueras. Babação de ovo. É um vício por intensidade e um vício por se sentir lindo e glamouroso numa luz baixa e colorida e psicodélica com trilha sonora e regado a combos duplos e cervejas.

É o vício por um paraíso em que se tem poucos minutos pra se mostrar para alguém e, por isso, nada se mostra (ao passo que tudo se projeta).

Não dá tempo de deixar transparecer suas fraquezas, seus defeitos, sua sobriedade doentia. Não dá tempo de sucederem silêncios constrangedores, e se existirem situações embaraçosas, elas nunca serão um problema, afinal estão todos entorpecidos e a música forte e de batida aloprada prevalece sobre qualquer bobagem dita.

Mas como diz minha irmã, tudo em uma festa é feito para durar pouco. Assim como ela dura algumas horas, o seu pedestal de rei nu também dura algumas horas, bem como suas amizades e suas paixões. Eles ficam lá, em uma vaga e surreal lembrança.

E quando as luzes se acendem? Você tem que lidar com seu eu sóbrio, sem os recursos e artifícios de uma trilha sonora constante, sem a sua melhor vestimenta, sem a anestesia do álcool. Com seus medos e fraquezas. Você tem q lidar com você mesmo, você e suas próprias armas, sem efeitos especiais.

E você quase não suporta ficar sozinho. Precisa se diluir na 'galera' e sentir que é alguma coisa. Até o próximo fim de semana você estará vampirizado e desgastado e murcho, e não perde por esperar pela próxima festa... Over and over again.

Ainda faltam 4 dias para o fim de semana.

Não faço idéia de como distrairei minha vaidade até que sexta-feira chegue.