13.12.07

"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros." (Clarice Lispector)

Como dói...

Eu estou de férias. Mas isso não diz absolutamente nada pra mim.

3.12.07

Jamais trairia seu rótulo de mulherengo. Aquilo era mais que uma característica, era uma insígnia que trazia consigo desde os tempos de colegial. Eram seus quentes papos de conhecedor de mulheres que o promoviam dentre sua roda de amigos, tornando-o admirado e até mesmo escolhido como uma espécie de conselheiro amoroso – o que é, no mínimo, curioso, uma vez que estamos tratando de um homem que nunca amara ninguém. “Ninguém” em específico, pois ele era, sem dúvida, um fervoroso amante de mulheres. Loiras, ruivas, morenas, todas tinham um lugar em seu coração – e em qualquer outra parte do seu corpo também. O que lhe excitava no universo feminino não era a exclusividade, e sim a diversidade, a capacidade de variação; ele preferia a absolutização ao invés da relativização: talvez sejam esses os motivos que nenhum envolvimento seu durara o suficiente para que nutrisse qualquer tipo de relação afetiva ou qualquer outra coisa que fosse além do enlace sexual.
Foi com considerável interesse que observou a chegada da nova colega de trabalho. Parênteses: ele se chamava Juca, trabalhava para uma agência Publicitária em um amplo escritório tomado de mesas, computadores e,presume-se, de pessoas. A moça entrou discretamente. Ele concluiu: era daquelas que entram nas vidas dos homens de forma discreta, só para devastá-las, e depois saem de fininho. O passo era brando, delicado, mas decidido; cabelos lustrosos, cheios de vida e movimento (de um louro acinzentado tão bonito que chegava a incomodar os olhos de uma maneira tal...não sabia se era tal um cisco ou tal um colírio); nos lábios, um batom exageradamente vermelho, mas não o suficiente para ofuscar o brilho dos olhos, tão azuis quanto... o céu (não conseguiu pensar em comparação menos clichê). Foi descendo o olhar... o blazer bem costurado,combinado com o decote sutil, dava à moça um ar de mulher séria e provocante ao mesmo tempo. Ah, sim, a mulher era, sem dúvida, deslumbrante, mas nada que ainda não tivesse provado parecido. Era bonita o bastante para dormir com ele, pensou, mas não impressionante o bastante para intimidá-lo. Continuou seu trabalho no computador. Os murmurinhos à sua volta dificultavam sua concentração. Por que raios a chegada de uma nova colega de trabalho causara tantos comentários? Ou uma estagiária,que fosse. Deu uma risadinha debochada ao imaginar que os colegas – tão inexperientes... – deviam estar despindo a nova colega de trabalho com a mente,sonhando em um dia tê-la...
[continua]

27.11.07

Era só o tempo frio e cinza que me fez cinza e fria também.

Eu não ousarei uma vez mais repetir que sou essencialmente melancólica, que o cinza é intrinseco a mim. Depois de um pouco de reflexão, vi a bobagem que fui capaz de pronunciar.
Quem teve depressão não sente saudade, não. Só quem teve depressão vê a bobagem que é viver com peso; a bobagem que é glorificar o cinza, o obscuro, a morte e o Lord Byron; a perda de tempo que é não valorizar a sensação de sentir o sol e o vento no rosto, a beleza do mar, o enigma de um céu estrelado.

O maior erro que pude cometer foi confundir profundidade com peso. Na falta de uma referência, me perdi no equívoco de asseverar que o culto, o profundo, é invariavelmente um ser pesado e triste. Não caiam nessa armadilha...faço questão de alertar a quem quiser me ouvir! Inteligência, como já afirmei por meio deste antes, é ser feliz. É saber que o mundo não é fácil, não; é não ser alienado. Mas é saber disso e mesmo assim sorrir, valorizar, dançar, beijar, abraçar, pular, se permitir. Isso sim que é profundo!

24.11.07

Melancolias de uma "pessoinha coloridinha"

Eu, que estava tão lépida e serelepe com a minha vida de pessoinha-coloridinha-e-feliz, agora tô me perdendo. Será que afinal ser "coloridinha" é a minha natureza? Será que eu suporto isso por muito tempo? Quem sabe eu seja essencialmente melancólica, pensativa e introspectiva, e não suporte essa vida "4 fun" de sair com a galera, de estar sempre rindo e fazendo farra. Às vezes tenho a impressão que é toda uma atmosfera forçada, pra mostrar pros outros, no fundo ninguém é amigo de ninguém de verdade, só andam com quem lhes convêm e quem lhes proporcione um momento imediato de diversão.
Talvez eu esteja errada, não sei... mas é a impressão que tenho tido nessa altura do campeonato. Eu simplesmente não consigo me aproximar de certas pessoas, só pra "socializar" e ficar "popular".. seria ir muito contra a minha natureza! Eu nunca fui uma pessoa de colecionar uma gama imeeeensa de "amigões 4 ever" que duram apenas o tempo de uma festa, mas sim de ter poucos e muuuito bons amigos. Admito, sou seletiva, sou chata, sou exigente. Não consigo fingir amizades e fingir que eu não enxergo que certas pessoas que se dizem amigos, se sacaneiam pelas costas.

Sei lá tambem...quiçá eu só esteja falando isso pq hj estou meio melancólica...a temperatura baixou, a chuva não pára...
Vamos ver o que acontece.... o tempo dirá.

9.11.07

Os copos iam sendo esvaziados naquela solitária mesa de bar. As mãos dele e dela que se aproximavam paulatinamente, à medida que iam conhecendo mais um ao outro. E se gostando.
Tudo que ela queria era a mão dele em seus cabelos: uma certeza a mais para que ela se entregasse. Perfumes misturados, cheiro de cigarro no ambiente, o vinho que descia, o calor que subia. E a vontade de chegar cada vez mais perto.
As mãos se entrelaçaram.
...Agora era tarde para voltar atrás.

4.11.07

Inteligente é quem é feliz

Um novo layout para uma nova era!!
...Não que eu que eu tenha virado A da pá virada ou algo assim (isso eu sempre fui, hou hou); inobstante indubitavelmente (uh, viva a pseudointelectualidade) eu estou muito menos romantiquenta do que já fui. Digamos que estou mais pragmática, objetiva ou coisa que o valha. Enfim... estou conseguindo me livrar daquela bolha cheia de conceitos abstratos em que eu vivia (afinal ultimamente a única coisa que eu fazia era dar voltas em círculos, sofrer, sofrer e não chegar a lugar nenhum). Fica a dica: às vezes faz muito bem à alma (e ao corpo) trocar a fixação intelectual por uma cervejinha e um pagodão. Sim, eu disse pagodão. Logo eu. E digo mais: é muito boooom! É muito bom se permitir.
Inteligente é aquele que é feliz. E tenho dito.
OBS: post tosco...mas eu vou deixar ele aí, afinal, estou aprendendo "a me permitir"!

25.10.07

Vento

De tarde eu quero decansar, chegar até a praia
Ver se o vento ainda está forte
E vai ser bom subir nas pedras
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora

Agora está tão longe
Vê, a linha do horizonte me distrai:
Dos nossos planos é que tenho mais saudade,
Quando olhávamos juntos na mesma direção
Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?

Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você está comigo o tempo todo
Quando vejo o mar
Existe algo que diz:
- A vida continua e se entregar é uma bobagem

Já que você não está aqui,
O que posso fazer é cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos
Lembra que o plano era ficarmos bem?

21.10.07

Cores

Estou escrevendo só para oficializar meu novo layout de magnólias primaveris hoho.
E para encher o saco de vocês também!

Não que a minha vida esteja cor-de-rosa, como o layout. E também não que ela esteja cinza, como o layout passado. Ela está uma espécie de "acor" (segundo o latim, o prefixo 'a' significa "sem", haha), isto é, um troço esquisito sem cor nenhuma, sem definição. Às vezes chega perto do rosa (algo como uma salmão opaco), e às vezes beira o cinza/preto. Ou seja, estou oscilando, indo e voltando...instabilidade típica de uma aquariana em crise como eu. Ainda mais no meio de tanta confusão e dúvidas, retrato do que é a minha vida nesse momento.

Técnica da masturbação mental: mente vazia oficina do diabo mente vazia oficina do diabo mente vazia oficina do diabo mente vazia oficina do diabo mente vazia oficina do diabo mente vazia oficina do diabo mente vazia oficina do diabo mente vazia oficina do diabo mente vazia oficina do diabo mente vazia oficina do diabo mente vazia oficina do diabo mente vazia oficina do diabo mente vazia oficina do diabo mente vazia oficina do diabo mente vazia oficina do diabo...

Entenderam? A moral é ser uma pessoa ativa, fazer várias coisas, ocupar a cabeça...daí nossa vida nunca fica um cinza total.
E onde fica o cor-de-rosa? Ah, disso o tempo se encarrega.

18.10.07

Monólogo

Eis aqui eu com meu monólogo. Ecco lo (afinal tive prova de italiano essa semana). Nunca estive tão cinza. Mais cinza que o layout do meu blog, acredite. Além de cinza estou me sentindo tão buurra, sem nada a acrescentar a ng. Tanto é que eu não tenho nada de interessante pra escrever aqui a não ser os meus problemas. Eles sempre voltam. Se eu pelo menos soubesse o que eu realmente quero, daí eu tomaria uma decisão, não sofreria tanto...mas pra isso eu precisaria me conhecer. E eu não me conheço.
Mas vejam, sempre tem um sábio para nos salvar com suas palavras cheias de prudência experienciada. O sábio dessa vez é... é... Luana Piovani! "No fundo do poço sempre tem uma cama elástica".
Hahaha, isso não teve graça.

30.9.07

auqoemfla sieodlsja sjkoaksla loucuras gabrielais

Esse post vai soar a coisa mais "my dear diary" do mundo, mas eu não tenho mais problemas com isso. Afinal, quem sou eu senão a criatura mais paradoxal e contraditória do planeta, que faz coisas que 5 minutos atrás abominava e 5 minutos depois do feito passará a abominar novamente. Sim, um turbilhão de informações, uma diarréia silábica, uma masturbação mental, preparem-se. Porque agora eu não estou contando causos alheios. Eu estou divagando acerca da minha vida :)
Eu estou me sentindo uma garotinha de 14 anos novamente. Confusa, revoltadinha, irritadinha, adorando se auto denominar neurótica e problemática. A esse ponto eu já esqueci todas as regrinhas da escrita polida e foda-se se você não gostar (viu? a criança revoltadinha atacando).
Eu sempre me considerei uma pessoa bem cética. Tanto é que eu sou atéia. Só que eu comecei a acreditar num lance de energias que perambulam poraí, feito fluidos uivantes. Sei lá, deve haver algo maior. Eu continuo achando que o mérdito de eu ter passado no vestibular não foi meu, e sim dessas energias misteriosas. Afinal, como eu tirei 19/25 em biologia se eu não sabia nem o que era uma planária? (tá, eu sabia o que era uma planária, mas todo mundo conhece esses bichinhos simpáticos que escovam os dentes depois de cagarem). O fato é que desde ontem eu comecei a achar legal andar com um colar com pingente de anginho abençoado pelo Papa. Meu Deus, há uns meses atrás eu me acharia uma otária.
Por uns quatro dias passei por uns momentos singulares e bizarros na minha vida. Tá certo que eu estava dopada de remédios, mas eu me sentia totalmente apática, estável, não tinha nenhum sentimento. Era como um momento mágico da minha vida. Eu pensava unicamente em mim, sem valorações e influência de sentimentos como medo e ansiedade. Eu simplesmente refleti o que seria melhor pra mim, e me senti tão plena com isso. Daí, do nada, esse sábado, tudo desabou. Voltei a ser um ser humano, a chorar e a ter medos. Ó vida, não sei o que faço.
Desculpem pelo post, por ele ter sido confuso, violento e egoísta, mas sinceramente ele foi muito mais pra mim do que pra vocês. Beijos ;)

25.9.07

Escritas bonitas

Ando passando por um hiato criativo. Não me sinto mais capaz de escrever coisas bonitas. Digo bonitas, e não úteis, porque sei que escritas úteis não existem. No máximo as palavras nos tocam, nos fazem refletir por um tempo e depois esquecemo-las. (Talvez eu não concorde com o que acabei de dizer e só tenha o dito pois por estar em crise).

Então, deixo-os com Clarice, sempre uma sábia companhia.

... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, espararei quanto tempo for preciso.”

22.9.07

Rapidinha

Reflexão: Todos temos em comum o fato de compartilharmos um período curto de vida, em contraste com um tempo histórico gigantesco.

É vero. Nós e nossos contemporâneos fazemos parte de uma mínima fatia do tempo. Temos isso em comum. Então, a pergunta que não quer calar: para que perdermos tempo com ódio e intolerância?

(Sim, momento altruísta.)

19.9.07

A mocinha

"Tão logo o viu, o coração a palpitar, desentendido, a julgar pela primazia dos gestos – ah, obséquio, sem eufemismos –a julgar pelos gestos abruptos, esdrúxulos, luxuriantes e de uma violenta malícia; os protestos às mãos que agiam com destreza, a procurar o desejado com demasiada lascívia. Inobstante, cabendo aqui dizer – por que não – paradoxalmente, gestos aqueles, que extravasavam o lascivo, beiravam o pueril. Como pode?, ah, ora, mas aquilo era pura malícia inocente (na tentativa malograda de transcender o inocente, deixando a meninice de lado).
Lábios inchados de pudor que se mordiscavam, carnívoros; a inocência da menina que era como muralha, atravancando os esforços do menino que tanto sonhara com o momento sublime da conjugação carnal primeira. Com a turgidez repentina, a fúria de um animal que partia para cima da presa. Pudica, acanhada, ah, mas quanto medo sentia a criaturinha, frente àquele desavergonhado!; nem sequer o conhecia. De súbito: qual tua graça?, indagava ela, resignada, malsucedida na tentativa de travar prosa naquela hora tão inoportuna. O álcool dilatara as têmporas do menino, agora a mostrar-se sonolento. O sorriso angustiado de quem se despede para sempre, - tenho que ir -,e o menino despeitado, furioso por tudo aquilo que poderia se ter concretizado, muito embora fora tão efêmero..."


Primeira parte de um texto que eu escrevi em um tempo em que estava muito apaixonada e que lia muita Clarice Lispector. Haha. Na verdade é meio que a descrição exagerada do primeiro dia que beijei meu atual namorado. Isso faz...uns 4 anos? =)
Espero que tenham gostado do novo lay...com a glamourosa Audrey! Aquele meu último era muito feiosinho, coitado =/
Allora...andiamo a la salsa! (eu tenho aula de salsa agora, te mete).

12.9.07

Carta-homenagem à minha avó (1943 - 2000)

Dia 13 tu farias aniversário. Eu lembro que tu costumavas dizer que dia 13 não era número de azar coisa nenhuma, era número de sorte – segurando o corriqueiro chimarrão e comendo seus pãezinhos com geléia da colônia (eu aprendi a gostar por tua causa!).
Vó Vilma, talvez tu não saibas, mas eu penso muito em ti. Praticamente todo dia. Penso em ti com orgulho. Quando tu faleceste, eu era muito pequena pra te compreender. Mas hoje, pelos fatos, pelas conversas a teu respeito, pelas lembranças, constato o quanto tu eras sensacional. Uma mulher forte, à frente do seu tempo. Saiu ainda nova de Estrela, num tempo em que todo mundo se acomodava no interior, para trabalhar em Porto Alegre. Lá, formou-se em Direito. Primeiro lugar da turma! Eras muito inteligente e esforçada. Valorizava os estudos e o intelecto. Sabias o que queria. Já com os dois filhos, foi obrigada, pelas circustâncias, a deixar um deles, o menor, em Estrela. Sei que sofreste. Tu e o vô tinham que trabalhar e estudar muito, para poderem dar uma vida boa para os meninos. E conseguiram.
Gostavas muito de português – eis uma das muitas coisas que herdei de ti. Ah, dizem que eu tenho as mãos iguais às tuas. Lembro que me emprestavas teu esmalte (aquele rosinha fraco, lembra?) e me ajudava a pintar as unhas quando eu tinha uns 8 anos. Nos dias de celebração, tu pintavas as unhas de vermelho. Eu achava tão lindo! Eu gostava daquela caixinha marrom que guardava botões e joaninhas, que colocavas nos blusões de tricô que fazias. Eu sempre brincava com os botões, aquela era uma caixinha de surpresas para mim.
Das grandes lembranças que tenho de minha infância, em todas estás presente. Tu foste a melhor avó do mundo, sou muito grata a ti. O amor que tinhas por mim e pela minha irmã está até hoje marcado em mim, entranhado em meu ser. Lembro quando foste me buscar da escola após meu primeiro dia na 1ª série do Ensino Fundamental. Compraste um álbum de figurinhas das Princesas da Disney para mim! Folheou o álbum inteirinho comigo, leu as historinhas em voz alta. Fui almoçar na tua casa. Lembro do cheio do bife com batata frita que fizeste só para me agradar. E a sobremesa? Era sempre a mesma: um mousse metade de chocolate, metade de creme. Eram servidos em umas tigelinhas de vidro que sempre pedias para eu buscar na geladeira.
Arraigadas em mim também estão as lembranças de nossas brincadeiras de Barbie. Tu adoravas me ajudar a vesti-las! Era um sonho realizado, afinal nunca tiveste filhas. O teu sonho também era levar tuas netas para Disney. Conseguiste! Eu sei que já estavas fraca e com dores. Mas foi uma viagem muito feliz. Aliás, uma das coisas que adoravas era viajar. Numa época em que poucos conheciam o exterior, tu e o vô já tinham visitado toda a Europa e os Estados Unidos.
Vovó, eu lamento muito tua morte precoce. Eu lamento muito não ter te conhecido melhor. Penso nas conversas que nunca tivemos. Penso nas viagens que nunca fizemos. Tenho certeza que sou muito parecida contigo. Sede de independência, ânsia de viajar, de estudar. Gostaria que tivesse me visto quando passei na federal. Tenho certeza que me estimularia muito, ficaria muito feliz por mim. Às vezes me perco devaneando acerca de como seria te encontrar. O que eu diria, o que tu dirias. Eu teria tanto a te contar!
Sofro muito até hoje a tua perda. Me emociono muito ao lembrar de ti. Só tenho a te agradecer por tudo que foste para mim, pelas marcas positivas que deixaste em minha pessoa. Pelo amor que dedicou a mim. Eu também te amei muito, vó, e até hoje amo. Não sei onde tu estás agora mas um dia iremos nos encontrar, e daí conversaremos muito sobre Direito, viagens, unhas, amores...Tenho muito orgulho de ti, vó, e me espelho muito na pessoa maravilhosa que foste.

9.9.07

Idosa Frenética II, conservadores, eventos...

A Idosa Frenética deu o que falar! A continuação da saga desta senhora um tanto quanto arteira apresenta-se nos escritos de hoje. Trata-se da mesma conversa, do mesmo dia e do mesmo lugar do post passado, entretanto digamos que...com uma dose a mais de pimenta. Tirem as crianças da sala, e quem é menor de 18 anos façofavor de nem ler isso aqui, porque é feio, ok?

Compartimentarei as perigosas frases de Dona Benta* (*nome modificado para não comprometer a identidade real da nossa dita cuja) de forma diferente do post passado.

Primeiro Marido (menininhas ingênuas, preparem-se para o escândalo)
"Não rezo um Pai Nosso por ele!"
"Eu até gostava dele, mas não tinha tesão..."
"Casei com 17 anos...era muito novinha, tinha medo...doeu prá burro..."
"[...] ficava me pedindo pra cortas suas unhas do pé...Deus me livre, que nojo!"
Homens
"Sabe, menina, que não aparece um diabo? A concorrência é forte...ficam indo umas guriazinhas (lê-se por guriazinhas senhoras de 60, 65 anos) nos mesmos bailes que eu, aí não dá! Homem sempre quer as mais novinhas..."
"Há uns dez anos namorei um moreno bem novinho... Parecia um ator da Globo, era um pedaço de mal caminho. Mas tu sabe que na cama eu não senti nada, nadinha?? Beleza não quer dizer nada..."
Sexo
"Eu me considero uma professora do sexo...tenho experiência na coisa, ora"
"Vê se não esquece o que eu vou te falar... sexo oral tem que ser recíproco!"

... Só lembrando também que ela passou a conversa toda com um copo de whisky na mão, e às vezes parava de me dar atenção do nada e começava a dançar serelepe e alegremente umas musiquinhas que tocavam no ambiente. Ela me aconselhou a não casar nunca, e se for pra ter filhos, que seja bem tarde, para eu poder aproveitar bem a vida.

Vamos combinar, essa mulher é um máximo. Totalmente quebradora de paradigmas. É claro que eu me conheço e sei que nunca conseguiria ser como ela, pois eu sonho em me casar e tal (um casamento que alie amor + tesão, é claro). Mas não posso deixar de aplaudir uma pessoa como ela. O que mais vem me irritando ultimamente são certas pessoas conservadorazinhas e hipócritas que perambulam poraí. Condenam a tudo e a todos, apontam o dedo podre e julgam qualquer coisa. Andei lendo o blog desta mulher, que mora nos EUA, e cita casos muito interessantes de escândalos com conservadores americanos nojentos e homofóbicos, que, após uma vida política reprimindo gays e votando a favor de leis que o reprimam cada vez mais, são flagrados com garotos de programa. Falso moralismo é fod* né...

Mudando de assunto, não posso deixar de citar um evento e um filme que assisti nessas últimas duas semanas:

Teatro Negro de Praga
"[...]O que impressiona é a técnica de teatro negro. Em um palco escuro, objetos pintados com tinta fluorescente são manipulados por atores vestidos de preto dos pés à cabeça. Iluminados apenas com luz negra, os objetos parecem flutuar no palco. Criado por Jirí Srnec, essa técnica mistura teatro e magia com elementos de mímica e cartoon." (Folha Online)
Fantástico, genial... música, poesia e magia aliados a uma técnica perfeita. É lindo. Nunca irei esquecer =)

Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída
Ok, é considerado um clássico. Mas eu odiei ver. Cenas pesadas, explícitas, que me deixaram cheia de náusea (e olha que eu não sou nada fresca). Até que ponto vale a pena assistirmos a cenas assim, cruas, pesadas? Acho vale a pena se elas incitam algum tipo de reflexão, nos acrescentam algo. Mas não achei que foi o caso de Christiane F. O filme é muito pesado pelas cenas, mas não me trouxe muita reflexão. Tá, eu sei que é o retrato de uma geração, da destruição pelas drogas... Mas o filme deixa a desejar ao abordar muito pouco as impressões da menina, sua carga emocional, conflitos. Mais informações aqui.

Agora vou levantar a bunda dessa cadeira pois tenho muito a fazer.
Ah, notaram que eu mudei o layout?
Beijos!

29.8.07

Idosa frenética e comunidades do Orkut

ELA: Sabe, a minha primeira vez doeu prá burro!
EU: é? hehe...
ELA: É. Mas agora sou eu que empurro os cara’ pra cama!
EU: ahn... hehe...
ELA: Eu gostava do meu ex-marido (falecido). Mas eu não tinha tesão por ele, sabe?
EU: ...

Até seria uma conversa normal entre duas mulheres. Isso se “ELA” não se tratasse de uma “gata idosa” (auto-denominação) de 85 anos com um whisky na mão e amiga da minha bisavó. Local do acontecido: aniversário da minha bisavó, em uma cidade do interior (Estrela-RS).

Isso que eu chamo de uma vanguardista! Quando crescer quero ser que nem ela.

Mudando de assunto, a Cintation me indicou o joguinho das 5 comunidades do Orkut. Obrigada =D
Aí vai:

1. É? É mesmo? Poxa que legal campeão.
"Se vc sempre teve vontade de dar um "é mesmo?" pra alguem que te faz alguma afirmação idiota, ou coisa que vc ja saiba, ou até mesmo quando você está sem paciência pra escuta algo entre aqui e seja feliz!!!"
Essa comunidade é ótima. Adoro citá-la em momentos em que as pessoas falam coisas totalmente óbvias e, principalmente, quando elas começam a falar demais de si mesmas e de suas conquistas, de forma esnobe.

2. Drogas Alternativas
"Se você fica muito doido com:
- Chocolate- Café- Açúcar- Cheiro de gasolina- Cheiro de acetona- Cheiro de esmalte - Cola de Isopor- Vick- Sorine- Jujuba- Coca-Cola - Coca-Cola Light- Halls (preto)- Música- Internet- Pringles- Açaí- Listerine..."
Dispensa comentários né!

3. Eu fico olhando o nada
"Contemplem a voluptuosidade do nada.
01 "Acho que é a busca por algo que não se sabe o que é." Poliana Cristina
02 "Total falta de interesse pelas futilidades debatidas naquele momento visto que a morte da bezerra às vezes parece mais importante" Douglas Campos
03 "Solidão!" Lidiane Haas"
Às vezes eu fico horas contemplando o nada. E podem acreditar, não se trata de um hábito vazio.

4. Não sou metido(a), sou míope!
"Para as pessoas que sempre são taxadas de metidas por ignorarem pessoas conhecidas e queridas...essa é a hora de revelarmos o nosso grande segredo....que na verdade nós somos todos ceguetas mesmo!!! hehe"
No meu caso,é a maldita hipermetropia: na rua ando sem óculos e não enxergo ninguém.

5. GET A LIFE!
"O clube social de quem não aguenta mais suportar indivíduos que adoram se intrometer em nossas vidas."
Tem gente que precisa criar uma própria vida e deixar de viver para os causos alheios.


Fui! ...E não percam o próximo post, "Idosa frenética II..."!

27.8.07

Intensidade

Sábado, noite fria. Ébria do álcool (e do amor), acalorada do vinho (e...). Ele em minha frente, violão em mãos. Tocando e cantando uma velha canção. Será possível que a intensidade do momento seja tão grande que transcenda o cognitivo, ou o sensível, e se faça sentir no mundo físico? Sim, é possível. Eu sentia intensidade, sob forma de calor, eu transbordava intensidade, sob forma de lágrimas discretas. Eu o amo tanto, e ao seu lado a vida pode ser tão feliz...

Sob um céu de bluuueeeess....

18.8.07

Deixa o sol bater na cara, esquece tudo que te faz mal...

Coisas tão simples que nos fazem sentir realmente bem:

1. Sentir o sol no rosto...no corpo... Curtir o momento. Se for num parque, com um chimarrão em mãos e em boa companhia, então nem se fala! É um momento que proporciona uma sensação de intensidade e de vida (vida realmente "vivida", entende?) muito grande.

2. Dançar, dançar e dançar! Descobri-me a pessoa mais feliz do mundo ao colocar os fones do meu i-Pod e projetar minha imagem na frente do espelhão do meu quarto - dançando, dançando loucamente! Saltitando, fazendo passes bizarros (tipo de ballet...haha), rodopiando... A saber, uma das melhores músicas pra dançar na frente da própria imagem é "I'm a believer", do Smash Mouth (vide trilha sonora do filme do Shrek).
I thought love was only true in fairy tales
Meant for someone else but not for me
Love was out to get me
Thats the way it seemed
Disappointment haunted all my dreams
Then I saw her face
Now Im a believer...

Ulalá!

Novo layout! Gostei bastante =) Mais clean e mais maduro que o anterior.

12.8.07

Aceitação X Caricatura

A modéstia não me permite revelar o nome do gênio criador da Hexapartição”, disse uma vez um professor da faculdade. Tomo as suas palavras e faço minhas, não obstante dirigidas a uma frase criada por mim nos lidos do século XXI (é, acho que foi semana passada): “quem não sabe quem é, acaba virando uma caricatura de si mesmo”. Pago pau pra essa frase pois ela é resultado de uns 19 anos de árdua reflexão. Sim, árdua, porque refletir, pensar, dói pra caramba. E eu costumava gastar uns 80% do meu dia confabulando (comigo mesmo, evidentemente) acerca da personalidade perfeita. Eu admirava muitas qualidades alheias, e sonhava em possuí-las. Fui construindo em minha mente uma espécie de inventário de predicados que eu gostaria de possuir, sonhando em como minha vida seria maravilhosa se os tivesse. Eu seria linda, dinâmica, espontânea, loira, teria um cabelo assim, uma tatuagem assado e, trocando em miúdos, seria perfeita.

Sim, uma perfeita aberração – constatei com o tempo. Eu seria uma caricatura ambulante, um ser sem personalidade, apenas com qualidades coletadas dos outros. A questão é que, uma qualidade só é qualidade quando em harmonia com defeitos. E eu, em minha ingenuidade, sonhava em ser uma dispensa de qualidades amontoadas desordenadamente. No dia em que eu tivesse aquela roupa, ou aquele cabelo, apartir daquele dia, minha vida mudaria. Eu seria uma pessoa interessante, glamourosa, e todos meus problemas acabariam. Era o conforto que eu encontrava. O consolo da realidade, eu buscava na idealização de um futuro tão imaginário quanto impossível.

Com o amadurecimento e com a terapia,posso ver o quão enganada eu estava. O meu problema, assim como o de muita gente poraí, é querer brilhar sempre, almejar ser sempre um ser excepcional, capaz de provocar admiração e inveja alheia. 24h por dia, ser uma estrela. Pois é muito mais admirável, garanto, ser uma pessoa simples, “legal”, “normal”, mas autêntica. Para que forçar uma espontaneidade que não existe, se sou tímida, por exemplo? Aprendemos, paulatinamente, a compreender a nós mesmos. Compreender que temos deficiências, fraquezas, que não serão ofuscadas ao tentarmos imitar a força alheia (que muitas vezes não é força, mas mera máscara social – muitas coisas parecem mas não são, não esqueçamos disso).

Esse texto não tem uma conclusão. Eu estou em fase de negociação com minha própria personalidade – estou aos poucos a aceitando, odiando-a e admirando-a. Mas posso afirmar que sinto estar no caminho certo.

8.8.07

Partituras

Cada pessoa vai formando sua partitura ao longo da vida. Cada pessoa contém em si uma música a ser desenvolvida. É triste quando duas músicas diferentes se combinam e, de súbito, não sincronizam mais, fogem de sua harmonia e ficam insustentáveis. Um abismo invisível se impõe, e a despeito da luta das notas musicais para se harmonizarem outra vez, o abismo persiste e faz delas melodias incruzáveis.

29.7.07

Pam-Pam-Pam

Tive que ceder e concordar que o Pan foi muito legal. Admito que sempre critiquei o Brasil, que não tem nem comida pra população, gastar bilhões com isso, vilas ostensivas e requintes. Mas é fato que eu adorei assistir o meu país ganhando várias medalhas. =)
Entretanto, não podemos negar uma coisa...

É f***, mas é verdade. É sempre assim. O Papa vem visitar o país, o Bush vem visitar o país, e aparecem do nada milhares de guardas, brigadianos e soldadinhos passeando pelas ruas. O mesmo ocorreu com o Panamericano. O pessoal vai relaxar legal agora, os policiais vão voltar à sua vida de cervejinha, mulher e futebol, e a população, à tradicional roubalheira. Já tá banalizado, 'Brasil é assim', o pessoal se conformou mesmo. Ao mesmo tempo, todo mundo se faz de indignado com os acontecimentos: corrupção, caos aéreo, blablablá. Tá, e nós fazemos o que pra mudar isso, meu povo brasileiro? =P

OBS-nada-a-ver: Descobri que eu valho $2,302,596... pô, achei pouco hein...

18.7.07

Reflexão de uma Tragédia

Em meio à histeria do PAN, em meio a um Brasil aparentemente próspero, lindo, e de fato cheio de turistas, vilas panamericanas ostensivas e gastos milionários com o Panamericano (bóra convocar CPI), eis que acontece uma tragédia. Para quem não sabe, um avião da TAM saído de Porto Alegre (minha cidade), derrapou na bela pista do aeroporto de Cogonhas, que em sua plenitude jaz simplesmente no meio de São Paulo. O avião tenta decolar novamente mas, malsucedido, explode, juntamente com o hangar da TAM. Todos mortos. Eram 176 passageiros, incluindo crianças. A maior tragédia da aviação da América Latina. Devo dizer que esse acontecimento me chocou muito. Não só porque lá dentro estavam dois conhecidos de meus pais e dois irmãozinhos que estavam indo a São Paulo para visitar os avós, mas porque, de fato, foi uma grande tragédia. Pus-me a pensar uma porção de coisas. Ora, a maioria dos passageiros eram pessoas trabalhadoras, que iam a SP a trabalho, e que se empenhavam na construção de uma vida digna. Uma vida planejada, vivida, sentida, sonhada, e, de súbito, interrompida. Como devem ter ficado os pais dos irmãos que estavam naquele avião? Certamente, a vidas desses pais acabaram também. Essas reflexões só me levaram a uma conclusão: como somos frágeis. Sim, frágeis, filosoficamente falando. Remetendo a um belo livro que li, “A insustentável leveza do ser”: somos leves. E “leves” é alusivo a “frágeis”, “vulneráveis”. Somos totalmente leves, e essa leveza é insustentável. A qualquer momento, qualquer coisa acaba com nossos sonhos, com nossos planos, com nosso empenho, com nossa vida.

Até quando vamos aceitar o caos aéreo? Ouso dizer, até quando engoliremos essa negligência toda?

13.7.07

Extra-terrestre

É uma sexta-feira de noite. Eu deveria estar na festa, com meu namorado. Teoricamente, o meu lugar. Mas estou vestida que nem uma mendiga, na frente do computador e com uma panela de negrinho no colo. Creio que seja o meu jeito de "encher a cara".

Nossa, me sinto uma extra-terrestre. Qualquer pessoa da minha idade preferiria estar na "balada" agora, e certamente me tomaria como um ser "anti-social". Mais do que uma extra-terrestre, sinto-me culpada por ser assim.

7.7.07

Registro Inicial...

O primeiro post é sempre uma incógnita. O que eu escrevo aqui? O que pensarão os outros a respeito de mim, do layout, das minhas idéias...? Nada me resta além de uma apresentação. “Oi, eu sou a Gabriela”. Não, não...muito tosquinho...e pra quem quiser saber a meu respeito, tem várias coisas na parte devida reservada a isso no blog. Enfim, não sei. Um post de apresentação é um post de apresentação e pronto...é difícil colocar conteúdo útil em um post desses. Estou meio perdida, vou tentar me encaixar neste mundo bloguístico já cristalizado, que já tem seus ídolos e seus abominados. Espero fazer boas amizades, e espero também que vocês gostem aqui do meu cantinho.
Um beijo a todos!

OBS: creio que o dia 07/07/07 seja um dia ótimo para uma estréia né?? óóhh o número cabalístico...