26.1.10

Me inventando

Então eu me ponho a inventar jeitos de ser. Estilos. Personalidades. Modos de rir com o canto da boca e de piscar os olhos. Expressões e trejeitos que serão a minha marca.


Eu, crua, não me agrado.

21.1.10

Escolhas que a vida faz pela gente (por mais que não concordemos)

Eu tenho esse problema. É um problema horrível, que me desencadeia muitos outros probleminhas e que ainda vai dar azo a muitos problemões.
Eu não a compreendo, não quero compreender e tenho raiva de quem compreende: a efemeridade.
“É essa coisa do ciclo da vida”, diria, muito casualmente, Dr. House. É essa coisa de que a morte faz tão parte da porra do tal ciclo da vida quanto o nascimento. A morte não só de pessoas, mas também de sentimentos, de situações, de rotinas, de idéias, de sonhos.
“Y nadie sabe por qué un día el amor nace / Ni sabe nadie por qué muere el amor un día / Es que nadie nace sabiendo, nace sabiendo / Que morir, también es ley de vida.”

Exemplo dos probleminhas que minha incompreensão me traz: ontem chorei pelo ex-namorado… da minha irmã. Sim, repito, e eu sei que é foda de acreditar: eu chorei pelo ex-namorado da minha irmã. Eu pensava: ele era tão querido, fazia tão bem a ela. Olhei para uns quadrinhos que ele fez . Lembrei de como eram as rotinas de quando ele freqüentava nossa casa. E não consegui conter as lágrimas que inundaram minhas simpáticas bochechas, que ficaram mais inchadas do que nunca, junto com o rosto inteiro.

Exemplo do problemão: Meu coração tá rachado. Despedaçado. Em quinhentos milhões de caquinhos. Parece que tem uma faca cravada ali, futricando os ferimentos, sádica. E o nó na garganta que nunca vai embora. E as lágrimas que vezenquando aparecem lá no escuro do meu quarto. Os cheiros que me trazem memórias e lamentos. A canções. As rimas...
É tanta coisa que atualmente eu ando tendo que me convencer que é página virada. Não falo só de amor, mas de diversos outros sentimentos mais pueris que eu cultivava. Por que o “mundo cruel” (como ironizou um amigo meu) está me enfiando pela goela: a fila anda. E esse tal de mundo cruel tem um fórceps gigantesco que quer arrancar de mim os meus sentimentalismos e fazer parir uma mulher de verdade. Que nada tem a ver com a Amélia, não.
“La tierra parece estar quieta
Y el sol parece girar,
Y aunque parezca mentira
Tu corazón va a sanar
Va a sanar
Va a sanar
Y va a volver a quebrarse
Mientras le toque pulsar”
OBS: Trechos da música Sanar, do Jorge Drexler. Ele canta no nosso ouvido e as máguas parece que vão se acalmando...

11.1.10

Inteligência Social


Dia desses estava almoçando com uma amiga querida, e o tal assunto surgiu: a capacidade de certas pessoas de promoverem um invejável marketing pessoal. Muito mais do que marketing pessoal, é possível atribuir a essas pessoas uma extrema inteligência social.

Os “inteligentes sociais” são capazes de vender uma idéia que não corresponde completamente com a realidade. Não que sejam falsos. Não necessariamente. Mas, por exemplo, se eles não vão tão bem assim nas provas da faculdade, se matam estudando e depois deixam transparecer poraí que nem sequer tocaram em um livro. Se choram toda noite no escuro do seu quarto, à luz do dia exibem o sorriso mais fácil e radiante, assim como os dentes mais brancos e reluzentes que já se viu antes. Se o namoro não vai muito bem, em público eles são o casal mais apaixonado do mundo, e nas redes sociais esbanjam fotos de um relacionamento saudável e feliz. Aliás, falando em redes sociais... o perfil no Orkut dessas pessoas costuma exibir muitas fotos que traduzem sua felicidade, e os depoimentos efusivos de amigos não são poucos.

Em geral, os inteligentes sociais são muito bons em estabelecerem contatos úteis, e seu dom para o networking espalha ainda mais sua reputação de pessoa perfeita e bem sucedida. Sabem como agradar a pessoa certa, na hora certa, seja um contato profissional ou uma amizade que trará benefícios, como, por exemplo, de alguém muito popular em determinado meio.

Eu não vou dizer que esse grupo “engane” todo mundo, pois a palavra não é, necessariamente, enganar ou ludibriar. Mas as pessoas dotadas de inteligência social conquistam a todos, e são, de fato, capazes de vender uma idéia de espontaneidade, inteligência, caráter, senso de humor, enfim, de perfeição. E essas pessoas têm o dom de esconder seus defeitos e fraquezas, muito embora, às vezes, deixem escapar algum furo ao observador mais atento, ou àquele que possui uma intuição aguçada.

Eu não consigo não me deixar transparecer... Sou involuntariamente honesta e eloqüentemente sincera. Meu humor autodepreciativo é irrefreável. Minhas caretas de insatisfação são mais fortes do que eu. Creio ser dotada de uma inigualável burrice social. Eu não consigo esconder nada, a começar pelos meus defeitos. Minha auto-estima nada hígida me denuncia. Gostaria que meus próprios olhos enxergassem uma imagem melhor a meu respeito, mas sou exigente por demais. Se eu quiser vender poraí que sou perfeita, estarei enganando a mim mesmo, e isso seria me violentar.


"...depois de todas as tempestades e naufrágios o que fica de mim e em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro" (C.F.)