30.9.07

auqoemfla sieodlsja sjkoaksla loucuras gabrielais

Esse post vai soar a coisa mais "my dear diary" do mundo, mas eu não tenho mais problemas com isso. Afinal, quem sou eu senão a criatura mais paradoxal e contraditória do planeta, que faz coisas que 5 minutos atrás abominava e 5 minutos depois do feito passará a abominar novamente. Sim, um turbilhão de informações, uma diarréia silábica, uma masturbação mental, preparem-se. Porque agora eu não estou contando causos alheios. Eu estou divagando acerca da minha vida :)
Eu estou me sentindo uma garotinha de 14 anos novamente. Confusa, revoltadinha, irritadinha, adorando se auto denominar neurótica e problemática. A esse ponto eu já esqueci todas as regrinhas da escrita polida e foda-se se você não gostar (viu? a criança revoltadinha atacando).
Eu sempre me considerei uma pessoa bem cética. Tanto é que eu sou atéia. Só que eu comecei a acreditar num lance de energias que perambulam poraí, feito fluidos uivantes. Sei lá, deve haver algo maior. Eu continuo achando que o mérdito de eu ter passado no vestibular não foi meu, e sim dessas energias misteriosas. Afinal, como eu tirei 19/25 em biologia se eu não sabia nem o que era uma planária? (tá, eu sabia o que era uma planária, mas todo mundo conhece esses bichinhos simpáticos que escovam os dentes depois de cagarem). O fato é que desde ontem eu comecei a achar legal andar com um colar com pingente de anginho abençoado pelo Papa. Meu Deus, há uns meses atrás eu me acharia uma otária.
Por uns quatro dias passei por uns momentos singulares e bizarros na minha vida. Tá certo que eu estava dopada de remédios, mas eu me sentia totalmente apática, estável, não tinha nenhum sentimento. Era como um momento mágico da minha vida. Eu pensava unicamente em mim, sem valorações e influência de sentimentos como medo e ansiedade. Eu simplesmente refleti o que seria melhor pra mim, e me senti tão plena com isso. Daí, do nada, esse sábado, tudo desabou. Voltei a ser um ser humano, a chorar e a ter medos. Ó vida, não sei o que faço.
Desculpem pelo post, por ele ter sido confuso, violento e egoísta, mas sinceramente ele foi muito mais pra mim do que pra vocês. Beijos ;)

25.9.07

Escritas bonitas

Ando passando por um hiato criativo. Não me sinto mais capaz de escrever coisas bonitas. Digo bonitas, e não úteis, porque sei que escritas úteis não existem. No máximo as palavras nos tocam, nos fazem refletir por um tempo e depois esquecemo-las. (Talvez eu não concorde com o que acabei de dizer e só tenha o dito pois por estar em crise).

Então, deixo-os com Clarice, sempre uma sábia companhia.

... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, espararei quanto tempo for preciso.”

22.9.07

Rapidinha

Reflexão: Todos temos em comum o fato de compartilharmos um período curto de vida, em contraste com um tempo histórico gigantesco.

É vero. Nós e nossos contemporâneos fazemos parte de uma mínima fatia do tempo. Temos isso em comum. Então, a pergunta que não quer calar: para que perdermos tempo com ódio e intolerância?

(Sim, momento altruísta.)

19.9.07

A mocinha

"Tão logo o viu, o coração a palpitar, desentendido, a julgar pela primazia dos gestos – ah, obséquio, sem eufemismos –a julgar pelos gestos abruptos, esdrúxulos, luxuriantes e de uma violenta malícia; os protestos às mãos que agiam com destreza, a procurar o desejado com demasiada lascívia. Inobstante, cabendo aqui dizer – por que não – paradoxalmente, gestos aqueles, que extravasavam o lascivo, beiravam o pueril. Como pode?, ah, ora, mas aquilo era pura malícia inocente (na tentativa malograda de transcender o inocente, deixando a meninice de lado).
Lábios inchados de pudor que se mordiscavam, carnívoros; a inocência da menina que era como muralha, atravancando os esforços do menino que tanto sonhara com o momento sublime da conjugação carnal primeira. Com a turgidez repentina, a fúria de um animal que partia para cima da presa. Pudica, acanhada, ah, mas quanto medo sentia a criaturinha, frente àquele desavergonhado!; nem sequer o conhecia. De súbito: qual tua graça?, indagava ela, resignada, malsucedida na tentativa de travar prosa naquela hora tão inoportuna. O álcool dilatara as têmporas do menino, agora a mostrar-se sonolento. O sorriso angustiado de quem se despede para sempre, - tenho que ir -,e o menino despeitado, furioso por tudo aquilo que poderia se ter concretizado, muito embora fora tão efêmero..."


Primeira parte de um texto que eu escrevi em um tempo em que estava muito apaixonada e que lia muita Clarice Lispector. Haha. Na verdade é meio que a descrição exagerada do primeiro dia que beijei meu atual namorado. Isso faz...uns 4 anos? =)
Espero que tenham gostado do novo lay...com a glamourosa Audrey! Aquele meu último era muito feiosinho, coitado =/
Allora...andiamo a la salsa! (eu tenho aula de salsa agora, te mete).

12.9.07

Carta-homenagem à minha avó (1943 - 2000)

Dia 13 tu farias aniversário. Eu lembro que tu costumavas dizer que dia 13 não era número de azar coisa nenhuma, era número de sorte – segurando o corriqueiro chimarrão e comendo seus pãezinhos com geléia da colônia (eu aprendi a gostar por tua causa!).
Vó Vilma, talvez tu não saibas, mas eu penso muito em ti. Praticamente todo dia. Penso em ti com orgulho. Quando tu faleceste, eu era muito pequena pra te compreender. Mas hoje, pelos fatos, pelas conversas a teu respeito, pelas lembranças, constato o quanto tu eras sensacional. Uma mulher forte, à frente do seu tempo. Saiu ainda nova de Estrela, num tempo em que todo mundo se acomodava no interior, para trabalhar em Porto Alegre. Lá, formou-se em Direito. Primeiro lugar da turma! Eras muito inteligente e esforçada. Valorizava os estudos e o intelecto. Sabias o que queria. Já com os dois filhos, foi obrigada, pelas circustâncias, a deixar um deles, o menor, em Estrela. Sei que sofreste. Tu e o vô tinham que trabalhar e estudar muito, para poderem dar uma vida boa para os meninos. E conseguiram.
Gostavas muito de português – eis uma das muitas coisas que herdei de ti. Ah, dizem que eu tenho as mãos iguais às tuas. Lembro que me emprestavas teu esmalte (aquele rosinha fraco, lembra?) e me ajudava a pintar as unhas quando eu tinha uns 8 anos. Nos dias de celebração, tu pintavas as unhas de vermelho. Eu achava tão lindo! Eu gostava daquela caixinha marrom que guardava botões e joaninhas, que colocavas nos blusões de tricô que fazias. Eu sempre brincava com os botões, aquela era uma caixinha de surpresas para mim.
Das grandes lembranças que tenho de minha infância, em todas estás presente. Tu foste a melhor avó do mundo, sou muito grata a ti. O amor que tinhas por mim e pela minha irmã está até hoje marcado em mim, entranhado em meu ser. Lembro quando foste me buscar da escola após meu primeiro dia na 1ª série do Ensino Fundamental. Compraste um álbum de figurinhas das Princesas da Disney para mim! Folheou o álbum inteirinho comigo, leu as historinhas em voz alta. Fui almoçar na tua casa. Lembro do cheio do bife com batata frita que fizeste só para me agradar. E a sobremesa? Era sempre a mesma: um mousse metade de chocolate, metade de creme. Eram servidos em umas tigelinhas de vidro que sempre pedias para eu buscar na geladeira.
Arraigadas em mim também estão as lembranças de nossas brincadeiras de Barbie. Tu adoravas me ajudar a vesti-las! Era um sonho realizado, afinal nunca tiveste filhas. O teu sonho também era levar tuas netas para Disney. Conseguiste! Eu sei que já estavas fraca e com dores. Mas foi uma viagem muito feliz. Aliás, uma das coisas que adoravas era viajar. Numa época em que poucos conheciam o exterior, tu e o vô já tinham visitado toda a Europa e os Estados Unidos.
Vovó, eu lamento muito tua morte precoce. Eu lamento muito não ter te conhecido melhor. Penso nas conversas que nunca tivemos. Penso nas viagens que nunca fizemos. Tenho certeza que sou muito parecida contigo. Sede de independência, ânsia de viajar, de estudar. Gostaria que tivesse me visto quando passei na federal. Tenho certeza que me estimularia muito, ficaria muito feliz por mim. Às vezes me perco devaneando acerca de como seria te encontrar. O que eu diria, o que tu dirias. Eu teria tanto a te contar!
Sofro muito até hoje a tua perda. Me emociono muito ao lembrar de ti. Só tenho a te agradecer por tudo que foste para mim, pelas marcas positivas que deixaste em minha pessoa. Pelo amor que dedicou a mim. Eu também te amei muito, vó, e até hoje amo. Não sei onde tu estás agora mas um dia iremos nos encontrar, e daí conversaremos muito sobre Direito, viagens, unhas, amores...Tenho muito orgulho de ti, vó, e me espelho muito na pessoa maravilhosa que foste.

9.9.07

Idosa Frenética II, conservadores, eventos...

A Idosa Frenética deu o que falar! A continuação da saga desta senhora um tanto quanto arteira apresenta-se nos escritos de hoje. Trata-se da mesma conversa, do mesmo dia e do mesmo lugar do post passado, entretanto digamos que...com uma dose a mais de pimenta. Tirem as crianças da sala, e quem é menor de 18 anos façofavor de nem ler isso aqui, porque é feio, ok?

Compartimentarei as perigosas frases de Dona Benta* (*nome modificado para não comprometer a identidade real da nossa dita cuja) de forma diferente do post passado.

Primeiro Marido (menininhas ingênuas, preparem-se para o escândalo)
"Não rezo um Pai Nosso por ele!"
"Eu até gostava dele, mas não tinha tesão..."
"Casei com 17 anos...era muito novinha, tinha medo...doeu prá burro..."
"[...] ficava me pedindo pra cortas suas unhas do pé...Deus me livre, que nojo!"
Homens
"Sabe, menina, que não aparece um diabo? A concorrência é forte...ficam indo umas guriazinhas (lê-se por guriazinhas senhoras de 60, 65 anos) nos mesmos bailes que eu, aí não dá! Homem sempre quer as mais novinhas..."
"Há uns dez anos namorei um moreno bem novinho... Parecia um ator da Globo, era um pedaço de mal caminho. Mas tu sabe que na cama eu não senti nada, nadinha?? Beleza não quer dizer nada..."
Sexo
"Eu me considero uma professora do sexo...tenho experiência na coisa, ora"
"Vê se não esquece o que eu vou te falar... sexo oral tem que ser recíproco!"

... Só lembrando também que ela passou a conversa toda com um copo de whisky na mão, e às vezes parava de me dar atenção do nada e começava a dançar serelepe e alegremente umas musiquinhas que tocavam no ambiente. Ela me aconselhou a não casar nunca, e se for pra ter filhos, que seja bem tarde, para eu poder aproveitar bem a vida.

Vamos combinar, essa mulher é um máximo. Totalmente quebradora de paradigmas. É claro que eu me conheço e sei que nunca conseguiria ser como ela, pois eu sonho em me casar e tal (um casamento que alie amor + tesão, é claro). Mas não posso deixar de aplaudir uma pessoa como ela. O que mais vem me irritando ultimamente são certas pessoas conservadorazinhas e hipócritas que perambulam poraí. Condenam a tudo e a todos, apontam o dedo podre e julgam qualquer coisa. Andei lendo o blog desta mulher, que mora nos EUA, e cita casos muito interessantes de escândalos com conservadores americanos nojentos e homofóbicos, que, após uma vida política reprimindo gays e votando a favor de leis que o reprimam cada vez mais, são flagrados com garotos de programa. Falso moralismo é fod* né...

Mudando de assunto, não posso deixar de citar um evento e um filme que assisti nessas últimas duas semanas:

Teatro Negro de Praga
"[...]O que impressiona é a técnica de teatro negro. Em um palco escuro, objetos pintados com tinta fluorescente são manipulados por atores vestidos de preto dos pés à cabeça. Iluminados apenas com luz negra, os objetos parecem flutuar no palco. Criado por Jirí Srnec, essa técnica mistura teatro e magia com elementos de mímica e cartoon." (Folha Online)
Fantástico, genial... música, poesia e magia aliados a uma técnica perfeita. É lindo. Nunca irei esquecer =)

Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída
Ok, é considerado um clássico. Mas eu odiei ver. Cenas pesadas, explícitas, que me deixaram cheia de náusea (e olha que eu não sou nada fresca). Até que ponto vale a pena assistirmos a cenas assim, cruas, pesadas? Acho vale a pena se elas incitam algum tipo de reflexão, nos acrescentam algo. Mas não achei que foi o caso de Christiane F. O filme é muito pesado pelas cenas, mas não me trouxe muita reflexão. Tá, eu sei que é o retrato de uma geração, da destruição pelas drogas... Mas o filme deixa a desejar ao abordar muito pouco as impressões da menina, sua carga emocional, conflitos. Mais informações aqui.

Agora vou levantar a bunda dessa cadeira pois tenho muito a fazer.
Ah, notaram que eu mudei o layout?
Beijos!