30.4.11

Eu, própria, sou um verbo. (ou: Fica, vai ter papo de amor. Ou não.).

Li em algum lugar que a diferença entre o amor romântico, encapsulado, tendente à simbiose (e, logo, fadado à retroalimentação, implosão e autodestrução - prognósticos dramáticos por minha conta) e o amor "verdadeiro", saudável, se situa no fato de que enquanto o primeiro é um "apaixonar-se", um "encantar-se", o segundo é um modo de ser, um "dar a", e não um "enamorar-se". (O amor romântico vai a cabo quando se tira o véu da ignorância; ele se sustenta, se faz aparecer, apenas na névoa. "O amor romântico é sustentado pelo mistério e se desintegra sob um exame mais detido" - Irvin Yalom, em O carrasco do amor.)
Isso me pôs a refletir (não me diga).
Me pôs a refletir como a minha posição, não apenas em relação ao amor, mas em relação à vida, como um todo, é um constante "enamorar-se". Estarei eu fadada à autodestrução?
Eu não sei ter um modo de ser. Eu não sei ser um "estar", muito menos um "estar constante". Eu, própria, sou um verbo. Uma ação. Eu existo quando estou me apaixonando. Não por uma pessoa, necessariamente. Mas por uma ideia, por uma fantasia. Sempre é por uma fantasia. Uma ilusão. Eu existo quando estou construindo a ideia cega na minha cebeça, e ainda não tirei a prova da vida real. Filminhos passam na minha cabeça. Há trilha sonora. Eu sou a atriz principal, geralmente idealizada. Há recursos cinematográficos. Tudo isso, veja bem, não possui nada de concreto. Eu posso pegar um ou outro elemento da realidade, uma ou outra informação que me foi dada, mas isso é o que menos importa. Eu estou, naquele momento, apaixonada pela minha própria ideia. Eu flutuo, eu crio imagens, sons, cores, perspectivas, expectativas. A partir daqui, tudo será lindo, tudo será assim. Tudo mudará. A partir daqui, tudo será uma espiral ascendente
É sempre assim. 
E sendo óbvio que o meu teto é de vidro, que eu estou construindo castelinhos de areia e mundos que não existem, à medida que vai ficando evidente o descompasso entre a minha ilusão e a vida real, que vai ficando flagrante que minha "paixão" não é "correspondida", bem...daí vem a parte triste. A frustração,a raiva. A revolta. A sensação de derrota, de escuridão, de vazio. Fica insuportavelmente gritante a aridez da realidade. A solidão.
Daí eu caio num buraco, e fico chafurdando na merda. Até que apareça o próximo unicórnio branco encilhado. 

25.4.11

Pra lembrar, Pra acordar

Quando amanhece e o vento vem
Te lembrar o que fazer
Saiba que o vento nunca sopra em vão
Pode ser o que precisa
Esqueça o medo da solidão
E aceite que é sozinho
A dor que sente é a chance que tu tem
De sangrar essa ferida
Pra acordar, pra entender
O que o vento vem dizer
Tenha certeza que a solução nao vai cair no teu caminho
Essa é uma luta entre a mente e o coração
Vai e faça o que é preciso
Pra acordar, pra entender
O que o vento vem dizer



Do conterrâneo do Bonfa Gustavo Telles.
Notes for myself, from the underground.

20.4.11

Eu não sabia que era só sexo

Eu achava graça daquela indisposição pueril com o mundo. Aquela aversão juvenil a convenções, aquela raiva do amor e das demonstrações de afeto (raiva que emana daquele que teve seu orgulho ferido e era jovem demais pra lidar com isso). Aquele bate-pé constante com a sociedade. Até daquele orgulho da própria vileza - que está longe de ser uma virtude, mas que quando vem de alguém jovem e bonito, pode ter seu charme - eu achava gracinha. O excesso de palavrões, pra mascarar a leviandade e falta de consistência das frases, também tinha seu charme. O discurso não tinha a mínima coesão e, do início ao fim, os argumentos colidiam. Mas isso era relevado, não tinha a menor importância: o que é a coerência perto da retórica, da eloquência e do viço inebriante da juventude? O que é lógica e coesão perto da oratória, da energia, da camiseta do The Vaccines, do Camel da mão esquerda e do olhar blasé e distante de quem sabe tudo sobre as cousas da vida?
Não, eu não sabia que era só sexo. Eu achava que era sexo somado a um quê de teoria da estética, experimento antropológico e teatrinho de vaidades, algo assim.

15.4.11

Hiding out behind the leaves

Que eu tenho várias dentro de mim, isso não é novidade, nem nada lá muito revolucionário ou inusitado.
Tenho versões melhores e piores. Tenho dentro de mim mulheres apaixonadas, mas que sabem ser bastante céticas e melancólicas também. Há mulheres lutadoras, há mulheres preguiçosas, há mulheres com muita e também com quase nada de energia dentro de si. 
Qual dessas mulheres estarei incorporando a cada dia? isso depende um pouco do meu arbítrio, um pouco das circunstâncias, um pouco das músicas que ando ouvindo, e muito de caso fortuito. Enfim, é completamente contingencial. Talvez eu tenha em mim algo de imutável e indestrutível, algo que seria, pois, irretocável - mas prefiro não o ter. O mundo é dinâmico, eu sou dinâmica, eu evoluo (e também retrocedo) com minhas experiências - sou tudo menos um robô engessado, estagnado, perfeito e acabado. Graças ao bom Deus (ou graças ao bom Voltaire, ou ao bom Platão, sei lá). 
Eu não quero viver numa 'eternidade imóvel', e eu não quero 'tampas no meu firmamento' (alusões a Kundera, que ando lendo e me apaixonando cada vez mais). 
Então.
Quem me encontra atualmente talvez nem reconheça a mesma menina que saltitava e cantava e pulava de festa e festa e de bar em bar com a qual eu me identificava até pouco tempo atrás. 
Se tem uma máxima que traduz meu momento atual, é “Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que o silêncio”.
Ando introspectiva, tímida, querendo passar despercebida. Me escondendo, na faculdade, atrás de um caderno, de um livro ou de um café solito; Em casa, no meu quarto; na rua, desapareço na melodia das músicas do meu mp3 e não sei de mais nada.
Se num primeiro momento entrei quase em pânico, me sentindo "esvaziada";
Se inicialmente eu fiquei preocupada com aquela melancolia que advém da solidão [voluntária, mas conduta diversa, nesse momento, seria inexigível];
Se no começo fui tomada de uma sensação de "cadê os convidados? cadê a música? cadê as luzes? cadê meu pai e minha mãe? cadê os espelhos? ACABOU A FESTA?"; #silencio.no hay banda.silencio.
Agora estou em paz.
Mais cedo ou mais tarde eu teria que passar por esse momento, por esse 'rito' de desconstrução de todos os símbolos que já vinculei à minha pessoa, de todas as caricaturas e fantasias que já criei pra mim mesma, de todas as ilusões a meu respeito em que eu - e só eu sou responsável por isso - me perdi.

"Tornar-se imperceptível, ter desfeito o amor para se tornar capaz de amar. Ter desfeito o seu próprio eu para estar enfim sozinho, e encontrar o verdadeiro duplo no outro extremo da linha. Passageiro clandestino de uma viagem imóvel. Devir como todo o mundo, mais exatamente esse só é um devir para aquele que sabe que é ninguém, que não é mais alguém."

Se esta é uma versão melhor ou pior ao lado dos outros, não sei. Acho que é uma versão menos 'cool' de mim. Sou eu com menos balacas, menos adornos, menos penduricalhos. Eu, só eu. É pouco? Talvez... Estou descobrindo. Talvez eu finalmente, depois de 23 anos, tenha perdido o medo de me olhar e 'descobrir'.

Like an apple on a tree
Hiding out behind the leaves
I was difficult to reach...

8.4.11

rapte-me camaleoa

"We have to keep reinventing ourselves almost every minute because the world can change in an instant, and there’s no time for looking back. Sometimes the changes are forced on us, sometimes they happen by accident, and we make the most of them. We have to constantly come up with new ways to fix ourselves. So we change, we adapt, we create new versions of ourselves. We just need to be sure that this one is an improvement over the last."

7.4.11

combustível

é só disso que vivo, amigo:
vaidade e valium


Hard to be soft
Tough to be tender
Come take my pulse, the pace is on a runaway train

6.4.11

wanna grow

up to be 


be a debaser,



 debaser,


 debaser,


 debaser,

4.4.11

forget to hope and learn to fear

One of these days the ground will drop out from beneath your feet
One of these days your heart will stop and play it's final beat
One of these days the clocks will stop and time won't mean a thing
One of these days their bombs will drop and silence everything

But it's alright
Yet it's alright
I said it's alright

Easy for you to say
Your heart has never been broken
Your pride has never been stolen
Not yet not yet

One of these days
I bet your heart'll be broken
I bet your pride'll be stolen
I'll bet I'll bet I'll bet I'll bet
One of these days
One of these days

One of these days your eyes will close and pray you'll disappear
One of these days you will forget to hope and learn to fear

But it's alright
Yet it's alright
I said it's alright

LOL

2.4.11

Feio demais

Eu me sinto imersa na mais profunda loucura... só que é uma loucura ao avesso, é uma loucura onde a minha razão e a minha lucidez são exacerbadas. Mas até que ponto são confiáveis? Tenho impressão de que é uma lucidez calcada em convicções traiçoeiras, em arapucas tramadas pelo meu próprio subconsciente perverso. Sim, porque eu tenho, em alguma lugar bem velado, uma parte perversa e sadomasoquista que gosta de fazer as vezes de algoz e vítima, gosta de agredir e ser agredido, tem prazer em apontar e julgar e tem prazer igualmente em se submeter.
Eu só sei que tá foda. Pq quando se mover do seu quarto até a cozinha demanda um esforço tóxico; quando atender o telefone e tomar banho são grandes feitos merecedores de louros; quando a inconsciência do sono lhe parece a melhor aliada... não sei não. Tá foda. Tudo é árido, e não há perspectiva. Tudo é real demais, feio demais.

1.4.11

Letras ou Psicologia?