29.12.10

Retrospectiva do meu 2010

Faz tempo que eu não posto aqui.  Me encontro num momento “sabático” em que acredito do fundo do meu coração que tenho mais a ouvir do que a acrescentar.
Masss, tendo-se em vista que estamos em vias de iniciar um novo ano – o nem-um-pouco-sonoro doismileonze – , achei que calharia fazer uma mini, simplista e reducionista retrospectiva do MEU 2010, em imagens e alguns trechos curtos, representando aquilo que de mais marcante aconteceu.
Aí vai.
  • O Filme:
o-segredo-dos-seus-olhos-2009
  • Musinha fashion:
Zooey Deschanel.
zooey1
  • Música:
Conheci e amei: banda Phoenix e o maldito da MPB Sérgio Sampaio.
phoenix-wolfgang-art s%C3%A9rgio-sampaio
  • A alma gêmea.
As pessoas acham que a alma gêmea é o encaixe perfeito, e é isso que todo mundo quer. Mas a verdadeira alma gêmea é um espelho: a pessoa que mostra tudo que está prendendo você, a pessoa que chama a sua atenção para você mesmo, para que você possa mudar a sua vida. Uma verdadeira alma gêmea é provavelmente a pessoa mais importante que você vai conhecer, porque elas derrubam as suas paredes e te acordam com um tapa. Mas viver com uma alma gêmea para sempre? Não! Dói demais. As almas gêmeas só entram na sua vida para revelar a você uma outra camada de você mesma, e depois vão embora.
Em 2010 eu conheci. Em 2010 eu perdi. Não soube lidar com tanta sinceridade, com às vezes crueza, às vezes delicadeza. Acima de tudo, não soube lidar com um espelho de alta resolução, me jogando na cara certas coisas e constantemente me acordando para a realidade. Mesmo tendo me levado às alturas, numa leveza sublime, ao fim e ao cabo, ele só me fez trazer mais perto da superfície, mais perto do chão e da vida real, no que eu posso chamar de peso sustentável e até aconselhável. Às vezes as palavras eram facadas, banhos de água fria, mas o auto-conhecimento que adquiri, com a ajuda dele, é inegável. Tenho certeza que ajudei ele também, que clarifiquei sua visão, que abri seus olhos para muitas coisas. Above all, acho que nos amamos, sim, à maneira que nos foi possível. O fim era inevitável, e posso dizer, era previsível, desde o começo. E foi assim: ele foi fenecendo, se esvaindo, feito coisa fluida, etérea. Ele já não era mais tangível - nem eu -, ele cumpriu sua missão ao meu lado e partiu, na hora certa, assim como eu fiz com ele. Sua partida ainda é recente e é ferida aberta, mas era inexorável. Ele tem uma vida e uma energia dentro dele, as quais percebo que ainda não é apto a organizar direito, e por vezes se perde na ansiedade; mas tem um potencial enorme, e desejo que seja muito, muito feliz. 
  • uma foto vale por mil categorias:
paul-01
“And in the end, the love you take is equal to the love you make”!.

QUE VENHA 2011!!

21.11.10

Para a posteridade

A título de registro para a posteridade:

um anjinho me disse que “a ação precede a motivação”.

:)

13.11.10

agora que acabou,

agora, que acabou, eu vejo que nunca olhei pra ele. eu nunca fui capaz de realmente olhar pra ele. o máximo que eu conseguia era me enxergar pelo reflexo dos olhos dele.

eu sinto pena de mim
e da minha carência de tudo que não seja egoístico

eu olho pra trás e só lamento
mas já tá feito
e eu sabia que tava tudo se encaminhando pra isso
i saw it coming
e não dei a mínima
eu não fiz porra nenhuma
então bem feito
vê se apanha e aprende :)

17.10.10

Vincere

 

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“Não saia poraí gritando a verdade. Há tempo de silenciar. Há tempo de ser ator.”

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12.10.10

sedução de macho

Macho acredita que seduz somente fora do casamento. Quando se fixa demoradamente numa jovem, quando pisca o olho a uma estranha, quando dá em cima de uma beldade, quando examina a bunda de uma gostosa. Confia que flertar e soltar idiretas são suficientes para garantir seu domínio territorial. Sua tese é parecer disponível, ainda que comprometido.

(...)
Carrego, portanto, a certeza de que o maior sedutor não é o malandro, não é o esperto, mas o monogâmico. O fiel. O que tem olhos apenas para a sua patroa.

(...)

Nada mais ofensivo e perigoso do que um homem amando sua esposa.
 
(Fabrício Carpinejar, O maior sedutor, em Mulher Perdigueira, p. 19 - via Significantes)

sociedade utilitarista

"This is a world where everybody’s gotta do something. Ya know, somebody laid down this rule that everybody’s gotta do something, they gotta be something. You know, a dentist, a glider pilot, a narc, a janitor, a preacher, all that . . . Sometimes I just get tired of thinking of all the things that I don’t wanna do. All the things that I don’t wanna be. Places I don’t wanna go, like India, like getting my teeth cleaned. Save the whale, all that, I don’t understand that . . ."


—Barfly, 1987

11.10.10

Saramago

Oculta consciência de não ser,
Ou de ser num estar que me transcende,
Numa rede de presenças e ausências,
Numa fuga para o ponto de partida:
Um perto que é tão longe, um longe aqui.
Uma ânsia de estar e de temer
A semente que de ser se surpreende,
As pedras que repetem as cadências
Da onda sempre nova e repetida
Que neste espaço curvo vem de ti.

(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição)

2.10.10

quase a Garota Interrompida

Daí que ontem em me deu um rompante cinematográfico e eu me peguei cortando os cabelos com raiva, muita raiva. Peguei uma tesoura grande do escritório do meu pai e me pus a picotar o cabelo todinho. Não foi uma atitude serena, pensada, feita com cuidado e muito menos com parcimônia. Eu fui picotando mesmo, blocos enormes, que se dissociavam violentamente de mim e caiam toscos e inertes no chão do meu quarto.

Depois disso eu nem tive aquele momento de depois, sabe? Aquele silêncio após o ato, silêncio reflexivo. Eu simplesmente voltei pra cadeira na frente do computador e fiquei compulsivamente dando f5 no Yahoo, no facebook; abrindo e fechando as janelas do word e do powerpoint com meus slides da pesquisa.

Claro que depois, bem depois, bem no fundo da noite, eu me pus a chorar baixinho, e aquela sensação horrível de solidão tomou conta até do meu dedinho do pé. Eu amassava minha tartaruga de pelúcia e derramava lágrimas de covardia nela.

E daí que hoje eu fui ajeitar a merda com o Kaká. Ele me chamou de "praticamente a garota interrompida". Disse pra eu ficar calma, pq esses rompantes acontecem nas melhores famílias. 

Eu disse pra ele dar vazão à criatividade dele e não é que ele me fez um corte muito louco? Nunca tive o cabelo tão curtinho e repicado, me dava um nervoso enquanto ele brincava com aquela tesoura. Eu comecei a suar na cadeira. Mas daí ele ficava acariciando meu ego, dizendo que eu não compactuo com a estética da mulher portoalegrense, que eu devia ter nascido na França, que eu tinha um ar blasé e desapegado que era tudonessavida. E que um corte desconstruído tinha tudo a ver com a maneira que eu me vestia. Então tá.

Resultado: voltei pra casa mais feliz, com um curtinho-quase-nouvelle-vague [haha] [minha irmã vai me matar] e com a certeza que com um empurrãozinho, eu consigo ser um pouco corajosa.

Mas o inverno continua crescendo aqui dentro desse corpo, é óbvio.

cansei

Cansei. O excesso de ausência é gritante.


Não quero mais ser a menina dos olhos de ng, não. Só dos meus próprios.

Vou seguir meu destino e regar minhas plantas.

Chega uma hora que o excesso de reticência deixa de ser charme pra virar só enrolation.

1.10.10

menina-dos-olhos wannabe

Você precisa de alguém que te dê segurança
Senão você dança, senão você dança.
Não nasci pra ser a putinha que o protagonista se diverte antes de encontrar a mocinha... Pelo menos não quando eu gosto do protagonista [senão até não me importaria... moralismo aqui não tá em questão].

Ah, só pra constar, eu posso até tentar fazer as vezes de mocinha, mas não sou mocinha típica, não. Sou estranha, bicho-do-mato, bizarra, pouco carismática e problemática demais para esse papel...

Clementine feellings

Mas... Queria ser a menina dos olhos dele, saca?

Acho que agora não dá mais.

Pingos nos is, please.

30.9.10

timeless sadness of existence

Me deixa que hoje eu não to boua...

A existência resolveu pesar nas minhas costas hoje (mais do que de costume).

"I walk in the timeless sadness of existence,
tenderness flowing thru the buildings,

my fingertips touching reality’s face,
my own face streaked with tears in the mirror [...]"

Parafraseando a Clá, eu não sou tão triste assim, tá? É que hj eu to cansada...
Nã nã...acho que é menos cansada do que SOZINHA.
To me sentindo terrivelmente sozinha.

E que vontade que eu to hoje (mais do que de costume [2]) de me afofar nos meus edredons e me esconder do mundo, fugir da realidade, morrer um pouquinho...

ME TIRA DAQUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

pq às vezes, ainda.

Ouvindo:
La Valse d'Amélie (Yann Tiersen)
Growing Up Beside You (Paolo Nutini)
Something (The Beatles)

26.9.10

a dúvida matadora

"Como sempre, Machado nos passou a perna. De início, ele insinuou que o texto que estava cortejando era Otelo. Descobri que era mesmo Shakespeare mas, provavelmente, Hamlet. Os problemas de Bentinho - a hesitação, a culpa, a indecisão - são muito semelhantes aos de Hamlet. Ele prefere hesitar a ir atrás da verdade. Esse dilema do ser ou não ser, eis a questão, tão claro em Hamlet, é comum também a Bentinho. O último capítulo do livro de Machado se chama E bem, e o resto. A grande questão aí é saber se a Capitu da praia da Glória estava já na Capitu da casa de Matacavalos. Já a última frase do Hamlet é O resto é o silêncio. [...]"

"Se Capitu não traiu Bentinho, Machado de Assis se chama José de Alencar”.

20.9.10

Happy with a secret

Clementine: Look man, I'm telling you right off the bat, I'm high-maintainance, so... I'm not gonna tip-toe around your marriage, or whatever it is you've got goin' there. If you wanna be with me, you're with me.
Joel: Okay.
Clementine: Too many guys think I'm a concept, or I complete them, or I'm gonna make them alive. But I'm just a fucked-up girl who's lookin' for my own peace of mind; don't assign me yours.

 

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Joel: I can't see anything that I don't like about you.
Clementine: But you will! But you will. You know, you will think of things. And I'll get bored with you and feel trapped because that's what happens with me.
Joel: Okay.
Clementine: [pauses] Okay.

 

[*]

Revi esse filme ontem. Em boa companhia. Num domingo completamente sui generis, inserto em um feriadão especial.

E quando ele disse “acho essa mulher [Kate Winslet] linda”, senti uma felicidade boba e inexplicável, porque ele vê o que eu vejo, ele enxerga beleza nas mesmas ‘esquisitices’ que eu. Sei lá, foi o sentimento que eu tive na hora. E não pude deixar de lembrar naquele instante de outra pessoa, que achava a atriz “uma nojenta”. E nessa diferença de perspectiva tão sutil, muito se revela.

Nossa, esse feriado foi uma comilança. Preciso de dietas emergenciais, hihi. Mas foi tudo tão delicioso e perfeito, e sempre regado de tão boa companhia, que eu só posso me ajoelhar e agradecer às calorias adquiridas, pela felicidade que me proporcionaram. Culinária é pura mágica e alquimia. E o ato de compartilhar toda essa alquimia e essa transformação, é também mágico e transformador. É quase espiritual o negócio. E sim, talvez eu esteja viajando na maionese exagerando um pouco, mas estou deslumbrada com a coisa toda.

E a vida real recomeça na terça-feira.

[*]

 

Joel: I could die right now, Clem. I'm just... happy. I've never felt that before. I'm just exactly where I want to be.

18.9.10

destructive

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Tina: what is it that you're afraid of?
Bette: i'm afraid that i'm destructive, that if i have something good i feel compelled to destroy it.

[L-Word]

 

Nota: manhã ensolarada de sábado, e eu no meu quarto – que cheira excessivamente a vanilla e me provoca espirros – me preparando psicologicamente para enfrentar uma árdua pesquisa para o salão de iniciação.

 

"Algumas vezes eu fiz muito mal para pessoas que me amaram. Não é paranóia não. É verdade. Sou tão talvez neuroticamente individualista que, quando acontece de alguém parecer aos meus olhos uma ameaça a essa individualidade, fico imediatamente cheio de espinhos - e corto relacionamentos com a maior frieza, às vezes firo, sou agressivo e tal. É preciso acabar com esse medo de ser tocado lá no fundo. Ou é preciso que alguém me toque profundamente para acabar com isso." (Caio F. Abreu)

16.9.10

dificuldades [em sair do controle]

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Eu vivo implorando pra que me tirem do controle, e quando acontece, eu não sei o que fazer com isso.... Não sei como tornar graciosos os movimentos de pernas patinando no ar, procurando por um chão. Não consigo não confundir esse estado sublime com a condição de vulnerabilidade, de submissão, e acabo sucumbindo à artificialidade, me munindo de escudos e construindo os mais majestosos muros à minha volta. Que merda, que merda, que merda. Espero não morrer antes de aprender a reverter esse quadro.
"E tudo o que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo, por dentro da chuva, que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era”. [CFA, Morangos Mofados]

15.9.10

Hj 'tou querendo compartilhar

Sirvam-se aí de um texto muito saboroso, de um cara que eu adoro (à distância), e que corrobora minha tese vai um pouco ao encontro da minha ideia sobre a paixão e o amor... Nesse link.

E abaixo, uma música-coisa-querida. Pq às vezes eu gosto de resgatar uma simplicidade e puerilidade [q palavra feia!] que há muito se esvaiu poraí.


12.9.10

what a glorious feeling…

…i’m singin’ in the rain ;)

 

“bom restinho de domingo”.

10.9.10

Feliz Sexta!

Musiquinha contagiante. Bom demais!



No!

You don't move me anymore

And I'm glad that you don't

'cause I can't have you anymore

But I thought you should know

You don't move me anymore

And I'm glad that you don't

Because I can't take it anymore

Oh!


E hj tem Looks Like com meu consanguíneo alemão e minha consanguínea futura-alemã!

PS: Quanto anonimato na caixinha de comentários, heinhô!
PS2: Depois eu edito esse troço direito... tô no meio da aula de Direito do Trabalho.

7.9.10

Trilha sonora e mini post esquizofrênico

Trilha sonora do feriadinho…

 

Do lado de cá, alguma melancolia e muitos pontos de interrogação…

E os dedos cruzados.

(eu não sou mera espectadora, eu sei… deveria demonstrar algo mais do que passividade e dedos cruzados {atitude que nem sequer dá pra chamar de demonstração, muito menos de atitude…} mas acho que procrastinarei esperarei mais um pouquinho para agir…) 

 

Isso é o que o amor faz…

…Mas eu nunca sei rodar…

 

Esquizofrenia total. E você sacou.

5.9.10

"No seas insegura, eso dejámelo a mí
Hombres con armadura abundan por aquí

No seas tan celosa, no hay ninguna como vos
Además te ves preciosa cuando el celoso soy yo

Y para qué te vas a ocultar, si noy hay nada para disfrazar

No seas caradura, yo ví cómo te miró
Chapa sin cerradura fue lo que te prometió

Y para qué te vas a complicar, si no hay nada para explicar

No seas tan segura, eso dejámelo a mí..."

28.8.10

É uma pena, mas você não vale à pena… (ou White Lies)

love is eays

Would it help if I tried, or has it sailed and passed me by
First love grows then it dies, and its all white lies

(Paolo Nutini – White Lies)

Mais uma possibilidade de amor que se esvai pelos meus dedos frouxos, pretensamente desinteressados.

Meu desinteresse, meu não-atender-o-telefone, minhas mensagens vagas, minha falta de afeto, tudo isso pode ter sido perverso. Pode ter minado o potencial sentimento. O fel foi ferrugem. Eu entendo. Mas eu também não posso ser condenada pela minha precaução. E isso não justifica o dedo apontado pra mim, tampouco as punhaladas.

Now I've lost my disguise, it was all white lies

Please don't fade and please don't cry, 'cause it's all white lies…

Eu fui condenada. Eu fui julgada, e sentenciada. O dedo apontado, a insegurança disfarçada em autoritarismo e oniciência, os olhos intensos (embora mascarados de frieza), de fera ferida, me dilaceravam. Disparos de frases e veredictos cruéis. Apesar de [talvez] ser compreensível, ele não tinha esse direito, não mesmo. Nem sequer me conhece. Só pode ter sido o rancor que o levou a atitude tão perversa.

Justo daquela boca que já saíram palavras tão doces…

Eis que ele me surpreende com aquele julgamento frio, ofensivo, humilhante. Pq eu não reagi, eu não sei. Mas isso certamente o legitimou mais ainda com aquela palhaçada toda. Quem ele pensa que é? Provavelmente se achando tomado de algum dom de decifrador de almas, achou que me conhece mais que qualquer um, e resolveu julgar meus valores, minhas relações, minha própria família! Sem conhecer quase nada de nenhum deles. Invadiu meu íntimo, sem ser convidado, e insinuou que tudo estava no lugar errado. Que decepção. Parabéns pela perspicácia, mas minha terapeuta fica na Dona Laura, obrigada.

E aqui eu encerro mais uma página, ponho um The End em mais uma possibilidade de amor.

Engraçado, agora eu olho pra trás e tenho impressão que foi tudo uma mentira. Talvez mentira seja uma palavra forte demais… mas foi um teatro. Uma encenação. White lies.

A despeito de o conjunto ter sido espetáculo, algumas sutilezas foram verdade. Eu sinto. E o fato é que eu não consigo ouvir Zeca Baleiro sem lamentar. Sem lamentar e pensar que é uma pena. Eu estava gostando de te ter.

24.8.10

Alegria inusitada

Sei lá, hoje acordei me sentindo abraçada pelo dia. O canto dos passarinhos era pra mim, como que trazendo boas novas. Uma melodia alvissareira, na minha janela. Acho que o ar seco e quente me trouxe boas vibrações, me ativou lugares do cérebro que eu associo com felicidade, sei lá. E isso tudo convivendo com um pesado APESAR DE. A despeito dos meus problemas, a despeito da angústia que não me deixou dormir a noite inteira, que me fez acordar a cada 1 hora e meia e olhar o celular esperando por uma msg de reconciliação que jamais veio. E o dia me aconchegou, apesar de tudo. Acariciou meu rosto e anunciou que tudo vai ficar bem, que tudo vai se ajeitar, que basta eu me levantar, tomar um banho longo, um bom café da manhã e sair poraí irradiando o sorriso que me foi emprestado pela contingência de um dia leve e gratuitamente alegre. Bom dia!

UPDATE (15:00): não acreditem em passarinhos que cantam pra você, nem no prenúncio idiota de um dia feliz. O desfecho do meu dia está sendo a pior merda EVER.

19.8.10

retalhos

No meio de uma aula de direito comercial, os ipês amarelos que rodeiam minha faculdade refletem-se na tela do meu notebook. A voz do professor medíocre ecoa como uma trilha sonora de mau gosto. Os pensamentos voam, fazem escala nos meus sonhos adormecidos, nos meus amores latentes, nos meus medos tão arraigados nas minhas entranhas quanto as raízes do ipê amarelo o são na terra. “Quem pode recorrer? O credor, o Ministério Público...”. O amor descompassado não tem mais o cheiro de cerejeira que tinha antes, e nem Florentino Ariza me parece mais tão atraente quanto era. ‘O amor não vem num pacotinho, ele se constrói, a cada dia’. ‘A coragem do amor que dura’. ‘ Quero a sorte de um amor tranquilo’. O coração dispara. ’22 anos na cara, vai te virar’. ‘Tu tem que ganhar dinheiro’. ‘Tem que matar um leão por dia, teus olhos não vai brilhar todo dia’. Arritmia cardíaca, medo, crise de ansiedade, sintomatologia depressiva. Projetei minhas verdades num ideal que eu não tenho coragem de ser. Não, não é coragem, não é força... nem sempre. Ideais são ideais, vida real é vida real. Consolidei minhas convicções e princípios numa verdade em desconstrução. É tão mais fácil estar à margem. Novação dos créditos, que?

19.2.10

Voltando para a casa - considerações de viagem


Só para dar notícias... Neste momento estou escrevendo do meu quarto de hotel em Frankfurt, e amanhã partirei, de volta à casa. Viajar é o melhor investimento possível, e defenderei isso até a morte. Mas defendo também que uma das partes boas da mesma viagem é sentir falta de casa, da rotina, e, por fim, voltar para estas. Que acabam não sendo mais as mesmas.

Essa viagem de 21 dias me fez conhecer mais um pouquinho desse mundo (mundo louco...), e, por conseguinte, um pouquinho mais sobre mim.

E fico feliz de sentir saudade da minha Porto Alegre, afinal, devo ter algo (principalmente pessoas) bom me esperando por lá, não é? Gosto das minhas raízes.

Agora, há uma longa - e chatérrima - jornada de aeroporto, tédio e malas (em todos os sentidos) me esperando pela frente, mas domingo tô de volta!

Fui. Auf-wiederzen!

PS: Essas fotos pitorescas de Frankfurt não foram tiradas por mim... - encontrei no Flickr de um carinha chamado (apelidado?) überkenny.

26.1.10

Me inventando

Então eu me ponho a inventar jeitos de ser. Estilos. Personalidades. Modos de rir com o canto da boca e de piscar os olhos. Expressões e trejeitos que serão a minha marca.


Eu, crua, não me agrado.

21.1.10

Escolhas que a vida faz pela gente (por mais que não concordemos)

Eu tenho esse problema. É um problema horrível, que me desencadeia muitos outros probleminhas e que ainda vai dar azo a muitos problemões.
Eu não a compreendo, não quero compreender e tenho raiva de quem compreende: a efemeridade.
“É essa coisa do ciclo da vida”, diria, muito casualmente, Dr. House. É essa coisa de que a morte faz tão parte da porra do tal ciclo da vida quanto o nascimento. A morte não só de pessoas, mas também de sentimentos, de situações, de rotinas, de idéias, de sonhos.
“Y nadie sabe por qué un día el amor nace / Ni sabe nadie por qué muere el amor un día / Es que nadie nace sabiendo, nace sabiendo / Que morir, también es ley de vida.”

Exemplo dos probleminhas que minha incompreensão me traz: ontem chorei pelo ex-namorado… da minha irmã. Sim, repito, e eu sei que é foda de acreditar: eu chorei pelo ex-namorado da minha irmã. Eu pensava: ele era tão querido, fazia tão bem a ela. Olhei para uns quadrinhos que ele fez . Lembrei de como eram as rotinas de quando ele freqüentava nossa casa. E não consegui conter as lágrimas que inundaram minhas simpáticas bochechas, que ficaram mais inchadas do que nunca, junto com o rosto inteiro.

Exemplo do problemão: Meu coração tá rachado. Despedaçado. Em quinhentos milhões de caquinhos. Parece que tem uma faca cravada ali, futricando os ferimentos, sádica. E o nó na garganta que nunca vai embora. E as lágrimas que vezenquando aparecem lá no escuro do meu quarto. Os cheiros que me trazem memórias e lamentos. A canções. As rimas...
É tanta coisa que atualmente eu ando tendo que me convencer que é página virada. Não falo só de amor, mas de diversos outros sentimentos mais pueris que eu cultivava. Por que o “mundo cruel” (como ironizou um amigo meu) está me enfiando pela goela: a fila anda. E esse tal de mundo cruel tem um fórceps gigantesco que quer arrancar de mim os meus sentimentalismos e fazer parir uma mulher de verdade. Que nada tem a ver com a Amélia, não.
“La tierra parece estar quieta
Y el sol parece girar,
Y aunque parezca mentira
Tu corazón va a sanar
Va a sanar
Va a sanar
Y va a volver a quebrarse
Mientras le toque pulsar”
OBS: Trechos da música Sanar, do Jorge Drexler. Ele canta no nosso ouvido e as máguas parece que vão se acalmando...

11.1.10

Inteligência Social


Dia desses estava almoçando com uma amiga querida, e o tal assunto surgiu: a capacidade de certas pessoas de promoverem um invejável marketing pessoal. Muito mais do que marketing pessoal, é possível atribuir a essas pessoas uma extrema inteligência social.

Os “inteligentes sociais” são capazes de vender uma idéia que não corresponde completamente com a realidade. Não que sejam falsos. Não necessariamente. Mas, por exemplo, se eles não vão tão bem assim nas provas da faculdade, se matam estudando e depois deixam transparecer poraí que nem sequer tocaram em um livro. Se choram toda noite no escuro do seu quarto, à luz do dia exibem o sorriso mais fácil e radiante, assim como os dentes mais brancos e reluzentes que já se viu antes. Se o namoro não vai muito bem, em público eles são o casal mais apaixonado do mundo, e nas redes sociais esbanjam fotos de um relacionamento saudável e feliz. Aliás, falando em redes sociais... o perfil no Orkut dessas pessoas costuma exibir muitas fotos que traduzem sua felicidade, e os depoimentos efusivos de amigos não são poucos.

Em geral, os inteligentes sociais são muito bons em estabelecerem contatos úteis, e seu dom para o networking espalha ainda mais sua reputação de pessoa perfeita e bem sucedida. Sabem como agradar a pessoa certa, na hora certa, seja um contato profissional ou uma amizade que trará benefícios, como, por exemplo, de alguém muito popular em determinado meio.

Eu não vou dizer que esse grupo “engane” todo mundo, pois a palavra não é, necessariamente, enganar ou ludibriar. Mas as pessoas dotadas de inteligência social conquistam a todos, e são, de fato, capazes de vender uma idéia de espontaneidade, inteligência, caráter, senso de humor, enfim, de perfeição. E essas pessoas têm o dom de esconder seus defeitos e fraquezas, muito embora, às vezes, deixem escapar algum furo ao observador mais atento, ou àquele que possui uma intuição aguçada.

Eu não consigo não me deixar transparecer... Sou involuntariamente honesta e eloqüentemente sincera. Meu humor autodepreciativo é irrefreável. Minhas caretas de insatisfação são mais fortes do que eu. Creio ser dotada de uma inigualável burrice social. Eu não consigo esconder nada, a começar pelos meus defeitos. Minha auto-estima nada hígida me denuncia. Gostaria que meus próprios olhos enxergassem uma imagem melhor a meu respeito, mas sou exigente por demais. Se eu quiser vender poraí que sou perfeita, estarei enganando a mim mesmo, e isso seria me violentar.


"...depois de todas as tempestades e naufrágios o que fica de mim e em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro" (C.F.)