20.4.11

Eu não sabia que era só sexo

Eu achava graça daquela indisposição pueril com o mundo. Aquela aversão juvenil a convenções, aquela raiva do amor e das demonstrações de afeto (raiva que emana daquele que teve seu orgulho ferido e era jovem demais pra lidar com isso). Aquele bate-pé constante com a sociedade. Até daquele orgulho da própria vileza - que está longe de ser uma virtude, mas que quando vem de alguém jovem e bonito, pode ter seu charme - eu achava gracinha. O excesso de palavrões, pra mascarar a leviandade e falta de consistência das frases, também tinha seu charme. O discurso não tinha a mínima coesão e, do início ao fim, os argumentos colidiam. Mas isso era relevado, não tinha a menor importância: o que é a coerência perto da retórica, da eloquência e do viço inebriante da juventude? O que é lógica e coesão perto da oratória, da energia, da camiseta do The Vaccines, do Camel da mão esquerda e do olhar blasé e distante de quem sabe tudo sobre as cousas da vida?
Não, eu não sabia que era só sexo. Eu achava que era sexo somado a um quê de teoria da estética, experimento antropológico e teatrinho de vaidades, algo assim.

Nenhum comentário: