21.5.11

Farisaísmo, estupidez e arbitrariedade

"[...] Detesto a falsidade e a coerção em todas as suas formas. Farisaísmo, estupidez e arbitrariedade reinam não apenas nas casas de comércio e delegacias de polícia. Eu os vejo na ciência, na literatura, entre os jovens. Por isso não tenho apreço especial nem por policiais, nem açougueiros, cientistas, escritores ou jovens. Considero marcas e rótulos um mal. O que me é sagrado são o corpo humano, saúde, inteligência, talento, inspiração, amor e liberdade absoluta - libertação da Força e da Falsidade, em quaisquer formas com que se expressem. Essa é a plataforma que eu apoiaria, se eu fosse um grande artista.
{Tchekov}

19.5.11

Lembretes sob a forma de construções alheias

Tô mal-humorada, irritada, frustrada. Essa semana tem sido a mesma chafurdação de sempre.
Vou me ater a citar dois textos que me inspiraram e dos quais eu pretendo me lembrar sempre:

13.5.11

Pálido delinquente


"Vede este pobre corpo! O que ele sofreu e o que desejou, a alma o interpretou a seu favor; interpretou-o como gozo e desejo sanguinário do prazer da faca.
O que enferma agora, vê-se dominado pelo mal, que é mal agora; quer fazer sofrer com o que o faz sofrer; mas houve outros tempos e outros males e bens.
Dantes era um mal a dúvida e a vontade própria. Então o enfermo torna-se hereje e bruxa; como hereje e bruxa padecia e fazia padecer.
Mas isto não quer entrar nos vossos ouvidos; prejudica, dizeis, os vossos bons; mas que me importam a mim os vossos bons?
Nos vossos bons há muitas coisas que me repugnam, e de certo não é o seu mal.
Quereria que tivessem uma loucura que os levasse a sucumbir, como esse pálido criminoso.
Quereria que a sua loucura se chamasse verdade, ou fidelidade, ou justiça; mas têm virtude para viver em mísera conformidade.
Eu sou um anteparo na margem do rio; aquele que puder prender-me, que o faça. Saiba-se, porém, que não sou vossa muleta”.
[Assim falava Zaratustra]

Essa é tipo a síntese perfeita - e linda e genial e que eu jamais seria capaz de escrever - do meu TCC, beijos.


PS: O Blogger ficou maluco, apagou alguns posts e comentários...

11.5.11

e o amanhecer começou a esfregar-se na janela

"Tudo era questão de decidir. E, embora já estivesse decidido, continuou pensando por pensar, escolhendo e dando-se razões para sua escolha, até que o amanhecer começou a esfregar-se na janela, no cabelo de Ofelia dormindo, e o seibo do jardim recortou-se impreciso, como um futuro que coalha em presente, endurece pouco a pouco, entra em sua forma diurna, aceita-a e a defende e a condena à luz da manhã."
[Cortázar - Os passos no rastro]

9.5.11

Coceirinha

Eu ando com uma coceirinha estranha, mais ou menos abaixo do diafragma, que me declama docemente:
- Tentar ser feliz é bom.

É bom.
É bom.
E eu tô com uma vontade de tentar...!

8.5.11

Êxtase, delírio, terror.

"Para chegar ao fundo do êxtase em cujo gozo nos perdemos, devemos sempre identificar seu limite imediato: o horror. Não só a dor dos outros ou a minha própria dor, se aproximando do momento em que o horror me inundará, podem permitir-me alcançar um estado de felicidade beirando o delírio, como também não existe nenhuma forma de repugnância em que eu não consiga discernir uma afinidade com o desejo. Isso não signifíca que o horror se confunda sempre com a atração, mas, se não consegue inibi-lo, destrui-lo, o horror fortalece o desejo. O perigo paralisa, mas, se não for excessivamente forte, pode excitar o desejo. Só alcançamos o êxtase na perspectiva — mesmo que longínqua — da morte, daquilo que nos destrói".
[Bataille - A história do olho] - via Eterno Retorno.

Isso tem tudo a ver com os estados frenéticos de euforia, êxtase e compulsão que acabam sempre me levando ao fundo do poço, cedo ou tarde. E que eu venho trabalhando na terapia há moooooito tempo. Começando a compreender melhor, só há pouco.

6.5.11

óin

nhó. coisa querida.

4.5.11

Olhos marejados, dilema diário.

Daí que eu recém acordei e minha cabeça já tá um turbilhão. Li uma reportagem sobre a vida de uma juíza de direito e cheguei à minha conclusão definitiva (comentário autoirônico, visto que não existem conclusões na minha vida, muito menos definitivas):

- Humm, chissà, chissà... humm.... já sei....a partir de hoje estabelecerei meu foco: vou me matar de estudar, vou fazer cursinho, e serei juíza... essa será minha meta a partir de hoje (ai que lindo, tenho uma meta! tenho um sonho! o meu sonho sempre foi ter um sonho!)! Será perfeito, salário inicial de mais de 17 mil, eu trabalharei dignamente e ainda terei tempo para me alimentar de cultura... 

(conclusão genial regada a cafeína, poderoooosa estimulante, que me deixa vidradona e alopradona por uns picos que duram... pouco mais de 10 minutos).

Uns 15 minutos depois, sei lá por que raios, peguei um livro de história da literatura brasileira, que fazia tempo que eu não estudava, e comecei a dar uma folheada despretensiosa. Meus olhos marejavam, fui invadida por uma serotonina fictícia, uma sensação de bem-estar imediata. Se é pq esse tema me remete à épocas gloriosas da minha vida, ou pq de uma forma ou outra eu o acabo associando a uma ideia idealizada de 'fuga' da minha realidade e do meu dia-a-dia chato, eu não sei. Mas, tiro e queda, fui tomada novamente pelo dilema perturbador: fico no Direito? luto pra ser uma juíza (na hipótese mais suntuosa, gloriosa, idealizada), ou tenho a coragem - ou covardia - de partir para uma graduação de Letras, correndo o risco de que tudo isso não passe de uma ilusão, um escapismo, e eu seja uma professora medíocre e frustrada, e ainda sem dinheiro para ir ao cinema, teatro, viajar, comprar meus livros, fazer meus cursos, tomar meus vinhos? Eu sei que a vida é uma só e não existe possibilidade de ensaio ou repetição, mas será que eu não merecia ao menos um indício, uma dica, um sinal, POR FAVOR?? 

hoje não tem bolo

Música do dia:

Hoje fui em um curso de História da Arte muito interessante... pretendo começar a frenquenta-lo todas as terças à noite. Um vinho e uns petiscos, depois, foram o fechamento perfeito. O fato é que milagres me esperam em toda a esquina - e eu sempre esqueço disso. Milagres, pra mim, podem se traduzir no sorriso de um desconhecido, em um gesto inesperado, em uma simples expressão de delicadeza. Lugar comum -OK-, mas muda o meu dia, interrompe o meu MQL, me salva do meu auto-engano, me lembra que existe um mundo lá fora, além dessa mente inquieta e obsessiva que me corrói, me suga, me deixa exausta.

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Agora tenho um endereço no Recanto das Letras, aqui.