3.5.09

Sobre pequenos preconceitos, mentes abertas, Divã e coisas afins


Logo que saio do cinema, adoro discutir sobre o filme que acabei de assistir, porquanto assim posso expor as opiniões e feelings que tive, e ouvir as da(s) outra(s) pessoa(s). Nesses momentos, geralmente, eu percebo que não fui apta a absorver com clareza ou a sentir com suficiente sensibilidade todas as mensagens que certos filmes são capazes de nos proporcionar. Especialmente se a minha companheira no programa é a minha mãe, que tem uma maneira de sentir e de se tocar com as informações recebidas (sejam filmes, livros, quadros, etc.) peculiarmente refinada, vale dizer, tem enormes sensibilidade e capacidade de percepção.

E assim eu e ela, este fim-de-semana, entre um gole de vinho e outro, conversávamos sobre um filme brasileiro o qual tínhamos acabado de ver – Divã, adaptação do livro homônimo da escritora gaúcha Martha Medeiros, a quem tenho grande admiração. O filme não é daqueles que a gente sai super sensibilizada, ou daqueles que nos provocam super epifanias e mudam nossa vida. Mas é um filme simples, leve, divertido, que se não nos atiça lágrimas, atiça risadas – das mais gostosas. Eu não tinha nada de muito profundo ou original a comentar sobre a obra, mas minha mãe, com suas naturais empatia e sensibilidade, acrescentou: “engraçado né, quando a gente se depara com dois extremos, temos a tendência a estigmatizar, julgar um dos dois, e a nos apegar ao outro”. Sábias palavras.

No caso em epígrafe, ela estava se referindo à personagem principal e sua melhor amiga, [ATENÇÃO, A PARTIR DAQUI O TEXTO CONTEM SPOILERS DO FILME “DIVÔ] as quais eram completamente diferentes: uma era super aberta, a outra mais bitolada ao seu mundinho; uma era aberta, arrojada, e a outra era conservadora, quase ortodoxa; uma achava que traição não era problema, a outra achava o fim do mundo; uma era super independente e achava que o seu marido não era ‘dela’, apenas fazia parte de sua vida (afinal, ‘gente não é dona de gente’), e a outra praticamente vivia para o marido, achando a infidelidade a coisa mais horrível do mundo.

Simplesmente lendo essas informações, você não tem tendência a julgar uma delas como sendo errada, e se apegar à outra? Eu, naturalmente, fazendo parte de uma geração nada careta, e me considerando, bem aberta, tive a tendência imediata de estigmatizar a amiga conservadora como mulherzinha/submissa/ultrapassada/coitada, e a comprar a causa da personagem principal, arrojada, moderna, ousada, espevitada, quase libertina. Já durante o próprio filme me dei conta de como havia sido ridícula (e de como eu não era tão mente aberta assim), e sim de que tudo é uma questão de contexto: a personagem moderna e arrojada estava feliz, sendo ela mesma, em seu contexto, da mesma forma que a amiga conservadora, casada, dona-de-casa, que vivia para o marido, era muito feliz e realizada em sua vida e suas ambições (por menores que essas possam parecer aos olhos de pessoas como eu, que pensam bem diferente). É uma questão de respeito e de contexto.

O bom do filme, e que me surpreendeu positivamente, foi justamente mostrar que não há posição certa ou errada: não teve uma das duas que se deu mal, não houve final moralizante: mostrou que ambas foram felizes com as ambições que perseguiram e com as idéias e concepções de vida que julgavam corretas.


OBS. NADA A VER: reflexão total realista da super diva MARILDA (de A Grande Família): “Homem é tudo igual, até quando é diferente”. Hahaha. Fato!
UPDATE:

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6 comentários:

Oscar Albrecht disse...

gostei (ou nao) do teu texto

Augusto Branco disse...

ô, minha princesa... obrigado por suas palavras. Vc é msm um doce!
E reitero que realmente gostei mt de ter encontrado o teu blog. Você não escreve apenas textos inteligentes com pontos de vista contudentes: você escreve com paixão! Dá pra sentir a energia fluindo, seja que tipo de energia for. Se você está encantada, a gente sente. Se está irritada, idem. Se está melancólica, tbm e... isso é coisa muito rara. Difícil encontrar quem consiga expressar-se assim. Só mesmo quem escreve com Paixão e Espírito consegue isso, e é por isso que fiquei teu fã.rs

Um grande beijo pra você, anjinho.

Tenha um lindo dia!

p.s: meu msn é augusto.branco@hotmail.com

Penso que será um prazer te conhecer.

felips disse...

ai, docinho de jabuticaba
escreveste um texto mto bem contextualizado, minha menininha
assim ó, ninfazinha do meu Tejo, tá supimpa, lindinhazinha.

ã... mas eu so mais old school, bem.
mulher moderna e infiel se trata no relho.

um beijo machista e troglodita
...e tá difícil de entende esse frances aqui

Lívia disse...

Primeiramente eu amay seu lay!! Amo pin ups FATO!!!
Visu novo????? Amay!!

Vc escreve super bem Gabi!! Fiquei encantada com os pontos que vc colocou!!

Estou pensando em assistir!!

super bjo

Zingara disse...

Ainda não vi. Mas a divulgação foi bem massificada e acabei coletando muitas informações. Portanto QUASE posso discutir os pontos do referido filme.

E verdade seja dita, às vezes APONTAMOS a vida do outro, sem entendermos que cada um SABE A DOÇURA de ser o que é!

Luana disse...

Acabei de ver o filme! Amei muiiito! É bem isso... não existem mapas certos, na verdade os mapas mudam a todo momento e o que verdadeiramente importa é ser feliz! Difícil um filme me provocar tantas emoções... é de chorar e rir em minutos de intervalo. Achei muito sentimental sem ser sentimentalóide... =)

beijoss flor! tu escreve MT! =*****