17.10.10

Vincere

 

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“Não saia poraí gritando a verdade. Há tempo de silenciar. Há tempo de ser ator.”

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12.10.10

sedução de macho

Macho acredita que seduz somente fora do casamento. Quando se fixa demoradamente numa jovem, quando pisca o olho a uma estranha, quando dá em cima de uma beldade, quando examina a bunda de uma gostosa. Confia que flertar e soltar idiretas são suficientes para garantir seu domínio territorial. Sua tese é parecer disponível, ainda que comprometido.

(...)
Carrego, portanto, a certeza de que o maior sedutor não é o malandro, não é o esperto, mas o monogâmico. O fiel. O que tem olhos apenas para a sua patroa.

(...)

Nada mais ofensivo e perigoso do que um homem amando sua esposa.
 
(Fabrício Carpinejar, O maior sedutor, em Mulher Perdigueira, p. 19 - via Significantes)

sociedade utilitarista

"This is a world where everybody’s gotta do something. Ya know, somebody laid down this rule that everybody’s gotta do something, they gotta be something. You know, a dentist, a glider pilot, a narc, a janitor, a preacher, all that . . . Sometimes I just get tired of thinking of all the things that I don’t wanna do. All the things that I don’t wanna be. Places I don’t wanna go, like India, like getting my teeth cleaned. Save the whale, all that, I don’t understand that . . ."


—Barfly, 1987

11.10.10

Saramago

Oculta consciência de não ser,
Ou de ser num estar que me transcende,
Numa rede de presenças e ausências,
Numa fuga para o ponto de partida:
Um perto que é tão longe, um longe aqui.
Uma ânsia de estar e de temer
A semente que de ser se surpreende,
As pedras que repetem as cadências
Da onda sempre nova e repetida
Que neste espaço curvo vem de ti.

(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição)

2.10.10

quase a Garota Interrompida

Daí que ontem em me deu um rompante cinematográfico e eu me peguei cortando os cabelos com raiva, muita raiva. Peguei uma tesoura grande do escritório do meu pai e me pus a picotar o cabelo todinho. Não foi uma atitude serena, pensada, feita com cuidado e muito menos com parcimônia. Eu fui picotando mesmo, blocos enormes, que se dissociavam violentamente de mim e caiam toscos e inertes no chão do meu quarto.

Depois disso eu nem tive aquele momento de depois, sabe? Aquele silêncio após o ato, silêncio reflexivo. Eu simplesmente voltei pra cadeira na frente do computador e fiquei compulsivamente dando f5 no Yahoo, no facebook; abrindo e fechando as janelas do word e do powerpoint com meus slides da pesquisa.

Claro que depois, bem depois, bem no fundo da noite, eu me pus a chorar baixinho, e aquela sensação horrível de solidão tomou conta até do meu dedinho do pé. Eu amassava minha tartaruga de pelúcia e derramava lágrimas de covardia nela.

E daí que hoje eu fui ajeitar a merda com o Kaká. Ele me chamou de "praticamente a garota interrompida". Disse pra eu ficar calma, pq esses rompantes acontecem nas melhores famílias. 

Eu disse pra ele dar vazão à criatividade dele e não é que ele me fez um corte muito louco? Nunca tive o cabelo tão curtinho e repicado, me dava um nervoso enquanto ele brincava com aquela tesoura. Eu comecei a suar na cadeira. Mas daí ele ficava acariciando meu ego, dizendo que eu não compactuo com a estética da mulher portoalegrense, que eu devia ter nascido na França, que eu tinha um ar blasé e desapegado que era tudonessavida. E que um corte desconstruído tinha tudo a ver com a maneira que eu me vestia. Então tá.

Resultado: voltei pra casa mais feliz, com um curtinho-quase-nouvelle-vague [haha] [minha irmã vai me matar] e com a certeza que com um empurrãozinho, eu consigo ser um pouco corajosa.

Mas o inverno continua crescendo aqui dentro desse corpo, é óbvio.

cansei

Cansei. O excesso de ausência é gritante.


Não quero mais ser a menina dos olhos de ng, não. Só dos meus próprios.

Vou seguir meu destino e regar minhas plantas.

Chega uma hora que o excesso de reticência deixa de ser charme pra virar só enrolation.

1.10.10

menina-dos-olhos wannabe

Você precisa de alguém que te dê segurança
Senão você dança, senão você dança.
Não nasci pra ser a putinha que o protagonista se diverte antes de encontrar a mocinha... Pelo menos não quando eu gosto do protagonista [senão até não me importaria... moralismo aqui não tá em questão].

Ah, só pra constar, eu posso até tentar fazer as vezes de mocinha, mas não sou mocinha típica, não. Sou estranha, bicho-do-mato, bizarra, pouco carismática e problemática demais para esse papel...

Clementine feellings

Mas... Queria ser a menina dos olhos dele, saca?

Acho que agora não dá mais.

Pingos nos is, please.