19.9.07

A mocinha

"Tão logo o viu, o coração a palpitar, desentendido, a julgar pela primazia dos gestos – ah, obséquio, sem eufemismos –a julgar pelos gestos abruptos, esdrúxulos, luxuriantes e de uma violenta malícia; os protestos às mãos que agiam com destreza, a procurar o desejado com demasiada lascívia. Inobstante, cabendo aqui dizer – por que não – paradoxalmente, gestos aqueles, que extravasavam o lascivo, beiravam o pueril. Como pode?, ah, ora, mas aquilo era pura malícia inocente (na tentativa malograda de transcender o inocente, deixando a meninice de lado).
Lábios inchados de pudor que se mordiscavam, carnívoros; a inocência da menina que era como muralha, atravancando os esforços do menino que tanto sonhara com o momento sublime da conjugação carnal primeira. Com a turgidez repentina, a fúria de um animal que partia para cima da presa. Pudica, acanhada, ah, mas quanto medo sentia a criaturinha, frente àquele desavergonhado!; nem sequer o conhecia. De súbito: qual tua graça?, indagava ela, resignada, malsucedida na tentativa de travar prosa naquela hora tão inoportuna. O álcool dilatara as têmporas do menino, agora a mostrar-se sonolento. O sorriso angustiado de quem se despede para sempre, - tenho que ir -,e o menino despeitado, furioso por tudo aquilo que poderia se ter concretizado, muito embora fora tão efêmero..."


Primeira parte de um texto que eu escrevi em um tempo em que estava muito apaixonada e que lia muita Clarice Lispector. Haha. Na verdade é meio que a descrição exagerada do primeiro dia que beijei meu atual namorado. Isso faz...uns 4 anos? =)
Espero que tenham gostado do novo lay...com a glamourosa Audrey! Aquele meu último era muito feiosinho, coitado =/
Allora...andiamo a la salsa! (eu tenho aula de salsa agora, te mete).

Nenhum comentário: