Estresse total. Estou frenética! Mil coisas a fazer, probleminhas e problemões pendentes, coisas a resolver para minha viagem (que é daqui a menos de duas semanas), provas finais, mil páginas em chato e ininteligível jurisdiquês para desvendar... ninguém merece.
Aliado a isso, sentimento de que eu sigo o rebanho. Ou seja, de mediocridade. E outros campos da vida à mil... passado vindo à tona, futuro se metendo no passado, presente intenso... Não sei onde tanta coisa junta vai parar. Não sei se tanta coisa junta assim é bom sinal. Não sei. Ahhhhhhh.
Não me encontro em condições de pensar na vida nesse momento, pq tudo está fora do lugar, a poeira está nas minhas narinas, nos meus olhos, e eu não consigo enxergar nada com nitidez. Não, Gabriela, nada de refletir sobre a vida. Vamos ver onde toda essa mistureba vai me levar.
29.6.08
28.6.08
sem imagens ou palavras próprias
"Por muito tempo achei que a ausência é falta.E lastimava, ignorante, a falta.Hoje não a lastimo.Não há falta na ausência.A ausência é um estar em mim.E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,que rio e danço e invento exclamações alegres,porque a ausência assimilada,ninguém a rouba mais de mim."
Imagem: Morning Sun, de Hopper.
20.6.08
Das sociedades frustradas
E lá estava eu, olhando a chuva respingar a cidade pela janela, me deliciando com um cappuccino e divagando acerca de relacionamentos frustrados. Amores contrariados. Destinos descruzados. Essas coisas.
Sabe que no direito societário, uma das causas da dissolução total da sociedade é o exaurimento do objeto social. Ou seja, uma vez esgotado o objeto de determinada sociedade, vale dizer, esgotada sua razão de ser, não há mais razão para continuar a pessoa jurídica.
E eu cá pensando... fazendo uma analogia (meio tosca, é claro) entre a sociedade e o ser humano. Quando entramos em um relacionamento pra valer, mergulhando de ponta e tudo, chutando pra longe a razão e a lógica, acabamos promovendo o ser amado para o centro das atenções e centro das prioridades das nossas vidas. Ou seja, transformamos o imbecil do nosso amor em objeto vital da nossa existência, em nossa razão de ser, em nosso objeto social (isso claro considerando que todas as pessoas do mundo são intensas, passionais e irracionais como eu...).
No momento em que o objeto social é exaurido, ou seja, que chutamos ou somos chutados pelo amor das nossas vidas, não há mais razão para continuar a pessoa física. Assim, de repente, não mais que de repente, se esgota a nossa razão de ser.
Se fôssemos uma sociedade, iríamos à falência total. Acabaríamos. De vez. Algumas pessoas, como o jovem Werther, também.
Daí eu me pergunto: como eu fui capaz de sobreviver a essa dor? Como nós somos capazes? Cãrã, nós somos muito fortes, implacáveis. A gente fica com o nada dentro de nós e ainda assim conseguimos transformar o nada em razão de viver, conseguimos nos reerguer e buscar novos objetivos. Claro, isso com uma ajudinha do senhor Tempo. Velho sábio. Senhor de respeito.
Mesmo assim, a gente não consegue transformar todo o enorme pedaço de nada em razão de viver. Algum pedacinho sempre fica. E esse pedacinho se chama vazio. Quem sabe um novo amor, ou uma nova possibilidade de amor, não pode nos ajudar nesse aspecto?
A essa altura meu cappuccino já está frio, e a chuva mais esparsa. Mas ela continua a molhar.
Sabe que no direito societário, uma das causas da dissolução total da sociedade é o exaurimento do objeto social. Ou seja, uma vez esgotado o objeto de determinada sociedade, vale dizer, esgotada sua razão de ser, não há mais razão para continuar a pessoa jurídica.
E eu cá pensando... fazendo uma analogia (meio tosca, é claro) entre a sociedade e o ser humano. Quando entramos em um relacionamento pra valer, mergulhando de ponta e tudo, chutando pra longe a razão e a lógica, acabamos promovendo o ser amado para o centro das atenções e centro das prioridades das nossas vidas. Ou seja, transformamos o imbecil do nosso amor em objeto vital da nossa existência, em nossa razão de ser, em nosso objeto social (isso claro considerando que todas as pessoas do mundo são intensas, passionais e irracionais como eu...).
No momento em que o objeto social é exaurido, ou seja, que chutamos ou somos chutados pelo amor das nossas vidas, não há mais razão para continuar a pessoa física. Assim, de repente, não mais que de repente, se esgota a nossa razão de ser.
Se fôssemos uma sociedade, iríamos à falência total. Acabaríamos. De vez. Algumas pessoas, como o jovem Werther, também.
Daí eu me pergunto: como eu fui capaz de sobreviver a essa dor? Como nós somos capazes? Cãrã, nós somos muito fortes, implacáveis. A gente fica com o nada dentro de nós e ainda assim conseguimos transformar o nada em razão de viver, conseguimos nos reerguer e buscar novos objetivos. Claro, isso com uma ajudinha do senhor Tempo. Velho sábio. Senhor de respeito.
Mesmo assim, a gente não consegue transformar todo o enorme pedaço de nada em razão de viver. Algum pedacinho sempre fica. E esse pedacinho se chama vazio. Quem sabe um novo amor, ou uma nova possibilidade de amor, não pode nos ajudar nesse aspecto?
A essa altura meu cappuccino já está frio, e a chuva mais esparsa. Mas ela continua a molhar.
16.6.08
Libertemo-nos
“Todos os caminhos conduzem ao mesmo objetivo: comunicar aos outros o que somos. Devemos atravessar a solidão e a dificuldade, o isolamento e o silêncio, a fim de chegar ao local encantado onde podemos dançar nossa dança desajeitada e cantar nossa canção Melancólica - mas nessa dança ou nessa canção são cumpridos os ritos mais antigos de nossa consciência, na percepção de sermos humanos e de crermos em um destino comum.” (Pablo Neruda)
Ultrapassar as barreiras imaginárias (e ao mesmo tempo inimagináveis) do “alter”, imergir num universo complexo e amplo que não é nosso, e buscar identificação: essa é nossa maior missão nessa vida. Quebramos a cabeça tentando entender o porquê de estarmos aqui, quem somos nós e pra onde iremos… essas respostas encontramos uns nos outros, na comunicação, na identidade de nós mesmos contida no próximo.Vida é alteridade: é reconhecer o outro como diferente de mim, e ainda assim me reconhecer nele. É rompendo as bolhas de outrem (e lutando para livrarmos-nos de nossas bolhas), desfazendo a visão preconceituosa de que os olhos dos outros são nossas prisões, superando a tendência ao isolamento e tendo coragem de mostrar quem somos (”dançando nossa dança desajeitada e cantando nossa canção melancólica”) que atingiremos a eudaimonia, a felicidade, o real sentido da vida…Libertemo-nos!
5.6.08
o brilho nos olhos de quem VIVE
Durante uma aula de Civil com uma ilustre professora, esta assinala, em meio ao conteúdo do fortuito interno: “o risco é a contrapartida dos lucros”. No contexto do direito das obrigações, essa frase se refere ao risco que as empresas assumem ao exercer certas atividades (por exemplo, um banco assume o risco de ser fonte de cobiça para os ladrões). Entretanto, como todas as disciplinas do direito, essa comporta a possibilidade de transcendência para outros âmbitos. E é disso que se trata esse post. Das reflexões que a frase dita pela minha professora me ocasionaram.
Aqui cabe uma bela passagem de Morris West:
"Custa tanto ser uma pessoa plena, que são poucas aquelas que têm a luz e a coragem de pagar o preço... é melhor tentar e falhar que preocupar-se e ver a vida passar. É preciso abandonar por completo a busca da segurança e correr o risco de viver. É preciso abraçar o mundo como a um amante. É preciso cortejar a dúvida e a escuridão como preço do conhecimento. É preciso ter uma vontade obstinada no conflito, mas também na capacidade de aceitação total de cada conseqüência de viver e do morrer."
A capacidade de mudar, de enfrentar o desconhecido, de dizer não à comodidade, de transgredir... Essas coisas envolvem coragem, e implicam a exposição a riscos. Sem esses riscos, não encontraremos os verdadeiros lucros de viver. De viver de verdade. De sentir o sangue quente correndo pelas veias.
Custou para eu admitir que sou uma menina que fugiu com o circo. Sou impulsiva, inconstante, intensa, desbocada. Aceitar-me assim, enquanto vivo em um meio que preza o agir consoante o cuidado do bonus pater familias (bom pai de família), o falar polido, a discrição e a pose, foi difícil.
Hoje, me aceitando e tendo orgulho do meu modo de viver, olho em volta e vejo pessoas contidas... que se apegam a coisas, a rotinas, a pessoas, demasiadamente... sem coragem de jogar fora as tralhas que não constroem mais. Essas pessoas não têm o brilho dos olhos de quem vive... apenas carregam o fardo de existir.
Aqui cabe uma bela passagem de Morris West:
"Custa tanto ser uma pessoa plena, que são poucas aquelas que têm a luz e a coragem de pagar o preço... é melhor tentar e falhar que preocupar-se e ver a vida passar. É preciso abandonar por completo a busca da segurança e correr o risco de viver. É preciso abraçar o mundo como a um amante. É preciso cortejar a dúvida e a escuridão como preço do conhecimento. É preciso ter uma vontade obstinada no conflito, mas também na capacidade de aceitação total de cada conseqüência de viver e do morrer."
A capacidade de mudar, de enfrentar o desconhecido, de dizer não à comodidade, de transgredir... Essas coisas envolvem coragem, e implicam a exposição a riscos. Sem esses riscos, não encontraremos os verdadeiros lucros de viver. De viver de verdade. De sentir o sangue quente correndo pelas veias.
Custou para eu admitir que sou uma menina que fugiu com o circo. Sou impulsiva, inconstante, intensa, desbocada. Aceitar-me assim, enquanto vivo em um meio que preza o agir consoante o cuidado do bonus pater familias (bom pai de família), o falar polido, a discrição e a pose, foi difícil.
Hoje, me aceitando e tendo orgulho do meu modo de viver, olho em volta e vejo pessoas contidas... que se apegam a coisas, a rotinas, a pessoas, demasiadamente... sem coragem de jogar fora as tralhas que não constroem mais. Essas pessoas não têm o brilho dos olhos de quem vive... apenas carregam o fardo de existir.
4.6.08
Toda mulher é meio Leila Diniz?
Leila Diniz nasceu em 1945 e balançou todos os estereótipos morais vigentes. Ela nunca se casou oficialmente, desfilou na beira da praia com um barrigão de grávida e tinha atitudes ousadas (como pedir cachaça no balcão do bar), tornando-se o maior símbolo da revolução sexual no Brasil nos 60’s. Imortalizada na voz de Rita Lee, o verso “Toda Mulher é meio Leila Diniz” bem como uma reportagem muito interessante que li no jornal local me incitaram reflexões nesta semana da mulher.
A tradição milenar arraigada no inconsciente coletivo é de mulheres cuja maior aspiração de vida consiste no casamento, nas lidas domésticas e nos filhos gordinhos, saudáveis e rosados. Há 40 anos, desde o surgimento da pílula anticoncepcional, a situação paulatinamente se modifica. O sexo agora pode ser por prazer e pode ser antes do casamento; a mulher migrou para o mercado de trabalho, ganhando seu próprio dinheiro.
Mas será que estamos chegando perto de ser meio Leila Diniz? Me parece que não. Acumulando tantos afazeres, e mulher sente-se na obrigação de ser perfeita e bem sucedida em tudo: na educação dos filhos, no casamento, no trabalho - bem como de manter uma maquiagem, um cabelo e um corpo impecáveis (sem estrias e tampouco celulite, é claro). Isso tudo sobre um salto de 10cm e sem perder a pose.
A pergunta é: será que isso é ser livre e independente? Leila Diniz, dizem os amigos que deixou (aos 27 anos, devido a um acidente de avião), não se preocupava em seguir padrões e tampouco em ser “diferente e revolucionária”. Ela era simplesmente Leila. Desfilou o barriga nas areias de Ipanema tão somente porque o médico disse que sol era bom para o bebê.
Como podemos nos obrigar a ser perfeitas em tarefas que foram ocupadas milenarmente pelo sexo oposto? Tentamos ser espetaculares em tudo, do escritório à cozinha, do quarto do marido ao quarto do bebê, como se ainda tivéssemos que provar nosso valor, como se tivessemos que provar pra não-sei-quem que somos perfeitas e indispensáveis. Por favor, vamos tentar viver com menos culpa. Ser livre não é ser perfeita em tudo. Sejamos mais espontâneas, reiventando nosso jeito de viver nessa nova sociedade de novas mentalidades, mas que ainda é deveras recente.
3.6.08
Invasão
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