16.11.09

Digressões introdutórias e a "aleatoriedade" dos laços humanos

Eu to realmente deixando esse espaço cada vez mais abandonado, o que me entristece... mas é que eu ando fazendo tanta, mas TANTA coisa nessa vida, indo a tantos lugares inusitados, conhecendo tantas pessoas novas, fazendo tantas atividades legais e que me envolvem tanto (e repetindo de uma maneira irritante a palavra "tanto" e suas flexões...), que eu simplesmente não tenho tempo de sentar na frente do PC e escrever um post - quando eu ligo um computador é para digitar aulas, para digitar meus pareceres do trabalho ou para responder e-mails / entrar em redes sociais. Eu só não abandono completamente isso aqui, primeiramente pq gosto, e segundo pq, através das estatísticas do contador, vejo que há pessoas que lêem as aleatoriedades que eu escrevo, e algumas ainda comentam, o que me deixa muito feliz!
Bom, chega de digressões introdutórias inúteis... agora vamos proceder às digressões inúteis, tão-somente... haha. Eu tenho dois pontos a expor. Primeiro: eu estava pensando, provocada especialmente após assistir a um filme (do qual não lembro o nome, mas depois descubro e coloco aqui), a respeito da impressionante aleatoriedade dos laços humanos. Deixa eu ver se me faço entender. Isto se aplica tanto a amizades quanto amores: a gente conhece uma pessoa, meio sem querer, em virtude de certas circunstâncias (também aleatórias), e, sem ter motivo, ou por algum motivo ridículo/fútil, como a meneira que aquela pessoa sorri, ou o jeito dela contar uma piada, nos vemos envolvidos com ela. E seguimos naquele envolvimento, mesmo que os motivos não continuem a aparecer... às vezes por hábito, ou por conveniência, ou por acreditar de verdade que o que nos uniu àquela pessoa é o destino.
Por exemplo, na faculdade, desde o início, desde as primeiras festas, meio por acaso um grupinho se formou... não lembro bem porque. A gente nem se conhecia direito, mas formamos um certo grupo para passar os intervalos, ou ficar junto nas festas. E essa tchurma foi ficando, foi ficando... umas três ou quatro pessoas desse grupo eu realmente me identifico e viraram meus grandes amigos. Com o restante, eu não tenho nada a ver. Não concordo com a maioria das opiniões e pontos de vista, assim como divirjo em todas as discussões. Mas o grupo continua ali, meio por hábito. Chega no intervalo, aquelas pessoas aparecem ali. E só fui me dar conta desse hábito ao qual eu estava presa há pouco tempo, quando resolvi não cortar relações com o grupo, óbvio, mas circular, sair daquela prisão um pouco, e conhecer novas pessoas... me arriscar. Digo me arriscar pq todos já tem suas "panelas" consolidadas, bem como suas opiniões em relação a outrem, mesmo sem conhecer esse "outrem". É normal... rolam fofocas, o povo fala bem, ou fala mal... e a gente, bem ou mal, vira e mexe, é vítima de alguma fofoca. Daí se protege em um grupo, como eu me protegia no meu. Mas quando me dei conta dessa aleatoriedade, e de como eu posso ter a ver com muita gente com a qual nunca conversei e nem sei da existência, ou com a qual eu conversei com certo preconceito, por ser de uma "tribo" (odeio essa palavra) diferente, resolvi circular mais poraí, conhecer novas pessoas e lugares.
O mesmo se dá em relação a amores. No filme que eu vi, uma mulher comenta que se apaixonou por seu ex-marido em razão da maneira que ele contava uma piada... Ficou cega para o machismo dele, e para as diferenças entre os dois. Mas eles foram ficando, e ficando... e tiveram um filho. Depois de um monte de sacanagens dele e de um monte de absurdos que ela ouvia todo dia, ela 'acordou' e resolveu sair de casa. Eu acho que esse é um dos motivos de a gente às vezes ficar preso a uma pessoa, estar infeliz e não saber direito o porque. É a força do hábito, junto com o medo do novo, e às vezes unido a uma crença de que o "destino" nos uniu. Não, não é destino... é apenas a aleatoriedade.
Eu tinha um outro ponto a expor, que anda martelando horrores na minha cabeça de uma meneira inconformista. Mas já escrevi demais. Fica pra próxima.
Ah, sobre o "encontro importante" para o meu futuro de pesquisadora sobre o qual falei no post passado, foi tudo um sucesso.... eu tive ótimos conselhos, e agora fui selecionada para o grupo de pesquisa da faculdade que eu mais queria! Estou muito feliz.
Um beijão!

18.10.09

Mais notas aleatórias.

Glamurosas do funk com tatuagem de Monique Evans não me despertam nenhum interesse... não tenho a mínima vontade de interagir. O mesmo é válido para equivalentes masculinos.
Talvez eu esteja indo nos lugares errados. Com as pessoas erradas.
Não conheço ninguém que queira ir na Bienal comigo. NIN-GUÉM. Nem que seja para se divertir com algumas obras sem pé nem cabeça, tentar adivinhar o sentido de outras e observar o sol se pondo no Guaíba. Não, ninguém do meu círculo acha esse programa atrativo.
Sobre a continuação da minha história, aquela em que era-uma-vez-uma-menina-em-2006-que-tinha-um-namorado-e-que-estava-estudando-pra-passar-no-vestibular, well, a menina passou no vestibular, a cena em câmera lenta com o fundo musical do The Verve não ocorreu, nem tampouco o final feliz com o namoradinho.
Não consigo me divertir em festas atualmente. Não adianta. A música não me anima, e o tipo de guri que me circunda é exclusivamente BABACA way of life: ficam falando gracinhas nojentas, tentando provocar contato físico forçado e ainda achando que fazem super sucesso, dando risinhos malandros para seus amigos. ÉCA.
Sobre Platão, seu Banquete e sua teoria de metades da laranja, fica pra outra hora.
Hoje denoite tenho um encontro importante, para o meu futuro profissional, mais especificamente de pesquisadora. Torçam por mim.
Um beijo.

12.10.09

Voltei! (Assuntos Aleatórios)

Oi, mundo! Fazia tanto tempo que eu sequer logava no Blogger. Engraçado, sou meio de fixações momentâneas... se há uns 4 meses eu era viciada em blogs e pensava em mil assuntos para compartilhar aqui, durante esses últimos tempos eu nem lembrava que tinha um blog. Falta de tempo contribuiu pra esse desligamento também.

Mas aquele "amor entregue à madrugada" estava me deprimindo... chega d'ele ficar em primeiro plano, d'ele ser o primeiro post que aparece quando se olha pra este blog. Xô, sai pra lá. (Não que eu vá te apagar, sabe como é, "haja hoje para tanto ontem", mas o hoje vai cada vez acontecendo mais e deixando o ontem pra trás, é inexorável.) Marcha lenta, como vocês podem ver... mas vida real não é filme, tampouco Platão (em outro post eu explico essa do Platão)

Haha, eu tinha esquecido como era discorrer no papel (na tela do pc, ok) acerca de assuntos não jurídicos. Sem aquele jurisdiquês que a gente se acostuma.

Hoje eu assisti Psicose. Depois Mamma Mia - o filme. Depois novela. Quando eu comecei a assistir a um filme da Xuxa, algo como Xuxa - as gêmeas, comecei a refletir até onde uma pessoa pode chegar para não estudar, haha. Daí me dei conta da procrastinação decadente em que eu estava submergindo, e.... vim para o computador, e resolvi ressucitar o blog! Entenderam a lógica? A gente faz tudo, a gente arruma nossa vida, a gente assiste a filmes da Xuxa, mas a gente não estuda pra prova que tem quarta-feira, de Direito Internacional Público, quilos de matéria, toneladas de folhas por ler. Sério, eu queria taaaanto ser mais focada. Alguém tem uma Ritalina? =)

Tá, chega de divagar sobre assuntos aleatórios. Voltei, é isso que importa. Espero ter tempo para voltar a ler os blogs que tanto gosto. Um beijo.

Observação Aleatória: 2006 foi um dos melhores anos da minha vida. 2007 foi a pior catástrofe. 2008 foi revelador e extremamente feliz. 2009 tá sendo uma bosta. Nunca me senti tão frágil. Lalalá.

Observação Aleatória II: 2006 era o ano que eu estava estudando para entrar na UFRGS. Eu tinha um namorado, eu era sonhadora. Eu ficava ouvindo meu mp3, apertando os fones ao encontro dos tímpanos, bem forte, e eu ouvia aquela música famosa do The Verve, 'Bittersweet alguma coisa', e imaginava a cena, em câmera lenta, de eu encontrando meu nome no listão e indo abraçar meu namorado. A partir daí minha vida seria perfeita. Depois eu conto o final da história.

10.8.09

Amor entregue à madrugada - Postagem Temática.

Eu não necessito que você me procure, desde que eu saiba que você se lembra de mim todo dia, com ternura e nostalgia. Desde que você pense em mim quando percorrer as linhas daquela poesia [que você sabe qual é], molhando com lágrimas tenras e resignadas as páginas que tantas vezes folheamos juntos.

Eu não preciso saber de você, eu só preciso que você ria daquele jeito gostoso, colocando a mão direita na barriga, quando lembrar nossas histórias engraçadas. E que a saudade doa no seu peito depois disso, feito ressaca.

Eu suporto que você não escreva cartas pra mim, desde que leia as que eu te fiz, guarde numa caixinha colorida dentro do seu coração e depois lamente pelas cartas que nunca serão escritas, pelos braços que não serão entrelaçados, pelos beijos que nunca serão. Eu preciso que você ouça aquela música e seu peito aperte, seu rosto feche, e você seja obrigado a disfarçar na frente de sua nova mulher.

Eu não preciso que você me ligue, eu só quero que você pense em mim toda noite, antes de dormir. E nos encontraremos em nossos sonhos, continuando a história que nosso destino interrompeu. Traçando com amor em nosso mundo onírico o caminho descruzado, o caminho que não pode ser.

***

5.8.09

Ausência...

...Nunca vi nada tão gritantemente presente.


***


2.8.09

Máscaras nossas de cada dia - Postagem Temática


Máscaras...difícil dissociá-las do aspecto negativo e pejorativo o qual a opinião popular insiste em colar nelas feito carrapato, do tipo “as máscaras sempre caem”, ou “um lobo mascarado de cordeiro”, enfim. Esquece-se a maioria de que existem as máscaras que usamos em nosso dia-a-dia, e as quais usamos tanto que nem paramos para analisar, colocar a mão na consciência e se dar conta de que se tratam de máscaras. O hábito, o costume reiterado, nos faz perder a consciência e tão-somente repetir um padrão.
Pois todos nós usamos máscaras, as máscaras em largo senso: uns em maior, outros em menos grau e intensidade. Máscara, no sentido em que estou propondo, é aquele teatrinho do dia-a-dia, é o sorrisinho amarelo, a conversa pré-pronta, a mentirinha "branca". Máscaras são necessárias: precisamos delas todos os dias. Temos muitos papéis a desempenhar, e as máscaras são as garantidoras do nosso sucesso no emprego das múltiplas dimensões humanas que o mundo moderno exige. Às vezes dizemos coisas menos por realmente pensarmos aquilo do que por o achar "legal" e adequado. É inevitável: temos diversas faces, que são empregadas diferentemente de acordo com a circunstância e o tipo de relação que se apresenta.
Nessa esteira, não acho que máscara seja algo que devamos nos desvencilhar ou tentar viver sem. Certas pessoas podem julgar o que falo extremamente reprovável, mas creio que a maioria estaria sendo hipócrita se afirmasse que somos exatamente os mesmos em todas as situações e circunstâncias da vida: sou o mesmo em casa quando estou sozinho, sou o mesmo em um bar com meus amigos, sou o mesmo no trabalho, sou sempre o mesmo. Máscara é, mas do que um enquadramento social, uma estratégia de sobrevivência.

Outro dia eu discorro sobre o lado mais sombrio das máscaras: aquele em que as utilizamos como proteção, para mascarar dores, frustrações e fraquezas pessoais - muito embora nem nesse aspecto eu concorde que devamos nos desvencilhar, em todos os casos, das máscaras, ou que seu uso seja sempre reprovável.


PS: Esse texto foi feito correndo e sob pressão do editor, Rafael, visto que o prazo é só até amanhã! Hehe, brincadeira Rafa, apenas não estou acostumada a ter prazo para escrever, embora tenha adorado a experiência e a ideia dos Blogs Sincronizados. Espero que o projeto tenha vida longa! Um beijo a todos.

31.7.09

Tô indo aí pra me buscar [2]

Ao som de Pink Floyd, Dark Side of the Moon (the entire album!), flutuando em alguma órbita desconhecida.

Sem dúvida ando em hiato criativo, mas não pq minha vida não esteja uma bagunça digna de novelas mexicanas e contos fantásticos de Guy de Maupassant (…peraí que eu tô naquela parte da música em que a mulher dá uns gritos efusivos, eu preciso parar tudo, fechar os olhos e curtir essa loucura).

Pra falar bem a verdade, minha vida está mais novelística do que jamais esteve. Mais intensa e cheia de acontecimentos do que nunca dantes! Isso não significa que eu não me sinta vazia, mas pelo menos meu copo anda bem cheio! (Trocadilho infame). Aos poucos eu vou me reencontrando, relembrando a pessoa que eu era antes. Conquanto eu tente fugir de complicações e envolvimentos (desapego desapego desapego), parece que eles vêm até mim. E como canta uma música do Garbage, que provavelmente foi escrita pra mim, “I’m only happy when it rains”; vale dizer, eu amo complicações. Eu não meço o perigo, eu me atiro, e eu me escraxo, óbvio.

No momento estou na fase pré-escraxo, curtindo a intensidade do mergulho. Totalmente inconsequente e sem noção. Ando mergulhada em beijos e em álcool, não sei qual deles é mais ardente. Cada vez constato o quando eu adoro extremos, e mesmo sabendo que eles são perigosos, eu não consigo ser mediana. Eu preciso estar sempre atravessando o limite e testando tudo. Bem coisa de adolescente.

Como se percebe ando bem entorpecida. Numa fase “topando tudo”, “vale tudo”, ansiando por transgredir. E dispenso os moralistinhas dizendo que isso é falsa felicidade, que é pra mascarar dores, e blablabla. Eu estou ótima assim, mesmo sabendo que uma hora vou ter que parar. Agora eu quero mesmo é adrenalina, é sentir o sangue quente pelas veias, é viver no meio de fumaça, álcool e beijos ardentes.

22.7.09

Post codificado sobre as tristezas minhas, mais minhas.


O problema é que não é só uma ferida. São mais. São todas.
As alegrias no momento são só as imediatas. Pq mediatamente, mediatamente tudo é breu, uma escuridão densa e impenetrável. Então me foco no espresso curto bem forte, que eu adoro; num pedaço de torta com uma rara boa companhia; nas páginas nuas de um bom livro que tenho pela frente; nos olhares tenros e compreensivos do meu gato, que adora dormir no meu colo; num instante de conversa que vale à pena. No mais, até os prazeres imediatos estão parcos, e eu me fecho na minha bolha, como sempre faço nessas horas. É o meu esconderijo mais meu.
Imagem: HelloLolla.com

14.7.09

Palavras que não são minhas

"E o que eu desejo para mim e para você é esquecimento.
Coisa estranha de se desejar, parece mais uma maldição – pois quem é tolo de querer perder a memória? Eu mesmo vivo falando sobre a felicidade que mora nas lembranças e até mesmo acho que não está errado dizer que somos o que lembramos. Por isso gosto de contar casos, que é um jeito de fazer amor, dar aos outros pedaços da minha vida que o tempo já matou e enterrou, mas que a maga memória faz ressuscitar. Aquilo que a memória amou fica eterno,
disse Adélia Prado, e eu não me canso de repetir. A memória é a presença da eternidade em mim. E é para isso que preciso dos deuses, para que eu nunca esqueça, para que o passado volte sempre…
Recordo as Confissões, de Santo Agostinho. Releio seu maravilhoso capítulo sobre a memória, a meditação mais lúcida e profunda jamais escrita sobre o assunto. Diz ele: Palácio maravilhoso, caverna misteriosa, dentro da memória estão presentes os céus, a terra e o mar… Dentro dela eu me encontro comigo mesmo… É nela que moram os segredos da vida e da morte… E andando pelos seus caminhos, o santo vai à procura do obscuro objeto da nostalgia que faz o seu coração doer, e que beleza alguma é capaz de curar. Ele entra na memória como amante que vai à procura da amada, perdida…
E venho eu e desejo a todos o esquecimento… É que, por vezes, é preciso esquecer para poder lembrar…
Pois a memória, como o próprio santo notou, é o estômago da mente…. Para ali vão as comidas mais variadas, umas saborosas e de digestão fácil, outras amargas e impossíveis de serem digeridas. Quando isso acontece, o corpo se contorce e enjoa, e coisa alguma é capaz de fazê-lo feliz. Até que o próprio corpo se aplica o remédio, vomita, e assim se livra da comida que o fazia sofrer.
Memória, estômago: há nela coisas que precisam ser vomitadas, para que corpo possa de novo se alegrar. Pois o esquecimento é a memória vomitando o que faz o corpo sofrer.
Por isso que Roland Barthes dizia que é preciso esquecer a fim de ficar sábio.
Por isso que Alberto Caeiro dizia que o que ele desejava era desaprender, raspar de sua pele a maneira de sentir que lhe haviam ensinado, para poder, de novo, sentir o gosto bom de si mesmo.
Somos como um navio em que os detritos do mar vão se grudando, em meio ao muito navegar.
De tempos em tempos é preciso que o casco seja raspado, para voltar de novo a deslizar suave pelas águas.
Os detritos da memória depositam-se em nossos olhos, transformam-se numa nuvem leitosa, opaca, catarata, e nos tornamos cegos para o mundo a nossa volta. O mundo inteiro, então, se transforma num monte de detritos.
É preciso esquecer para poder ver com clareza. É preciso esquecer para que os olhos possam ver a beleza.
As Sagradas Escrituras contam a saga da mulher de Ló. Deus permitiu que o casal fugisse das cidades amaldiçoadas de Sodoma e Gomorra sob a condição de que não olhassem para trás, enquanto o fogo do céu as consumia. A mulher não resistiu à curiosidade, olhou para trás, e foi transformada em estátua de sal. Quem fica com os olhos fixados no passado se torna incapaz de ver o presente. E quem não tem olhos para o presente está morto.
Esquecer. Ver com olhos de criança – sem memória.
Mas nem sei por que estou dizendo todas estas coisas para explicar o meu desejo de esquecimento, quando o que eu quero dizer já foi dito por Alberto Caeiro:
O essencial é saber ver/ uma aprendizagem de desaprender/ Saber ver sem estar a pensar/
Saber ver quando se vê/ Ver com o pasmo essencial que tem uma criança, ao nascer/ Sentirse nascido a cada momento/ para a eterna novidade do mundo…
É isso que desejo para você e para mim, no início de cada ano: esquecimento. Tomar um banho. Deixar a água correr pelo corpo… Sentir os detritos do passado se despregando, e entrando pelo ralo. Recuperar o corpo sem memória da criança, para ver o mundo como se fosse a primeira vez…"

(Rubem Alves)

13.7.09

Pro Lixo

O sentimento de perplexidade diante da efemeridade de tudo, e da falta de garantias para qualquer coisa nessa vida, pode alavancar duas posturas.
Primeira: Viver deprimido ou, no mínimo, cronicamente melancólico.
Segunda: o contrário, que é auto-explicativo.

E foi nos embalos da segunda perspectiva e do início das minhas férias que eu resolvi mudar a minha vida. A começar pelo meu quarto, que foi 2/3 pro lixo hoje (algumas coisas aproveitáveis foram para doação). Chega de tralha atravancando o meu caminho.

Pelo menos é um começo, né?

9.7.09

Sem explicação

Ainda estou chocada e abalada em razão de um fato muito triste ocorrido recentemente. A gente pensa, pensa, e só chega a uma conclusão: não existe explicação pra essas coisas. Deve haver algo maior por trás disso, e eu acredito realmente nisso. É a única coisa a que podemos nos agarrar, afinal. O destino não vitima pessoas por merecimento ou por qualquer motivo razoável; do contrário, até. Ele parece querer nos tirar os jovens e os bons, aqueles para quem a vida prometia grandes feitos e muita felicidade, e aqueles que muito tinham a dar para os outros. Eu me recuso a crer em coincidência ou em casualidade. Há algo maior e mais forte por trás, que reserva a todos o que lhes é devido, em sua devida hora.

Refletindo de modo mais amplo, cada vez mais chego à conclusão de que não podemos esperar “garantias” na vida. Não devemos, jamais, nos apoiar em pretensa “segurança” a qual cremos que algo/alguém nos proporcione. Aquilo de “você precisa de alguém que te dê segurança”, é balela. Nada é seguro. Não podemos esperar garantias na sorte, no amor, e muito menos na vida. Quando menos esperamos, e de onde menos podíamos imaginar, a nossa convicção se mostra residir em estruturas não tão seguras assim. O que nos resta fazer, por mais clichê que pareça, é aproveitar até a última gota as pessoas que amamos, a nossa juventude (mesmo que seja de espírito) e a nossa saúde, afinal, o amanhã é realmente uma incógnita. Juro pra você.

5.7.09

The Girl and The City, parte I.



Eu chegava na cidade nova. Continente novo. Sabia que os meus sonhos juvenis me aguardavam, assim como meus medos. Talvez mil amores, mil rancores também... Vai saber. Eu desvirginava as calçadas, as ruas, meio boquiaberta. Tudo era tão novo, e um dia viria a fazer parte do meu cotidiano, da minha paisagem clichê. Seria tão natural pra mim que meus passos iriam me coordenando, mecanicamente, e não meus olhos, como faziam agora, procurando nas placas de língua estrangeira algum sinal de que eu estava indo no rumo certo para o meu apê alugado. Os prédios nunca dantes vistos me engoliam, e aos seus lados jaziam, impassíveis, blasés em sua imponência intangível, os monumentos antigos que já presenciaram guerras, discursos históricos e assinaturas de tratados entre países. Eram eles que olhavam pra mim jogando em minha cara que sim, finalmente, eu estava Velho Continente, perdida e sozinha, com bagagens e pensamentos interrogativos sobre o futuro, mas também com a certeza de que um sonho de criança começava a ser realizado.
Fonte da Imagem: It's Nancy's New Blog

UPDATE: Ganhei esses dois carinhosos selinhos da Gaby. Obrigada, querida!

27.6.09

MICHAEL JACKSON: freak, mal-amado, carente e genial + As melhores


Como esperar que uma criança, que era obigada a estar brilhando nos palcos desde os 5 anos de idade, fosse normal? Frase parecida foi dita pelo próprio, na entrega de um Grammy que eu não lembro qual. Disse tudo. Querer que uma criança, crescida no contexto em que cresceu, fosse ‘normal’, é no mínimo exdrúxulo.

Comecei a entender um pouco mais sobre a vida desse homem (mulher? andrógino?) quando assisti o filme "Man in the Mirror: The Michael Jackson Story", algo como “O Homem no Espelho: a História de Michael Jackson”, no canal VH1, no final do ano passado quando estava em NY. Antes disso eu achava ele um total freak descontextualizado, que pulou do nada no cenário da música POP e uns metidos a entendidos diziam que se tratava de um fenômeno, uma lenda. Naturalmente, eu nasci em 1988 e, muito mais nova que ele, não acompanhei sua carreira (sua explosão precoce e sua derrocada) como minha mãe, por exemplo. Ao assistir o filme, comecei a entender um pouco a história dessa criatura, que aos 3 anos tinha como melhor amigo “Mr. Rat” (uma ratazana da casa em que a família, pobre, morava) e que sempre sofreu pressões horrendas e por parte da família. Se foi abusado pelo pai? Ninguém sabe, só boatos; mas é fato que sofria maus-tratos.

Documentários e relatos de amigos apontam para a extrema carência e baixa auto-estima de Michael. Amigos dizem que tudo o que ele queria era ser amado: todas as extravagâncias, bizarrices, cirurgias bizarras, enfim, toda essa necessidade de chamar atenção, que só resultava em auto-violência, era fruto de uma carência patológica. Ele não teve infância, não teve vida prórpia, nunca teve oportunidade de cristalizar uma personalidade e uma visão de mundo.

E nessa indefinição entre criança/adulto, homem/mulher, que permeou toda sua vida, desde a infância que nunca teve, só podia resultar em bizarrices to tipo “Neverland”. Se ele foi pedófilo? Não sabemos também. O fato é que sofreu duas acusações formais, sendo que a primeira, em 1993, foi resolvida em um acordo que pode ter envolvido mais de 20 milhões de dólares. Mas acho que a discussão vai muito além da pedofilia: é algo muito mais complexo. Ele mesmo não tinha certeza se era criança ou adulto, e tinha uma sexualidade anômala. Michael já deu declarações comentando que não via problema em dormir na mesma cama com crianças, apenas ‘as cobria e cantava uma musiquinha para que dormissem’. Isso pode parecer nojento, e é, mas vindo de quem se trata… Acredito que ele seja quase um inimputável, que realmente não tinha poder de dissernimento entre o certo e o reprovável. Não sei se ele chegou nas “vias de fato” da pedofilia, não acredito que ele tenha tido “tesão” por crianças. Acho que tudo é fato de um distúrbio sem precedentes de personalidade e de sexualidade.

Todos esses distúrbios supracitados refletiram-se também na forma bizarra com que tratava os filhos – Aliás, cá entre nós, alguém me explica como os filhos dele saíram mais branquinhos que leite?? – vestindo neles véus exdrúxulos que tapavam seus rostos, expondo eles do lado de fora de sacadas, etc. Vi um vídeo em que ele enfiava grotescamente mamadeira na boca de um dos filhos dele enquanto esse chorava compulsivamente, atrás de um véu preto horrendo.

O fato é que nunca poderemos compreender e explicar o bizarro Michael Jackson, mas que assim o era em função de todo um contexto mais bizarro ainda. Mas todas as esquisitisses não apagam ou reduzem, de forma alguma, sua genialidade. E agora ele se foi, deixando uma legião de fãs desamparados. O fato é, também, que aquele garotinho que cantavaBen não habitava mais naquele corpo alvo e deformado, fazia muito tempo. Ele não passava, em seus derradeiros anos, de uma figura infeliz, opaca e mal-amada. Enfim, I think he’s got enough.

* Post apressado e sem correções... mas estou sem tempo e realmente PRECISAVA escrever alguma coisa sobre ele.

Os melhores e mais marcantes, em minha opinião:



E Mais: “Ben”, “I’ll be there”, “Can you feel it”, “Don’t stop ‘till you get enough”, “Sugar Daddy”, “Man in the mirror”.

24.6.09

Polêmica...





Lindo, lindo, lindo! Um amor verdadeiramente genuíno e puro. A única coisa discutível aí, a meu ver, é o incesto. Mas para essa discussão esperarei até agosto, mês para o qual está prevista a estreia do filme.
To louca pra que chegue aos cinemas =)


UPDATE: Como assim Michael Jackson MORREU????

22.6.09

Rapidinhas não muito elaboradas

- Por que, meu Deus, os poemas de ônibus são todos tomados por palavras difíceis, as quais nem o mais intelectualóide dos poetas brasileiros seria capaz de conhecer? Pq essa ideia arraigada de que, para um texto ser bom, deve ser entupido de palavras complexas e difíceis? Cara, não é poraí.

- Dizem que o tal do Jesus Luz é cheio e esnobe, pq desfilou carrancudo pela SPFW. Há quem diga que é pura timidez. Jesus Luz, estou contigo! hehe. Eu sei muito bem o que é ser um tímido mal-compreendido.

- Às vezes a gente ganha, às vezes a gente perde. (Eu adoro clichês.) (Essa frase poderia ter sido dita pelo filósofo Pedro Bial, mas creio que seja mais antiga.)

- A vida vale à pena por isso:



Beijosnãometwittem, pq odeio Twitter, tá? Eu sou resistente.

18.6.09

Carisma: eu não tenho

grazi

Carisma: Eis uma característica que ou se tem, ou não tem. Quero dizer, não é algo que se desenvolva ao longo da vida, aprendendo, ou treinando. Ou a gente nasce com ou, sorry, vai arranjar outras maneiras de vencer na vida.

Tem quem ache que carisma é uma linguagem de expressão, uma técnica, algo a ser estudado e desenvolvido e especializado com muito treino e prática. Fulano de tal é “técnico” em carisma, já sicrano é ‘pós-doutorando’. O The Sims também acha. Tanto que os personagens treinam na frente do espelho e ganham “pontos de carisma”. Haha.  Interessante.

Mas não existe técnica ou tampouco “pontos” de carisma. Carisma está nos trejeitos, no timbre da voz, no sorriso fácil. Se eu vou treinar esses atributos na frente do espelho, eu vou virar uma farsa. Irei forçar a voz para ficar menos esganiçada (e de taquara rachada), irei fingir sorrisos e gesticular de modo antinatural a mim. Eu não vou mais ser eu.

Sim, isso mesmo, eu tenho consciência de que não sou lá uma pessoa muito carismática. Tampouco sei me comportar muito bem socialmente. Acho minha voz insuportável, rio de coisas que não deveria, não sorrio o tempo inteiro, às vezes falo alto de mais e não tenho o dom da empatia e de fazer todos à minha volta se sentires importantes.

A simpatia, essa a gente pode adquirir. Eu mesmo estou me forçando a cumprimentar mais as pessoas, sorrir pra elas, perguntar sobre como estão, se precisam de alguma coisa. Naturalmente eu sou mais fechada. Mas o carisma não se resume a isso. O carisma transcende a técnica, é algo inato, que nascemos com ou sem. Mas também não é o único modo de ganhar a vida, creio que seja um catalisador. Se você não o tem, como eu, não se desespere: apele para a sua inteligência, para sua perspicácia, para seu humor refinado, ou, você não tem nada de muito interessante, vá para uma academia e se concentre em virar o(a) gostosão(ona) do pedaço, sei lá.

30.5.09

O meu amor...., site, desculpas esfarrapadas.

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo, ri do meu umbigo
E me crava os dentes

Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que me deixa maluca, quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba mal feita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios, de me beijar os seios
Me beijar o ventre e me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo como se o meu corpo
Fosse a sua casa

Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz

(Composição do Chico que, pra variar, entende as mulheres como ninguém... quiçá como nem as próprias mulheres.)

Nesse friozinho e clima de Dia dos Namorados, vale muuuito dar uma passada no site da (do?) L'aqua di Fiori, que está com um 'hotsite' todo especial para o dia dos namorados, e o melhor, não apenas para casais, mas também para solteiros! - onde ir para se paparicar, festas, produtos para dar uma (ou um) de shoppaholic, além de ideias super legais! Nao, eu não ganho absolutamente nada para divulgar sites, eu tou indicando pq eu achei legal mesmo.

Eu estou muuuito longe de dar a atenção que eu gostaria para esse blog, mas eu realmente não tenho tempo, vivo estressada com a faculdade e nessas condições a produção criativa se torna praticamente impossível, principalmente pra mim, que faço isso por puro hobby. Daí ficar linkando sites alheios e textos alheios para compensar hehehe. 
Um beijão, que tenho festa hoje denoite (duas, aliás), e preciso agilizar a arrumação.

12.5.09

“Our love can do anything we want it to"

noteboock1

Young Noah: You're bored Allie. You're bored and you know it. You wouldn't be here if there wasn't something missing.
Young Allie: You arrogant son of a bitch.
Young Noah: Would you just stay with me?
Young Allie: Stay with you? What for? Look at us, we're already fightin'
Young Noah: Well that's what we do, we fight... You tell me when I am being an arrogant son of a bitch and I tell you when you are a pain in the ass. Which you are, 99% of the time. I'm not afraid to hurt your feelings. You have like a 2 second rebound rate, then you're back doing the next pain-in-the-ass thing.
Young Allie: So what?
Young Noah: So it's not gonna be easy. It's gonna be really hard. We're gonna have to work at this every day, but I want to do that because I want you. I want all of you, for ever, you and me, every day. Will you do something for me, please? Just picture your life for me? 30 years from now, 40 years from now? What's it look like? If it's with him, go. Go! I lost you once, I think I can do it again. If I thought that's what you really wanted. But don't you take the easy way out

[ quotes from The Notebook / Diálogo do filme The Notebook (não gosto do título em português, desvirtua a beleza do filme) ]

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- "The best love is the kind that awakens the soul and makes us reach for more, that plants a fire in our hearts and brings peace to our minds. And that's what you've given me. That's what I'd hoped to give you forever."

♥ Je t’adore ♥

3.5.09

Sobre pequenos preconceitos, mentes abertas, Divã e coisas afins


Logo que saio do cinema, adoro discutir sobre o filme que acabei de assistir, porquanto assim posso expor as opiniões e feelings que tive, e ouvir as da(s) outra(s) pessoa(s). Nesses momentos, geralmente, eu percebo que não fui apta a absorver com clareza ou a sentir com suficiente sensibilidade todas as mensagens que certos filmes são capazes de nos proporcionar. Especialmente se a minha companheira no programa é a minha mãe, que tem uma maneira de sentir e de se tocar com as informações recebidas (sejam filmes, livros, quadros, etc.) peculiarmente refinada, vale dizer, tem enormes sensibilidade e capacidade de percepção.

E assim eu e ela, este fim-de-semana, entre um gole de vinho e outro, conversávamos sobre um filme brasileiro o qual tínhamos acabado de ver – Divã, adaptação do livro homônimo da escritora gaúcha Martha Medeiros, a quem tenho grande admiração. O filme não é daqueles que a gente sai super sensibilizada, ou daqueles que nos provocam super epifanias e mudam nossa vida. Mas é um filme simples, leve, divertido, que se não nos atiça lágrimas, atiça risadas – das mais gostosas. Eu não tinha nada de muito profundo ou original a comentar sobre a obra, mas minha mãe, com suas naturais empatia e sensibilidade, acrescentou: “engraçado né, quando a gente se depara com dois extremos, temos a tendência a estigmatizar, julgar um dos dois, e a nos apegar ao outro”. Sábias palavras.

No caso em epígrafe, ela estava se referindo à personagem principal e sua melhor amiga, [ATENÇÃO, A PARTIR DAQUI O TEXTO CONTEM SPOILERS DO FILME “DIVÔ] as quais eram completamente diferentes: uma era super aberta, a outra mais bitolada ao seu mundinho; uma era aberta, arrojada, e a outra era conservadora, quase ortodoxa; uma achava que traição não era problema, a outra achava o fim do mundo; uma era super independente e achava que o seu marido não era ‘dela’, apenas fazia parte de sua vida (afinal, ‘gente não é dona de gente’), e a outra praticamente vivia para o marido, achando a infidelidade a coisa mais horrível do mundo.

Simplesmente lendo essas informações, você não tem tendência a julgar uma delas como sendo errada, e se apegar à outra? Eu, naturalmente, fazendo parte de uma geração nada careta, e me considerando, bem aberta, tive a tendência imediata de estigmatizar a amiga conservadora como mulherzinha/submissa/ultrapassada/coitada, e a comprar a causa da personagem principal, arrojada, moderna, ousada, espevitada, quase libertina. Já durante o próprio filme me dei conta de como havia sido ridícula (e de como eu não era tão mente aberta assim), e sim de que tudo é uma questão de contexto: a personagem moderna e arrojada estava feliz, sendo ela mesma, em seu contexto, da mesma forma que a amiga conservadora, casada, dona-de-casa, que vivia para o marido, era muito feliz e realizada em sua vida e suas ambições (por menores que essas possam parecer aos olhos de pessoas como eu, que pensam bem diferente). É uma questão de respeito e de contexto.

O bom do filme, e que me surpreendeu positivamente, foi justamente mostrar que não há posição certa ou errada: não teve uma das duas que se deu mal, não houve final moralizante: mostrou que ambas foram felizes com as ambições que perseguiram e com as idéias e concepções de vida que julgavam corretas.


OBS. NADA A VER: reflexão total realista da super diva MARILDA (de A Grande Família): “Homem é tudo igual, até quando é diferente”. Hahaha. Fato!
UPDATE:

Promoção "Os Delírios de Consumo de Becky Bloom" no Tutorial MakeUp! Corre pra participar =)

2.5.09

Um pouco de reflexão às vezes é 'bão'

Eu já estava com a tal da reflexão em processamento nos meus tico e teco de lôra, quando li neste blog a seguinte frase: "90 PEOPLE GET THE SWINE FLU AND EVERYBODY WANTS TO WEAR A MASK. A MILLION PEOPLE HAVE AIDS AND NO ONE WANTS TO WEAR A CONDOM" ("90 pessoas pegam a gripe suína e todo mundo quer vestir a máscara. Um milhão de pessoas tem AIDS e ninguém quer usar camisinha"). Simplesmente perfeita a analogia.

Mais cedo tinha conversado com meus pai à respeito, e ele ironizou: "é, todo mundo preocupado em se vacinar da gripe suína e da febre amarela, seriam mais sãos se quisessem se vacinar de 'acidente de trânsito'" (um mal que mata, dia após dia, muito mais gente do que gripe suína ou febre amarela, que é só o que se fala na mídia agora).

Reflexões que podem ser extraídas do que expus. Primeiramente, a volubilidade da mídia, "mídia líquida", bem como do povo, sem memória, que elege um assunto para ser o centro das atenções durante um certo período (geralmente um período bem curto, pois logo os holofotes se direcionarão para outro escândalo). Naturalmente, com exagero e sensacionalismo. Assim foi com o caso Isabela Nardoni, por exemplo, e assim está sendo com a gripe suína agora. Você abre qualquer jornal ou liga qualquer canal de TV, principalmente a Globo, e só se fala nisso: coberturas 24h , plantões jornalísticos, enfim, todo aparato possível e impossível, imaginável e inimaginável sobre o assunto elegido. O povo fica todo preocupado com isso, todos comentam, é o assunto de qualquer roda. Neste período em que certo assunto sensacionalisticamente está sob os holofotes, esquece-se o resto. Aquilo que era o assunto de ontem? Não lembro não... quero mesmo é saber da gripe suína, que horror, vamos fazer uma ONG sobre isso?

É uma alienação total, uma falta de memória, e uma falta de senso crítico também. Hello, você está está tão preocupado em vestir uma máscara fashion contra a gripe suína, esqueceu do casal Nardoni? Da Maddy? e o Mensalão, ainda lembra o que é isso? Enquanto isso, coisas muito mais graves seguem aí, aumentando em progressão geométrica, e ninguém faz nada. O único mal da humanidade é a gripe suína.

A gente quer vacina da gripe suína, a gente quer alguém nos dando remedinho na boca, nos dando agulinha com anti corpus, mas não tem competência pra usar camisinha quando vai transar e de não beber quando vai dirigir (lembra de AIDS e acidentes de trânsito? que matam diariamente muito mais do que a porra da gripe suína?). Quando a gente tem que estar no polo ativo, a gente não consegue, por mais simples que seja. E agora a gente chora com as criancinhas que morrem de gripe suína e fica vendo o dia inteiro Plantão da Globo sobre as pessoas usando máscaras no México? Ah, tenha dó.

1.5.09

A quem interessar possa... (Revogação total da Lei de Imprensa)

Passadinha rápida só pra uma notificação: a quem interessar possa (na verdade isso deveria interessar a todos os brasileiros, mas tudo bem), o Supremo, nessa quinta-feira, revogou totalmente a Lei de Imprensa, editada em 1967, quando o Brasil vivia sob a ditadura militar.
Bafão!!

Beijocas e até mais.

28.4.09

Happiness is only real when shared

A felicidade só é verdadeira quando compartilhada...




(Into the Wild (Na natureza selvagem)/ trilha sonora de Eddie Vedder)

22.4.09

Saudade é resto de amor


“Sentimento mais ou menos melancólico de incompletude, ligado pela memória a situações de privação da presença de alguém ou de algo, de afastamento de um lugar ou de uma coisa, ou à ausência de certas experiências e determinados prazeres já vividos e considerados pela pessoa em causa como um bem desejável.”

Sabe o que é isso?
É saudade (Houaiss).

Sempre nas entrevistas das celebridades, elas aludem à saudade quando perguntadas qual sua palavra preferida ou sentimento mais bonito. Porque a única língua que incorporou esse substantivo é a portuguesa, nas outras línguas só existe em forma de verbo ('miss', 'mancare', 'manquer', etc =“sentir falta”) e blábláblá.

Por incrível que pareça, comecei a pensar mais na ‘metafísica’ dessa palavra quando li desinteressadamente um pedaço de um texto publicado na revista Capricho, na verdade uma carta em que a menina em tela dizia que sentia falta do namorado, com o qual tinha acabado dias antes por não gostar mais, e não sabia se voltava com ele ou não.

Daí uma psicóloga contactada pela revista respondeu: “talvez você não ame ele, provavelmente seja só saudade”.

Daí comecei a me questionar. Sentir saudade significa necessariamente querer voltar ao tempo que é saudoso? Ou pode ser só um sentimento melancólico natural, uma vez que vicissitudes são inevitáveis e inerentes à vida, e sendo assim devemos dar vazão ao sentimento, para que um dia deixe de doer?

Qual a diferença entre saudade e nostalgia?

Segundo o mesmo Houaiss, Nostalgia é “saudades de algo, de um estado, de uma forma de existência que se deixou de ter; desejo de voltar ao passado”. Existe diferença entre saudade e nostalgia? Ou seriam a mesma coisa? Qual a diferença?

Encaminhando-se um pouco mais ao âmago da questão, vamos à etimologia da palavra saudade:
lat. solìtas,átis 'unidade, solidão, desamparo, retiro'; der. do lat. sólus,a,um 'só, solitário'.

Huum, então deriva de “solidão” e “desamparo”? Em qual medida desejamos de volta a coisa saudosa, e em qual medida apenas estamos nos sentindo solitários e melancólicos, e estando sensíveis e volúveis, confundimos nossos sentimentos? Qual o limear entre a real vontade de voltar ao passado e a simples melancolia natural e passageira? A partir de qual ponto posso considerar a dor da saudade insuportável a ponto de que a coisa certa a fazer seja retornar à coisa saudosa (se possível)?

Eu não sei essas respostas. Recorro aos dicionários e às músicas porque não sei ler e escutar meu próprio coração.

O tempo ajuda? Eu espero. Comofas?
Enquanto isso,exorcizo meus sentimentos através da escrita irrefreada.

A excelsa Maysa deixou sua dica: “saudade é resto de amor / de amor que não deu certo”.

"Tarot do Dia"

5 de Copas
Momento de encarar os fatos

O 5 de Copas é o seu arcano do aconselhamento nesta tiragem, Gabriela, e vem para lembrar deste momento como sendo importante para que você possa ver as coisas que você evitava ver. Chega de ilusões auto-impostas! Por mais dolorido que seja, é hora de identificar o que precisa ser mudado e parar de projetar expectativas excessivas nos outros, afinal isso não é justo nem com você, nem com os outros. Confronte-se com os fatos, ainda que uma parte sua evite tacitamente fazê-lo, por puro medo de sofrer. Lembre-se que sofremos mais ainda quando insistimos em histórias que não dão certo. A maior parte de nossos sofrimentos deriva de insistências tolas que fazemos, a despeito de todos os conselhos em contrário. Conselho: Só nos enganamos quando queremos. Acorde!

Nossa, o Personare me intimou. Medo.
Pior que ele tá com razão.

13.4.09

Perdoar



"Já perdoei erros quase imperdoáveis,tentei substituir pessoas insubstituíveis e
esquecer pessoas inesquecíveis." (Augusto Branco)

"Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras. Sou irritável e firo facilmente. Também sou muito calmo e perdôo logo. Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre." (Clarice Lispector)


"Os fracos jugam e condenam, porem os fortes perdoam e compreendem." (Agusto Curry)


Vi o tema perdão num blog que visito e, dadas certas circunstâncias da minha vida atual, achei que viria muito a calhar escrever sobre isso também.

Segundo a Wikipédia, perdão é "um processo mental ou espiritual de cessar o sentimento de ressentimento ou raiva contra outra pessoa, decorrente de uma ofensa percebida, diferença ou erro, ou cessar a exigência de castigo ou restituição."

Uma coisa é fato. Perdoar é difícil. E tão difícil quanto perdoar é nos permitirmos ouvir a pessoa a que punimos, assim como colocar-se em seu lugar. Muitas vezes estigmatizamos o(s) ato(s) o qual reprovamos em alguém de impordoável, rifamos a pessoa e com isso construímos uma parede intransponível entre o nosso eu ofendido e a pessoa a que estigmatizamos, juntamente com seus motivos e explicações.

Não permitindo que a pessoa se explique, que exponha seus motivos, e não nos permitindo a compreender essa pessoa, estamos também não nos permitindo a perdoar e a esquecer.

Porque se essa outra pessoa nos feriu tanto, é porque ela era importante para nós, por algum motivo que não é nem um pouco vão. Ela deve ter lá suas qualidades, e não ser apenas um todo podre e odiável que agora a pintamos.

Não, eu não estou escrevendo isso porque me encontro em uma situação de ofensora que implora pelo perdão. Eu quero aprender a compreender, e quero comprender também. Se é que o desamor é compreensível.

Ah, mudando de assunto, mais duas coisas:

1. Gaby, obrigada pelo selinho, posto aqui no próximo post!
2. Inaugurei meu blog jurídico, dêem uma olhada! --> http://www.desbitolando.wordpress.com/
Até :)

26.3.09

a "completude" da modernidade.

Modernidade líquida, laços líquidos. É a nossa necessidade de se amarrar bem forte, é a carência extrema, e ao mesmo tempo a necessidade de manter os laços frouxos, para podermos desamarrá-los sem dó: nunca se sabe, com o leque de opções infináveis e novidades a todo momento, sempre vai haver uma grama mais verdinha do que a gente tem em casa. E temos que proceder a troca sem sofrer, isso é importantíssimo. Essa é a nossa única preocupação.

"Eu quis te convencer, mas chega insistir
caberá ao nosso amor por o que há de vir
pode ser a eternidade má
caminho em frente pra sentir saudade"


21.3.09

hello darkness

Eu não vou negar, a dor já era velha conhecida. Mas assim de supetão? Agregada a um choque imenso? Leva tempo à ficha cair. E quando cai, fica a dor. Uma imensidão de dor. Se olha pra frente, pra trás, pro lado, pro outro, e só tem dor. Que não acaba mais.

Daí vem aquela sensação de estar sufocado e nunca mais poder sair daquele mar de dor. E ao mesmo tempo, de estar flutuando numa imensidão, leve, tão leve que é insustentável.

3.2.09

Prolixos, Devagares e Delongados Devaneios

Acho que o motivo de eu ter me ausentado por tanto tempo foi simples e auto-explicativo: eu estava vivendo. Da forma mais ativa que esse verbo pode tomar. Sem tempo para nada, apenas vivendo, sentindo, deleitando-me. Ah, e comprei uma pequena agenda para servir-me de diário, assim a ânsia de escrever sacia um pouco. Além do mais, num diário que apenas eu leio, escrevo coisas muito mais pessoais e comprometedoras, o que faz dele muito mais interessante do que um diário virtual. ..Até hoje, em que senti uma enorme falta de devanear por aqui.

Eu mudei de servidor, e por enquanto estou gostando, e apenas mudei porque o Sapo tem uma ferramenta que torna possível importar todo o conteúdo do meu antigo blog do Blogspot, incluíndo tags e comentários.

Eu estava pensando hoje, enquanto tentava desvendar os motivos do meu atual desânimo. E cheguei à conclusão de que para mim, o que mais dá paz é a sensação de que sei o que quero, pelo menos a curto/médio prazo. Mesmo não tendo "em mãos" o que eu sei que quero. Mas o fato de eu estar segura dos meus desejos, sabendo por que e pelo que devo 'lutar', isso é o que me dá mais paz. Eu prefiro muito mais essa situação do que a circunstância de ter "em mãos" o que eu quero, mas sem tanta certeza assim acerca do meu querer. Se eu tenho uma dúvida, uma duvidazinha só, tudo já desmorona, e eu fico a me remoer sem prazo definido.

Ansiosa pelo que me aguarda em Fevereiro. Tudo é uma incógnita.

Meu novo bebê, Bentinho, um gatinho tirado das ruas.